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  • Winterfell: Protocolos de Gelo e Fogo – Análise e Teorias sobre Game of Thrones

    Winterfell: Protocolos de Gelo e Fogo – Análise e Teorias sobre Game of Thrones

    Game of Thrones finalmente voltou, e com ela, a expectativa de como o Inverno chegará ao continente, os personagens usam roupas ainda mais reforçadas para o frio, e o primeiro episódio da oitava temporada tem o sugestivo nome de Winterfell. Pois bem, apenas a longa espera após Game of Thrones – 7ª Temporada, terminada por sua vez em Agosto de 2017, o resultado é um bocado óbvio, avançando bem pouco em relação ao que é visto em The Dragon and The Wolf, ultimo episodio do sétimo ano, ou seja quase nada se acrescenta dentro do que é considerado canônico no seriado/saga.

    Muito se reclamou do autor George R. R. Martin, que não entregou os livros dentro do prazo que se esperava, ou ao menos a tempo de terminar a série com o material original já concluído. Quando a HBO começou a adaptar a literatura, haviam quatro livros, e durante o decorrer dela foi publicado o quinto. Deste a quinta temporada, as histórias são praticamente inéditas visto que já haviam coberto a maioria esmagadora do conteúdo escrito por Martin, acredita-se (sem comprovações oficiais, diga-se) que há consultoria do autor nesses eventos, com Martin dando dicas aos roteiristas do que aconteceria. Mas a realidade é que, apesar do escritor demorar bastante para entregar seus capítulos, o programa da HBO pouco avança, dando pouca vazão inclusive para as teorias que fãs tipicamente fazem após ver os episódios. Nos primeiros anos por exemplo, morrem muitos personagens importantes, mas de 2015 para cá poucos morrem, exceto  vilões, como Ramsay Bolton, ou um ou outro vassalo carismático.

    Talvez a maior revelação acontece exatamente no final de 801 de GOT, quando Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) encontra Bran Stark (Isaac Hempstead Wright), fato que não acontece basicamente desde o piloto, quando o guerreiro responsável pela morte do “Rei Louco”, por amor, se livra da presença do menino logo após ser flagrado transando com sua irmã, Cersei (Lena Headey), jogando o rapaz pela janela para a morte, fato que obviamente não acontece. No entanto, essa é a única menção real a estranha união entre o Sul dos Lannister e o Norte que seria atacado em breve pelo exercito do Rei da Noite. Ora, não se sabe sequer se há ressentimento ali entre os dois, isso pode ou não ser explorado em GOT 8.02 mas não há garantia de nada, afinal esse capítulo apesar de ter muito reencontros, se restringe a reuniões mega óbvias. Aqui não se resolve nem a possível rivalidade entre os dois personagens, nem se dá vazão para que o espadachim maneta perceba o quanto cresceu o antigo menino, e o quão poderoso e estratégico para a tal guerra ele se tornou.

    Ao invés de explorar por exemplo a questão que envolve o exercito do Sul ir ou não ao Norte combater os caminhantes brancos, o roteiro de Dave Hill resolve amarrar pontas soltas fúteis, como a união tão esperada pelos fãs virjões, entre Jon Snow (Kit Harrington) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), relação essa que é morna, chata, e de interessante, só faz refletir sobre os Targaryen serem uma família incestuosa, uma vez que é difícil manter aquele cabelo branco por outras gerações – Aegon por exemplo, herdou as cores de cabelo de sua mãe, uma Stark – ainda que os dois apaixonados que ficam trocando gracejos típicos dos romances em folhetim das revistas Sabrina e Super Julia não saibam que são tia e sobrinho. A HBO rende-se a mania de shippar casais, tal qual a CW adora fazer em Arrow ou Flash, dali realmente se espera, até pelo tom juvenil dessas, aqui não.

    Uma das poucas coisas positivas nesse capitulo, é a reunião do que restou dos Starks, exército esse que tem tendência a crescer, independente até de conseguir mais alistados. A verdade revelada a Jon Snow sobre sua origem e parentesco é feita sim, por seu fiel escudeiro, Sam (John Bradley), mas carece de emoção ou dramaticidade. Soa como um artifício obrigatório e sem necessidade de ocorrer de forma tão tacanha e previsível, isso faz perder bastante do impacto que era esperado.

