Resenha | Lendas do Cavaleiro das Trevas: Alan Davis
Se existe uma lacuna nas publicações DC Comics no Brasil, podemos dizer que é a de fases clássicas de seus personagens. A Panini vem publicando com sucesso suas Coleções Históricas da Marvel Comics há algum tempo, enquanto os fãs da DC quase não têm acesso às histórias da mesma época. A coleção Lendas do Cavaleiro das Trevas vem preencher esse vácuo, e podemos comparar sua qualidade com a da Coleção Histórica Marvel: Homem-Aranha. A primeira publicação dessa linha apresenta o Batman desenhado pelo veterano Alan Davis.
Esqueça o personagem fascista e psicótico eternizado por Frank Miller em O Cavaleiro das Trevas: esse Batman é um verdadeiro herói em todos os sentidos da palavra! O lado detetivesco é bastante explorado, mas o melhor é a relação com o Robin! Qualquer aspirante a humorista que insiste em fazer piadas homofóbicas com a Dupla Dinâmica provavelmente nunca leu uma história dos personagens. Robin aqui é Jason Todd, e a julgar por essas histórias, não há motivo para odiar o personagem. Sua relação com Batman é mais do que entre pupilo e tutor: é de pai e filho. Batman demonstra uma preocupação e um carinho muito grande com seu filho adotivo, e quer para ele um destino melhor que o seu próprio. A possibilidade da perda do parceiro-mirim é um fantasma que assombra o Homem-Morcego – o que nos faz entender todo o desenvolvimento do personagem após a morte de Jason.
Os vilões clássicos estão presentes nos dois volumes: Mulher-Gato, Coringa, Espantalho e Chapeleiro Louco são apresentados da forma como os conhecemos nas animações oitentistas. Assim, temos uma Selina Kyle miando e ronronando todo o tempo, um Coringa espalhafatoso e pouco ameaçador, e um Jarvis Tetch abobalhado.
O primeiro volume é bastante divertido. Já o segundo, embora tenha histórias melhores, é um pouco frustrante, pois a capa induz o leitor a pensar em histórias que, no final, não estão na edição. A capa do volume dois apresenta o Batman carregando Robin no colo, com chamas no cenário atrás, o que dá a entender que será apresentada a clássica história Morte em Família, quando na verdade é uma história de origem do Homem-Morcego. Já na quarta capa vemos o Morcegão segurando uma arma, imagem do clássico Ano Dois. Infelizmente, apenas a primeira história de Ano Dois consta na edição, por ter sido a única desenhada por Alan Davis. Esse seria um bom argumento, se no primeiro volume não houvesse histórias desenhadas por outros artistas (o encontro de Batman com Sherlock Holmes) para completar um arco iniciado por Davis. Mesmo assim, essa edição é melhor que a primeira, e se encerra com uma história de Batman – Preto e Branco. É bom ver o Batman oitentista novamente, sendo aquilo que ele realmente deveria ser: um detetive e, acima de tudo, um herói!
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