Resenha | Namor: As Profundezas
Lançado em 2008 pelo selo Marvel Knights como série limitada, Namor: As Profundezas dá prosseguimento aos cinco volumes publicados pela Panini Comics em edição especial inédita no país, com capa dura e impressão realizada fora do país para melhor custo-benefício, um processo bem-sucedido e utilizado com frequência nos lançamentos da editora.
Situada na década de 1950, a visão realista de Peter Milligan se apoia na narrativa especulativa do século XIX, cujo maior narrador foi Júlio Verne e suas narrativas sobre viagens, explorações e novos mundos conhecidos. A trama tem como personagem principal o aventureiro Randolph Stein, um cientista conhecido como destruidor de mitos populares. Após o desaparecimento de uma expedição rumo a Atlantida, Stein é convocado para descobrir o que aconteceu com o submarino e a expedição anterior.
Ambientado em um local limitado ao redor de um mar profundo com perigos, o oceano gera solidão e conflito entre os marinheiros. A trama se apoia nos diários do aventureiro e sua trajetória científica para desmitificar Atlantida e a figura de Namor. As origens estabelecidas de Namor são apresentadas por relatos orais dos marinheiros, mantendo a mística mesmo para o leitor que conhece o personagem e sabe de sua dualidade. Um conceito fabular bem pontuado em suas breves aparições.
Espelhando a claustrofobia do submarino, os traços de Esad Ribic são pincelados com tons escuros, intensificando o núcleo do submarino em contraposição com a imensidão disforme do mar. As expressões faciais perdem a sutileza para maior impacto em cenas de tensão, com olhos esbugalhados e outras emoções claramente expressadas pelos marinheiros e seu subconsciente. A composição é mais macabra do que a de uma das personagens mais antigas da Marvel mas conveniente com o realismo proposto. Mesmo que seja uma releitura do príncipe submarino, por se tratar de uma mística marinheira, a trama poderia se adequar à narrativa tradicional da Marvel, enfocando como os humanos lidam com um super-ser.
O maior mérito desta história é usar a força da personagem para acompanhar a narrativa sem, de fato, ser seu personagem central. Capaz de manter a essência de Namor em uma visão conceitual bem aprimorada e brilhantemente ilustrada.