    Talvez o único ponto fora da curva,plantado nesse episódio,  seja o fruto da relação de Cersei e Euron Greyjoy (Pilou Asbæk), afinal, ela poderá dizer que o filho que espera é dele, e não do irmão, fato esse que obviamente não seria inédito, e que casaria com uma profecia dos livros, de que seria o destino de Jaime ser o King Slayer, para muito além de ter assassinado o Rei Louco, até por conta de uma conhecida teoria de que seria ele o responsável por acabar com o sangrento mandato de sua irmã / amante, já que ela claramente é insana e não abraça a causa continental contra o Rei da Noite. Natural que seu irmão tente repetir seu ciclo de regicídio, dadas as circunstâncias.

    No entanto, ao invés de desenvolver isto, se escolhe dar vazão a romances, e a piadas de casal, como foi feito em outra serie nerd, como em The Walking Dead, onde mais se vibrou com a relação de Rick e Michonne ao invés de refletir sobre a condição humana em um ambiente pós apocaliptico. Aqui também,  o inverno e os inimigos dos homens se aproximam, mas sempre há vazão para uma relação de amor e para comunicados com zero surpresas. Dito isto, é impressionante com Jon se preocupa mais que a honra do finado Ned Stark, que não lhe contou a verdade por conta de ter perdido a cabeça, e sempre o protegeu, diante da enormidade de situações estranhas que lhe ocorreram, com ele ressuscitando, ser descendente legítimo de duas grandes famílias é tranquilo, o que não é tranquilo é a Khaleesi falar para ele “esquentar a rainha”, aos olhos de dois dragões ciumentos…isso é difícil engolir, mas ainda há o que teorizar nos próximos seis capítulos (assim esperamos).

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  • Review | Raio Negro – 2ª Temporada

    Review | Raio Negro – 2ª Temporada

    Após Raio Negro 1 – Temporada, Jefferson Pierce (Cress Williams), diretor da escola Garfield  High já não se sente mais mal por ser o vigilante que dá nome a série,  por conta de uma porção de eventos, envolvendo a sua comunidade, que aos poucos, é destruindo pela droga luz verde e pelos criminosos que financiam a circulação livre dela as ruas. Raio Negro 2 ª Temporada começa com a polícia indo atrás de Pierce e sua família, sua esposa Lynn (Christine Adams) com quem ele reatou ha pouco,  e suas filhas Anissa (Nafessa Williams) e Jennifer (China Anne McClein) que também passaram a agir como justiceiras fantasiadas e a maior preocupação das autoridades não parece ser a de limpar as ruas, e sim de tentar entender quem é o mascarado e porque ele voltou, mesmo com uma situação de violência tão flagrante quanto essa.

    O álibi da família para se afastar das suspeitas que recame sobre si é fraco, e o roteiro convenientemente ignora isso quando convém, e esse é um decréscimo perto da outra temporada, no entanto, as lutas melhoram bastante. Já no começo há bastante ação, em uma luta entre vilãs, pondo frente a frente Kara Fowdy (Skye P. Marshall) e Syonide (Charlbi Dean Kriek), cujo final é bem sangrento, ainda mais se tratando de uma série de herói.

    Da parte social a série explora  bem a mentalidade Negro no Comando que Jefferson emprega, e se discute a função dele como professor da escola, terminando com o afastamento do mesmo. Enquanto isso, o amigo dos Pierce Bill Henderson (Damon Gupton) descobre a identidade da família e a empreitada maligna de Tobias Whale (Marvin Krondon Jones III) prossegue viva. A temática bíblica dessa segunda temporada, cujo sub titulo é O Livro das Consequências  cabe bem ao complexo de Jesus Cristo que Jefferson sofre, com o sujeito achando que deve ser mártir e que deve carregar sob sua pele os pecados de sua cidade, pondo o risco não só sua vida, como a de suas filhas, tornando a metáfora da carne carregando o peso alheio em algo mais que só simbolismo.

    A entrada dos super heróis em cena, seja quando estão realmente em ação ou quando se dirigem rumo aos seus trajes é acompanhada de uma trilha sonora edificante, em sequências tão posadas que parecem até videoclipes. Falando assim esse pode parecer um aspecto negativo,  mas dentro da abordagem que o criador Salim Akil e pela desenvolvedora Mara Brock Akil propõe tudo funciona e faz sentido, contando aí inclusive a atmosfera blaxploitation.

