Os Filmes (e OVAs) de Dragon Ball Z – Parte 2
Como fizemos com o especial na primeira parte, continuaremos nosso artigo a respeito dos filmes, especiais e afins de Dragon Ball Z, falando de forma cronológica.
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O Retorno dos Androides ou Super Androide 13
De nome Doragon Bōru Zetto: Kyokugen Battle!! San Dai Super Saiyajin, lançado em 1992, o filme de Daisuke Nishio deveria se passar antes da batalha de Cell, e anteciparia até As fusões/absorções de androides. Ele foi exibido entre os episódios 147 e 148 quando Piccolo e 17 estão se enfrentando. O começo do filme mostra 17 matando Maki Gero, e a cena é bem bonita visualmente, apreço esse não antes visto nos filmes de DBZ. Logo se revela que outro computador , no subsolo, criava androides ainda mais poderosos, com premissa parecida com a de Cell.
O ponto de partida para os heróis é uma ida a cidade grande. Oolong, Kame, Kuririn e Gohan tentam entrar num evento de modelos de biquíni, enquanto Goku e sua família estavam fazendo compras, até que abruptamente aparecem dois seres poderosos e violentos. Eles vão atrás de Goku, o que faz lembrar que obviamente ele já está bem de saúde, recuperado da doença do coração, e não está na sala do tempo, tampouco passou por lá porque Gohan não se torna SSJ.
O visual do Super 13 emula a disposição e estilo dos super sayajins, embora suas cores sejam diferentes, com azul e cabelo espetado laranja, parecido um pouco com os cabelos de Gogeta (fusão de Vegeta e Goku pela dança metamoru) SSJ 4 visto em Dragon Ball GT. Não se sabe se a Toei reciclou a ideia deste vilão para fazer o seu Super 17 em Dragon Ball GT, fato é que em GT a ideia estava mais madura e inteligente.
Apesar de tudo, esse é um dos poucos – se não o único – filme em que realmente se teme pela vida de Goku e os outros, e onde não temos apenas o protagonista lutando. O Super 13 é o exato oposto de Kooler, ele não aparenta ser tão poderoso, como o irmão de Freeza parecia, mas este dá muito mais trabalho que o filho do Rei Cold.
Para variar o especial acaba com todos rindo, no hospital com Kuririn e Gohan se recuperando, enquanto Piccolo e Vegeta sentam-se num pedaço de gelo, largado no oceano, cada um de um lado, frustrados por não lutarem como gostariam.
Gohan e Trunks – Guerreiros do Futuro
Em Zetsubō e no Hankō!! Nokosareta Chō-Senshi • Gohan to Torankusu, é mostrado um futuro alternativo, e entre a morte de Goku por uma doença cardíaca e o presente desta realidade, passaram-se 13 anos. O clima de desolação é total e essa versão lembra demais filmes apocalípticos, como os da franquia Exterminador do Futuro. Os Androides 17 e 18 assassinam as pessoas à revelia, basicamente matando por puro prazer.
Lançado em 1993, foi comercializado na época da saga de Cell, entre os capítulos 175 e 176 do anime original. Trunks implora ao único guerreiro Z sobrevivente, o já adulto Son Gohan, com 23 anos, enquanto o filho de Vegeta e Bulma tem 14.
Dirigido por Yoshiro Ueda – que também dirigiu episódios do anime, e participou do departamento de arte de DBZ – A Árvore do Poder – ele é baseado em um capítulo curto do mangá, que não foi traduzido no seriado. Com conseqüências mais graves que os outros filmes e especiais, aqui Gohan perde um braço tentando salvar Trunks do ataque dos androides, e fica com cicatrizes no rosto, bem parecidas com as de Yamcha. Nesta realidade as coisas são mais graves. Aliás, Trunks demora a ganhar o poder de se transformar em super sayajin, isso só acontece quando Gohan é morto pelos adversários, por sua vez, o descendente de Goku já domina esse nível de poder.
