Resenha | Antes de Watchmen: Espectral
Muito se falou a respeito do prelúdio de Watchmen, graphic novel aclamada pelo público e pela crítica, escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, e que remodelou o universo dos quadrinhos dali para frente. Não é objeto desta resenha entrar nos méritos da editora sobre suas motivações (financeiras, logicamente) em voltar a essas personagens, muito menos compará-la com a série original, mas apenas analisá-la como uma história única.
Antes de Watchmen: Espectral foi o segundo volume da série publicada pela Panini, logo após a minissérie do Coruja, e traz o roteiro de Darwyn Cooke e Amanda Conner, arte de Amanda Conner e o excelente trabalho de colorização de Paul Mounts. A HQ traz um pouco do passado de Laurie Jupiter, sua relação com a mãe e muitas referências à HQ original e ao contexto histórico da época narrada.
Espectral não traz muitas diferenças em relação à HQ do Coruja: ambos se prestam a apresentar alguns dos personagens centrais da série original e o que as levou a se transformar naquelas figuras que conhecemos em Watchmen. Toda ação gera uma reação. Felizmente, a ação gerada nessa minissérie é muito melhor estabelecida do quem em Coruja.
A conexão com a história original é muito bem feita, detalhando toda a relação de Laurie com sua mãe, algo abordado anteriormente e esmiuçado aqui. As referências a Watchmen se dão de forma direta ou indireta, como através de objetos espalhados pela trama, como os quadrinhos eróticos da Espectral original, os buttons do Smile e o globo de neve. As referências históricas são representadas pela criação do LSD, o clima psicodélico dos anos 60, o rock and roll, manifestações políticas e sociais, e claro, a liberdade sexual.
Cooke e Conner traçam uma trama mais introspectiva sobre o autoconhecimento de uma jovem superprotegida por uma figura materna coercitiva. A arte de Conner remete bastante aos quadros de Gibbons, e enquanto em Coruja a atmosfera pulp era presente página a página, em Espectral o traço é alegre e inocente, tudo isso somado às cores vivas e psicodélicas de Mounts.
Antes de Watchmen: Espectral não é uma HQ que vai mudar o conceito de quadrinhos, mas é competente no que se propõe: detalhar as origens de uma personagem contando uma boa história.