     Os planos dos vilão beiram a megalomania, seja o de Tobias, que quer transformar Freeland em uma pequena Somalia, ou o de Lala (ou Latovious, feito por William Catlett) que após perecer começa a querer fazer justiça com as próprias mãos em uma ilusão de estar falando com as pessoas que ele matou. Nesse micro universo os problemas são tão grandes e auto suficientes que não ha espaço para o escapismo multi colorido e cheio de tramas folhetinescas de Arrow e Flash, e nesse ponto é um grande acerto não acontecer um crossover com estes programas, aliás, quanto Tormenta/ Anissa começa a querer ganhar aplausos, seu pai a repreende, perguntando se ela levaria a sério o ofício ou se faria um instagram. Mesmo que seja escapista, não há como não levar a história a sério.

    Toda a questão dos problemas com a droga Luz Verde ganham maior importância, já que as vítimas dela tem um prazo de vida curto.  A maturidade desse texto faz lembrar as revistas clássicas de Denny O’Neill e Neal Adams com a revista Grandes Clássicos DC: Lanterna Verde e Arqueiro Verde Vol 1 e é incrível como a série menos popular da CW beba dessa fonte, e não Arrow. Na trama do colégio, há também seriedade, e não uma cópia barata de Malhação como os programas mais infantilizados do canal, Pierce passa por maus bocados, ao deixar a direção da escola é ovacionado, mas não cai na tentação de reassumir o posto quando seu substituto perde popularidade.

    Apesar de ser menos focado que o anterior – há bem mais sub tramas pouco interligadas – este segundo ano acerta em algo, na mudança de postura de Kahlil (Jordan Calloway) não ocorre de maneira apressada, ela vai sendo construída bem aos poucos e por mais que não faça absolutamente sentido nenhum no começo, ela cresce com o tempo e vai aos poucos se tornando importante para algo maior que só o seu namoro com Jennifer.

    Há questões que são levantadas e rapidamente descartadas, como o duplo vigilantismo de Anissa, ou  a comoção a respeito do destino de Khalil, que em um primeiro momento parece que abalaria as estruturas de Freeland, mas o rebuliço é rapidamente resolvido emocionalmente falando. A retomada do arco de Lala ao menos é bem feito, faz sentido dentro da ideia de discutir o modus operandi meio mafioso das milícias e criminalidade negra, ainda que os atos do homem sejam discutíveis eticamente. As soluções do programa podem ser apressadas, mas não são inválidas.

    Mesmo adultas, as meninas são obrigadas a fazer um juramento, de que seguiriam as regras do pai incluindo ai não matar ninguém e não roubar os gangsteres em uma tática Robin Hood. O senso da família transcende a questão deles serem super poderosos, incrivelmente, e faz sentido. O que entra em contradição nisso é a vigia que Percy Odell  o personagem de Bill Duke faz. O final aparentemente é otimista, mostra os mocinhos vencendo boa parte de suas lutas, mas ainda mantém uma série de pontas soltas, envolvendo não só os vilões, mas alguns personagens periféricos. Apesar de não ser do mesmo nível da primeira temporada, Raio Negro segue inteligente, dinâmica e espontânea em cada uma das suas pautas, e melhorou demais no quesito ação, disso não se pode reclamar, cada vez mais ela se desamarra do estilo CW de super heróis, e ao lado de Doom Patrol certamente é a melhor adaptação televisiva de quadrinhos no ar.

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  • Review | Gotham – 4ª Temporada

    Review | Gotham – 4ª Temporada

    Três anos se passaram e o plano da Fox em adaptar uma “história do Batman” obteve algum êxito, já que Gotham é um sucesso de audiência. Após os acontecimentos bastante agressivos da terceira temporada de Gotham, a série retorna relembrando os fatos da temporada anterior. Apesar de gastar muito tempo nessa reconstituição, a questão da toxina/vírus é deixada de lado e a situação que mais comove a cidade é a liberação de Oswald Cobblepot (Robin Lord Taylor) como prefeito, com uma licença para alguns criminosos criarem problemas. Isso é tão esdrúxulo que o personagem de James Gordon (Ben Mckenzie) ignora as ordens da polícia e prende as pessoas assim mesmo.

    Independente da péssima caracterização de outros personagens, o quarto ano começa bem, mostrando Jonathan Crane (David W. Thompson) atormentado, e agindo como o Espantalho. Seu visual de vilão é bem construído, assim como as alucinações de fobias dos que  sofrem com seu gás. Mas não demora, obviamente, a se dar atenção para mais personagens ressuscitados, artigo tão comum nos outros anos que nem causa mais estranhamento por parte do público.