Gohan é um bom mestre bom e usa a última semente dos deuses para salvar o garoto, no meio da batalha, e depois de treina-lo, o faz desacordar antes de ir enfrentar 17 e 18 para que Trunks não perecesse. Apesar de não ter muita ação – até porque ela já havia ocorrido antes – as curvas dramáticas do especial são bem construídas. A morte de Gohan, por exemplo é muito sentida por quem sobrevive, Trunks e Bulma sentem o impacto, e três anos depois o guerreiro tenta vingar seu mestre, sendo ainda incapaz de vencê-los, e isso é muito bom, pois foge do clichê de Dragon Ball, sem um final feliz. A mensagem escrita na máquina do tempo faz muito sentido, e é um dos artifícios mais maduros. As soluções não são rápidas e fáceis de prever, tampouco se subestima a inteligência do espectador. Ao lado do especial Bardock – O Pai de Goku são os únicos que realmente alteram o status quo da obra como um todo, sendo nesse os acontecimentos bem mais graves.
Broly: O Lendário Super Saiyajin
Doragon Bōru Zetto: Moetsukiro!! Nessen Ressen Chō-Gekisen é o de maior duração até aqui, com 76 minutos. Seus gráficos são bonitos, muito bem detalhados e animados – muito melhores que os da fase Cell. Foi lançado em 1993, entre os episódios 176 e 177 de Dragon Ball Z, à altura do torneio de Cell. Goku e Chichi esperam por uma entrevista que farão para um colégio onde Gohan poderia estudar, enquanto todos os outros guerreiros estão fazendo um piquenique com karaokê.
O longa é dirigido por Shigeyasu Yamauchi, que também fez os filmes de CDZ – Guerreiros Deuses, A Lenda dos Defensores de Atena e Os Guerreiros do Armageddon. O filme se passa durantes os dias à espera do torneio. Enquanto Goku aguarda na fila, chega na Terra uma nave, comandada por um sayajin estranho, sem um olho e cheio de cicatrizes. Seu nome é Paragas, e ele convoca o príncipe dos SJs para ir reinar em um novo planeta, onde outros sobreviventes da raça também estão. Ele não aceita, até ter seu ego confrontado, ao falar que Vegeta talvez seja o único capaz de vencer o lendário super saiyajin, que até então, era apenas uma lenda. Goku encontra os outros no novo planeta, e lá eles descobrem que Paragas guarda outro sayajin, seu filho Brolly e ali é mostrado que ele guarda um segredo: Broly é poderoso demais e precisa de um inibidor de seu poder, que está em posse de seu pai.
Brolly é um guerreiro trágico, um homem poderoso, sem controle sobre seus próprios poderes, e guarda uma mágoa antiga de Kakaroto, que muito pequeno, acordava ele, chorando por ter fome. Em uma noite de sono, Brolly se descontrola e ataca Goku arbitrariamente, depois de lembrar do trauma que teve em sua infância. Nesse momento, seu ki aumenta e seus cabelos mudam de cor, ficando roxos, e esse nem parece ser seu real patamar de poder.
Antes de se transformar em super sayajin, o cabelo de Brolly fica azulado também, e depois, ao se tornar SSJ, fica amarelo esverdeado, e essa diferenciação jamais foi retomada, até acontecer o Torneio do Poder, em Dragon Ball Super, dessa vez tendo isso canonizado por Akira Toriyama e Toyotarō.
Parte do fato que faz Broly ser tão implacável, é que seu poder o torna quase irracional, faz lembrar um personagem da Marvel, chamado Drax, que quanto mais burro, mais forte é. Aqui não há ignorância, e sim selvageria. Broly é único, suas vestes (igual a seu pai) não é a do exército de Freeza, visto que ele está exilado desde muito pequeno, e isso faz todo sentido, já que ele é muito mais forte que todo o império de Freeza reunido, talvez até mais que Perfect Cell.
Vegeta nem se atreve a lutar com Broly, percebendo seu pouco poder. Piccolo, Trunks, Gohan e Goku lutam, enquanto ele fica atônito diante de tanto poder. Essa postura não tem muito a ver com o que acontece no anime e mangá, nem mesmo diante de Cell ou Majin Boo. Quando ele decide, é claramente tarde demais, e nesse momento, ele aceita que é só um coadjuvante. Apesar dessa licença poética, a atitude não é todo ruim, bem como a luta com Broly, que é um adversário formidável, talvez capaz até de sobreviver a destruição do planeta. Inclusive, o desfecho do combate não poderia ser outro que não uma tentativa de fuga. Infelizmente o fim do antagonista também é um pouco anticlímax, mas ainda assim é o melhor entre os filmes de DBZ.