    Finalmente se dá alguma importância a Lucius Fox, ele ajuda Bruce, como foi em Batman Begins, com um traje diferenciado, embora esta versão de Chris Chalk não tenha um motivo tão bem construído quanto nos roteiros de David S. Goyer e Christopher Nolan, mas de todos os muitos problemas de Gotham, esse nem de longe é o pior. Além disso, há duas mudanças estranhas, com Hera sofrendo outra mutação, para ser feita por Peyton List. Ao menos, visualmente a transformação é legal, ela age como a versão do desenho Batman: a Série Animada, e domina os homens através  do aroma de suas plantas, mas os atos que pratica soam estranhos, graças a péssima construção do roteiro.

    A outra mudança envolve Bruce, que passa a ser um vigilante. O Ra’s Al Ghul desta série é feito pelo doutor Bashir de Deep Space Nine, o ator Alexander Siddig, e seu desempenho é bom. A forma como o Poço de Lázaro é apresentado condiz bastante com os quadrinhos, visualmente o artefato é bastante belo mas a demonstração do primeiro uso feito pelo vilão é um bocado estranha e gratuita, assim como os desdobramentos de sua chegada a Gotham, seja na aproximação de Bruce, no seu affair com Barbara Kean (Erin Richards) e também na subtrama que o coloca como líder da Corte das Corujas e responsável pelo vírus que assolou a cidade no terceiro ano. Apesar do seriado ter 22 episódios no ano, o roteiro não explora bem nenhum desses elementos.

    As cenas de ação envolvendo Mazous são risíveis, ele tentando impedir Selina de roubar – sem saber que é sua amiga/par que está ali – beira o patético, mas é nesse ponto que ator pode exercer um papel legal e parecido com suas contrapartes no audiovisual, em especial quando ele gasta em um leilão. Mas não demora a série retomar suas sub-tramas estranhas, com Gordon se reaproximando de Carmine Falcone (John Doman) para controlar Gotham, se interessando ainda por Sofia (Crystal Reed), que também vai para Gotham para ter um monte desventuras desnecessárias dramaticamente e que tem pouco ou nenhum peso no final do ano.

    Robin Lord Taylor consegue extrapolar ainda mais o overacting e de modo cada vez mais insuportável. Antes ele era irritante, mas quando se enfurece com  o Charada a sua falta de inteligência salta aos olhos, fazendo-o parecer um adolescente. Diante disso, até a questão da licença para cometer crimes ser tão amplamente comentada por todos e ser uma regra legal e cedida de maneira oficial aos bandidos não é nem tão chocante, pois nada é real – aliás, ainda como político ele abre mão disso, traindo seus eleitores. Os exageros fazem lembrar em vários momentos a visão de Joel Schumacher sobre o Batman, em especial pelo tom esdrúxulo e gritante dos eventos que seguem nesse quarto ano.

    Uma nova policial começa a ajudar James, a oficial Harper (Kelcy Griffin), já que Harvey Bullock (Donal Logue) fica de fora de boa parte do drama, mas o freak show continua imperando, com a (péssima) introdução de Solomon Grundy, na verdade uma versão ridícula sua, parecida com um bebê gigante do ressuscitado Butch (Drew Powell). Todo arco dele com o Charada e a questão do Narrows é pessimamente mal pensada e construída e não faz sentido, ainda mais no que toca Leslie Thompson, que parece estar ali unicamente por conta de um contrato longo com Morena Baccarin.

    Jim volta a ter pulso firme contra a corrupção e mesmo que sua promoção a chefe de polícia só tenha ocorrido  por conta de subornos e armações de criminosos, ele resolve se insurgir contra o Pinguim, ainda que  esse confronto ocorra por conta da morte de um mafioso. O discurso inflamado dele com seus policiais transforma todos os agentes da lei que antes se sujavam em paladinos incorruptíveis,  uma solução sem sentido e maniqueísta para uma série que parece ter roteiristas mais insanos que seus personagens.

    Gotham peca principalmente no modo de retratar as mulheres, sobretudo as que tem envolvimento amoroso com Gordon. O que Lee faz com Sofia não tem sentido, mesmo com a mudança radical que sua personagem tem, mas na hora de tornar complexa essa mudança, nada é feito. Além disso, parece existir uma tara dos roteiristas em transformar Barbara no auge do banditismo da cidade. Ela toma o poder da Liga das Sombras de maneira mais gratuita e faz insurgir um grupo de mulheres, as Irmãs das Sombras, mas mesmo isso é insuficiente na tentativa de equilibrar a balança, pois o seriado não consegue mostra-las em posição de poder de forma sem que seja de  maneira hiper-sexualizada.

    Outro evento pouco desenvolvido nesta temporada é que o Pinguim sai da prisão e não se repercute o fato dele ter sido prefeito. Não há sucessão ou discussão mais abrangente sobre a política da cidade, ao invés disso se mostra só trivialidades e assassinatos cometidos pelo psicopata. A tentativa de adaptar Terra de Ninguém também soa gratuita, uma imitação barata de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Há até uma tentativa de remake da cena da delegacia em TDK. A cena do fim deste arco é ruim, cheia de exageros e não tem peso algum, vazios de significado, como é a Gotham pensada por Bruno Heller e seus roteiristas.

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  • Review | Doom Patrol (Episódio Piloto)

    Review | Doom Patrol (Episódio Piloto)

    Após um dos melhores episodio “filler” de Titans, chega finalmente o piloto de Doom Patrol, que promete traduzir em tela toda a lisergia dos quadrinhos da Patrulha do Destino, um grupo espacial, formado por desajustados, criados por Arnold Drake, Bruno Premiani e Bob Haney e que serviu de inspiração não oficial aos X-Men da Marvel, além de reunir grandes escritores em torno de seus runs, em especial, Grant Morrison.

    O episódio vai introduzindo cada um dos  seus personagens, com destaque ao personagem Robot-Man o Homem Robô, vivido por Brendan Fraser, que começa como um bon vivant, piloto de corridas que ludibria sua mulher e família sendo um cafajeste traidor e falso, sofrendo uma tragédia na pista, causada de maneira proposital pelas pessoas que ele enganou. Entre 1988, ano da colisão e 1995, ele é cuidado por um doutor em uma cadeira de rodas, chamado Niles Caulder, de codinome Chefe, vivido pelo eterno James Bond Timothy Dalton. Por mais pesada que seja a  situação, o episódio de Glen  Winter não é demasiado expositivo, ao contrário, causa curiosidade para ver mais momentos dessas pessoas, além de causa um saudosismo nos fãs dos dois atores, que não tem tido tantos trabalhos quanto seus carismas e antiga fama fariam merecer.

    Dois outros personagens são introduzidos, o Homem Negativo, de Matt BonnerMatthew Zukk um ex-piloto acidentado, que tem seu  corpo queimado, e Rita Farr (April Bowlby), a Mulher Elástica, uma bela ex-atriz que após encontrar  um estranho objeto, que a fez ficar com a pele enrugada, para dizer o mínimo. Num quesito esta produção supera e muito Titans, pois aparentemente ela já tem uma identidade formada, culpa de seu principal produtor, Jeremy Carver, e seus apelos emocionais são mais fortes e mais maduros que a rejeição que Ravena sente por ser o que é. Aqui, todos os personagens tentam entender o que são, e tem que lidar com um passado imperfeito e cheio de percalços.

    Os personagens parecem de verdade, são imperfeitos, sobretudo Cliff, que descobre aos poucos o que aconteceu ao seu passado e como realmente morreu. Brendan Fraser jamais foi um ator conhecido por seu dotes dramáticos, sempre foi encarado como um sujeito carismático que um dia foi bonito e agora, após um bom tempo no ostracismo, ele tem chance de fazer um papel trágico, e com um desempenho invejável.

    Incrivelmente este piloto consegue funcionar como um filme de origem típico da Marvel, mas de maneira resumida, apesar de não soar apressado, nos primeiros 30 minutos. Até o artifício de um narrrador em off é bem utilizado, e dá um tom engraçado a série. Os poucos minutos que se vêem de Diane Guerrero (de Orange is The New Black) atuando como Crazy Jane são fascinantes, não só pela personagem ter múltiplas personalidades, mas também pela complexidade com que a câmera lida com ela, sem atalhos narrativos, como Fragmentado de M Nigth Shyamalan fez, por exemplo. Há um cuidado especial com o roteiro, para que todo o seu conjunto dramático seja levado a sério, mesmo que a estética tenha um pouco do já utilizado nas outras séries de Greg Berlanti  (um dos produtores executivos, responsável por Arrow, Flash e Cia). A ideia de expandir conceitos e falar de forma adulta do mundo fantástico dos super heróis é bem construída nesse episódio, e combina demais com os quadrinhos clássicos da Patrulha.