A Batalha dos Dois Mundos ou Torneio Interdimensional
Após o sucesso do filme anterior, envolvendo Broly, Yoshihiro Ueda retorna a direção, cujo nome original é Doragon Bōru Zetto: Ginga Giri-Giri!! Butchigiri no Sugoi Yatsu. A duração é em torno de 50 minutos e foi lançado no cinema no Brasil, junto ao filme O Retorno da Fusão, e tem gráficos bem elaborados, com imagens em alta definição e com riqueza de detalhes animados, cores vivas que causariam inveja até nos animes atuais. Essa parte conhecida como Torneio Interdimensional foi exibido no Japão em 1993, enquanto no anime passava a saga filler O Torneio do Outro Mundo, cuja temática se assemelha de certa forma.
Goku está com o senhor Kaioh, no mundo os mortos, enquanto os vivos participam de um torneio de artes marciais, organizado por um homem muito rico, e os guerreiros Z aparecem, entre eles os humanos Kuririn (mais uma vez como alivio cômico), Tenshinhan, Yamcha, além de Gohan, Piccolo e Mirai Trunks, que voltou no tempo para avisar os amigos que venceu os andróides em sua linha temporal. Curiosamente, Gohan é dublado novamente por Fatima Nova, e não Yuri Chesman como havia sido na batalha contra Cell.
As lutas entre os heróis são bem legais, em especial entre Tenshin e Trunks. E obviamente, isso serve apenas de despiste, para se apresentar o verdadeiro antagonista, Bojack e seus capangas, seres de outra galáxia, de cor esverdeada e cabelos loiros, que podem sofrer mutações para aumentar suas capacidades. As lutas dos heróis contra os asseclas de Bojack são bem divertidas e orquestradas a maestria, em cenários grandiosos, que deveriam servir ao torneio organizado pelo homem rico.
A explicação sobre quem é o vilão vem de Sr Kaioh-sama, que diz que ele era um pirata e saqueador cósmico, que estava preso atrás de um selo que foi rompido assim que Goku trouxe Cell para explodir no outro mundo. Daí ele e seus auxiliares, Bujin, Gokua, Zangya e Bido. A raça do quinteto é chamada comumente de Hera-Sejin, e eles são os únicos sobreviventes do planeta Hera.
Gohan enfrenta os guerreiros praticamente sozinho, ao final, contra as teias telepáticas dos capangas e contra a covardia de Bojack, que até lança sua assecla mulher no rapaz, para distrai-lo. Gohan corta ao meio dois de seus adversários, transformado em SSJ 2, em uma das poucas vezes em que a saga de DBZ se permite ser completamente violento, sem medo de soar adulto demais. Infelizmente, a luta termina rápida demais, mas ainda assim é um dos melhores filmes da saga do Toriyama.
Plano Para Erradicar os Sayajins
Lançado em VHS, junto com o jogo Dragon Ball Z Gaiden: Saiyajin Zetsumetsu Keikaku – aliás, esse foi o primeiro jogo com historia original – o nome original deste especial é Saiyajin Zetsumetsu Keikaku e foi dirigido por Shigeyasu Yamauchi, o mesmo que fez o filme de Broly, Cavaleiros do Zodiaco O Prologo do Céu e alguns episódios da fase Hades. O especial possui uma trilha sonora própria, onde o Rock predomina, e antes de começar a ação, um ser misterioso reúne esferas parecidas com as dragon balls, mas que na verdade nada tem a ver com isso.
Logo depois aparece Goku e Gohan lidando com a fazendo onde vivem. Ambos se tornam super saiyajins, ou seja, já ao menos passaram pela sala do tempo antes da batalha contra Cell, e estão vivos. O sujeito que aparece no começo envia Terra alguns capangas, que visam protegers as máquinas que soltam o gás destron, que aparentemente, fazem com que a energia dos guerreiros Z seja cessada, de maneira igualmente estranha a todas essas aparições.