    Próximo do final, ainda há uma sequência em que os personagens tem de lidar com uma situação limite, de stress e descontrole, que os obriga a agir de modo heroico, coisa que até então então eles não são, e cada um, da sua forma, tenta colocar em prática suas super habilidades, para tentar proteger os civis. Por mais calamitoso que fique o cenário após a aparição em público de Crazy Girl, Rita, Homem Negativo e Homem Robô, os fatos se encaminham de volta a normalidade, mesmo contra os pedidos do mentor, mas não sem antes chamar a atenção da mídia, assustada com as aberrações que ali apareceram.

    A expectativa para  Doom Patrol é a de um drama adulto ser tratado em tela, isso com o pouco que é mostrado do Senhor Ninguém (Alan Tudyk) e o que ainda nem é mostrado do Cyborg. Os efeitos especiais parecem caros, mesmo se tratando de uma produção para a televisão, não deixam nada a desejar ao cinema guardadas as devidas proporções e todos os ingredientes parecem estar ali prontos para serem misturados e para produzir uma experiência audiovisual tão viajandona quanto os gibis clássicos do grupo, e o que se assiste nesse episódio inaugural é bastante promissor.

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  • Review | Gotham – 3ª  Temporada

    Review | Gotham – 3ª Temporada

    Após  Gotham 2ª Temporada que ficou conhecida por abrir mão de qualquer fidelidade ou mínimo respeito pelo que é tradicional nos quadrinhos do Batman, Gotham volta para sua terceira temporada com um desencontro amoroso de James Gordon (Ben McKenzie), fazendo lembrar uma das principais influências para o seriado existir, que era Smallville, cujo espírito era também resgatar o passado, mas do Super-Homem ao invés do Batman. Por mais que a frustração romântica seja grande, não demora até o policial ter de enfrentar uma das muitas bizarrices que a cidade – ainda sem o Batman – produz.

    O personagem em questão, é só mais um dos bandidos soltos pela zona urbana, e foi liberto pelo vilão Hugo Strange (BD Wong). A cidade está louca ( o nome desse segmento é Mad City, para pontuar melhor ainda as obviedades) e entre os muitos fugitivos do Asilo Arkham está Barbara (Erin Richards), agindo como uma versão millenium da Arlequina, conversando com os foras da lei, entre eles, o Pinguim/Oswald de Robin Lord Taylor, que se torna um informante da polícia. Junto a Barbara, está Thea Galavan (Jessica Lucas), que desde que perdeu seu irmão, tem procurado alguém para ser sua dupla. As inversões de valores se tornaram algo tão corriqueiros que em meio as loucuras da série, isso nem choca tanto.

    Mad City compreende os 14 episódios e toda a polícia tem muito mais trabalho que o normal nos outros dois anos, e Jim tem de lidar não só com Harvey Bullock (Donal Logue), mas também com um novo elemento que além de ser extremamente enxerido, também vira um possível par romântico. A Valerie Vale (Jamie Chung), que vem a ser tia da famosa fotografa que namora Bruce/Batman Vick Vale, mas mesmo assim, James demonstra saudade de sua amada Leslie Lee Thompkins, interpretada por Morena Baccarin, que ganha mais destaque neste terceiro ano.

    Já da parte do jovem Bruce (David Mazouz), há não só um assumir de responsabilidades em suas empresas – isso feito obviamente com a supervisão de Alfred (Sean Pertwee) – mas Mazouz também vive o estranho 514, um clone seu, que é só uma das piores idéias que poderia ocorrer em uma série já pessimamente pensada, junto a tudo que ocorre com a versão de Hera Venenosa. A Ivy Pepper, que antes era feita por Clare Foy sofre a ação de um meta-humano, e envelhece horrores, era para ela morrer, mas é pouco exposta e só envelhece, para se tornar Maggie Geha. Essa solução que o produtor Bruno Heller e seus roteiristas tomaram talvez tenha ocorrido para se livrarem da questão de sexualizar uma criança, já que a Selina Kyle de Camren Bicondoya já era utilizada desta forma, e obviamente sofria com rejeição por parte das pessoas mais preocupadas com a ética e moralidade.

    A questão de Pinguim prefeito pode parecer uma loucura, mas há de se lembrar que a primeira menção a isso não é de Gotham e sim de Batman: O Retorno, a diferença é que aqui de fato ocorreu com o vilão vencendo as eleições, e de certa  forma, faz sentido dentro desse universo galhofa em que o programa é inserido. Em se tratando de uma cidade doente, é natural que seu mandatário eleito seja um lunático homicida.

    Mas algumas situações seguem sem uma resposta plausível. Bruce cresce, ao ponto de já se pensar nele como possível Batman, mas ele não tem uma relação maternal com Leslie, James não consegue ser um policial correto, ao invés disso ainda faz as vezes de Serpico, Dirty Harry e outros tiras anti heróicos, e por quais motivos os roteiristas transformam dois vilões em quase um casal homossexual, para estigmatizá-los como insanos logo depois, da mesma forma que fizeram com Barbara antes. E o pior, nenhum dos loucos da série fogem da caricatura, e mesmo quando soavam irreais – afinal, são personagens de historias em quadrinhos –

    Os roteiros são confusos, e muitos elementos são adicionados para encher linguiça. Como parte da tentativa de tornar problemática a jornada de Selina, sua mãe aparece, basicamente para causar rebuliços na sua relação com Bruce, que nem bem são um casal, mas já tem brigas como se fossem. O mesmo ocorre de certa forma com Pinguim e Edward Nygma (Cory Michael Smith) que rompem sua amizade após o primeiro se eleger prefeito. O Charada aliás assume sua faceta de bandido, se aproximando de outros criminosos, fazendo com que o quase romance dos dois vá por água abaixo, com direito a muitas cenas de vergonha alheia da parte do político. Até Jim embarca nessa onda de brigas com seus parceiros, chegando ao cúmulo de matar o marido de Lee, no dia do casamento da mesma, uma vez que ele está infectado por um estranho vírus e está prestes a matar Leslie.

    Gotham seria tão mais honesta caso fosse uma comedia rasgada, ao invés de se levar a serio quanto a tramas politicas e no mergulho, ate as partes dramáticas sao desmedidas, seja a reação intempestiva de Leslie depois de ser salva por Gordon, ou as ilusões com fantasmas que Cobblepot sofre, mesmo Jerome (Cameron Monaghan), que poderia ser um bom adendo ja que seu interprete é bom ator acaba caricato demais, mesmo o ardil do Charada, que envolve muitos personagens e que teoricamente seria um belo plano soa caricato ao extremo. O fato de se levar a serio denigre também outro aspecto da serie, que é a questão de ser um produto de época.  Caso o tom cômico prevalecesse boa parte das sequências fariam sentido, assim como as liberdades poéticas referentes ao amadurecimento de clones,  ou o que ocorre com Hera Venenosa, mas não,  Heller não tem humildade para incorporar o camp de fato aos roteiros, então todos os exageros de atuação não passam de péssimas versões mesmo.

    Toda a sequencia de luta entre Jerome e Bruce até tem momentos emocionantes, mas ela não faz sentido, o príncipe aristocrata de Gotham não tem motivos para ter sua índole discutida ou corrompida, isso pouco importa, e é ridículo a cidade inteira caindo na porrada em um parque. Alem dos outros vilões introduzidos nas temporadas anteriores e ate do Chapeleiro Louco (Benedict Samuel), ha também o Senhor Frio (Nathan Darrow) e outros mais obscuros Victor Zsasz (Anthony Carrigan), mas um outro segmentos mais novo foi inserido, a Corte das Corujas, que “coincidentemente” é muito  mal enquadrada. A historia que ficou famosa após o arco de Scott Snyder na fase Batman: Corte das Corujas, do Morcego nos Novos 52, e fica deslocada demais dessa posição cronológica da origem do Batman. Os momentos finas, onde Lee utiliza da substancia tóxica para realizar sua vingança demonstra que a principal obsessão dos roteiristas é transformar os possíveis pares de Jim em vilãs,e surpreenderá se Valerie também não se tornar má caso reapareça.

    A união de vilões, sobretudo Charada e Barbara faz a cidade perecer, envenenada por uma droga que deixa a maior parte das pessoas agressivas.  No entanto a decisão de tomar o poder é tardia, os dois aliados só decidem isso após toda a zona urbana já estar tomada pelo caos. Outra questão que pairava sobre os episódios, e no capitulo final é dita com todas as letras é a origem de vários vilões através das experiências do professor Hugo Strange.