Para surpresa dos herois aparecem vilões antigos, já assassinados, Freeza, Koola, Slug e Thales, trazidos de volta como fantasmas para tentar atrasar os heróis. Isso é uma coisa que de certa forma é legal, pois resgata saudosismo com esses personagens, alem de colocar juntos os irmãos filhos do Rei Cold, embora na haja realmente uma interação real entre eles. Eles na verdade são fantasmas, e se desintregam e reintegram facilmente. Ainda assim, não são páreos para o quinteto envolvendo os 4 sayajins que estavam na saga Cell e o Nameki.
O responsável por tudo isso é o Doutor Raichi, um tsufujin, único sobrevivente de sua raça, que por sua veez foi exterminada pelos saiyajins no planeta Plant, que mais tarde foi rebatizado com o nome do líder da revolta Sj, o Rei Vegeta, que é pai do Vegeta do mangá e anime. Os personagens então decidem ir até o planeta sombrio onde está o vilão, para confrontar ele de uma vez.
Acontece que esse é apenas um mcguffin, Raichi é um despiste para o verdadeiro vilão, Hatchyack, que é a manifestação da máquina que reunia o ódio dos tsufurujins pelos saiyajins, que gerou por sua vez os fantasmas dos vilões e até de Raichi. Esse conceito mistura metafísica com os clichês de ação de maneira bem orgânica e surpreendente para um vídeo que é só um especial lançado como auxiliar a um jogo eletrônico. Incrivelmente os filmes, OVAs e especiais de DBZ estavam melhorando bastante nesse período, com uma ordem muito vindo do Guerreiros do Futuro, o primeiro filme de Broly, o que envolve Bojack e esse analisado.
Ao contrário dos outros, esse termina de maneira cooperativa e condizente com o restante das lutas finais do mangá, mas sem toda a enrolação que a Toei geralmente empregava no seriado. Em 1994, o ova virou um game movie, no Bandai Play Dia que por sua vez era um console especial, e tinha 4 finais diferentes, que ocorriam de acordo com os comandos que o player selecionava, variando em alguns momentos do produto original. O mais diferenciado, na realidade, é um que encurta o especial, mostrando Koola, Freeza, Slug e Thales vencendo
Remake
Em 2010, quando foi lançado o jogo Dragon Ball Z Rageblast 2 foi feito um remake deste OVA, remasterizado e encurtado para quase metade da duração original, o que fez com que houvesse mudanças no enredo. Por exemplo, foi Popo avisou sobre o gás destron e não Bulma como na versão deste século; Goku Piccolo e Gohan lutam contra capangas genéricos na Corporação Capsula, fato que não ocorre na outra versão; Há monstros protegendo as maquinas no primeiro especial; Trunks e Vegeta participam de mais lutas e Piccolo participa mais da luta final contra o chefe, e também há diferenças nas cores do vilão, nas perolas que tem sobre seu corpo
Extra: Reunam-se O Mundo de Goku
Lançado em 1992, era um especial para o brinquedo/game chamado terebikko. Ele começa com Gohan ainda criança acordando Goku, para que ele ensine as crianças a usar o terebikko, que é uma especie de telefone que faz com que as crianças escolham entre as opções a se selecionar, como em um quiz. Trunks do futuro utiliza sua máquina do tempo para brincar pelas linhas do tempo do desenho, enquanto as crianças decidem o que fazer.
Goku, Gohan, Trunks e Bulma se reúnem na casa do Mestre Kame onde estão Kuririn e Mestre Kame. Kuririn, Gohan, Trunks, Bulma e Goku viajam no tempo na máquina do tempo de Trunks e através de um telefone passa todos os conhecimentos e até o próprio Mestre Kame, do tempo atual, dos dias em que Goku era pequeno até a chegada do andróide Cell e do dia depois quando absorve os andróides Nº 17 e Nº 18.
Não há muito a acrescentar, há poucas cenas ineditas, lembra demais os capítulos que recapitulam momentos anteriores, como os fillers de Dragon Ball e DBZ. É curioso que, como foi nos flashbacks da saga Boo, aqui a parte em que Vegeta aparece na primeira batalha com os guerreiros Z na Terra, seus cabelos estão negros, e não vermelhos como foi animado pela Toei na versão original.
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