    Ao menos os capítulos são movimentados, Coblepott ludibria Nygma e ratifica sua parceira com Hera e Senhor Frio, personagens morrem e alianças são desfeitas, Gordon quase sucumbe ao mal  com a desculpa do tal vírus do mal. Há uma tentativa de redenção nos momentos finais, próximo aos créditos, onde Bruce salva uma pessoa, já  como um vigilante pró Batman, e incrivelmente isso é bem feito, apesar de ainda ser uma má ideia utilizar a figura do pequeno Wayne em Gotham, mas que ele está lá, é importante dá importância, sobretudo nas cenas em que ele está fora da cidade, em seu treinamento, no entanto, isso não salva o programa da obvia mediocridade deste terceiro ano.

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  • Elseworlds | O Mega Crossover do Canal CW

    Elseworlds | O Mega Crossover do Canal CW

    O conceito do multiverso sempre existiu no universo da DC nos quadrinhos. Para quem ainda não está familiarizado, o multiverso é uma teoria onde existem diversos mundos paralelos com diversos tipos de realidade. No caso da DC Comics, existem diversas Terras, onde heróis como Superman, Batman e etc podem ser vilões, ou até mesmo heróis sob outros nomes, assim como vilões podem ser heróis, sendo as possibilidades infinitas. No universo da DC nas telas, capitaneada pela CW, não foi diferente, sendo que o multiverso já foi introduzido há tempos no seriado do Flash e o mega crossover do canal, nesse ano de 2018 veio pra mostrar que o multiverso é real e coloca praticamente tudo que já vimos sobre a DC Comics, seja nos seriados, seja nos cinemas, dentro do deste mesmo conceito e isso inclui de maneira espetacular o Flash do seriado dos anos 90; Smallville; o Superman vivido por Christopher Reeve e, até mesmo, os filmes do Batman, que foram dirigidos por Christopher Nolan, claro que nas suas devidas proporções, algumas delas apresentadas apenas como easter eggs.

    Elseworlds começa na Terra 90. Vemos um campo de batalha onde diversos heróis (que parecem ser da Sociedade da Justiça) estão mortos. O último sobrevivente é o l do seriado que foi ao ar nos anos 90 e novamente vivido por John Wesley Ship (velho conhecido dos fãs, uma vez que, além de ser o Henry Allen numa das Terras, é também o Flash Jay Garric de outra Terra). Flash confronta o Monitor, que aparenta ser um poderosíssimo vilão, porém, antes de ser derrotado, o velocista consegue fugir.

    Daqui para frente, vemos parte do universo da CW mexido de maneira intencional. Barry Allen/Flash, em vez de ser vivido por Grant Gustin é vivido por Stephen Amell e Oliver Queen/Arqueiro Verde é vivido pro Gustin. Claro que o verdadeiro Oliver e o verdadeiro Barry sabem que tem algo de errado, contudo, seus colegas do team Flash e team Arrow não acreditam numa só palavra que eles dizem e o que vemos aqui são situações típicas daqueles filmes e episódios ondem existem trocas de corpo, o que mesmo sendo clichê, é algo hilário. Um dos pontos interessantes é que Oliver Queen precisa ser o Flash e Barry Allen precisa ser o Arqueiro Verde, sendo que a personalidade violenta de Queen não se encaixa com a personalidade do velocista escarlate, assim como a personalidade pacífica e brincalhona de Allen, não se encaixa com a do arqueiro esmeralda, e isso acaba interferindo de maneira interessante no episódio.

    Não demora muito para termos o próximo surto da noite, onde os heróis vão até Smallville da Terra 38 procurar a ajuda da Supergirl (Melissa Benoist) e do Superman (Tyler Hoechlin). A pequena cidade é introduzida com o tema de abertura de Smallville – As Aventuras do Superboy, e se passa exatamente na mesma Fazenda Kent usada no seriado. Se Tyler Hoechlin não tivesse aparecido algumas vezes no seriado da Supergirl, seria perfeito que Tom Welling retornasse ao papel e seria então a primeira vez que o ator viveria, de fato o Superman.

    Esse tipo de homenagem permanece o tempo todo pelo crossover, até quando a investigação de Barry e Oliver os levam a Gotham City, também introduzida nesse universo pela primeira vez. Batman/Bruce Wayne abandonaram Gotham e as Empresas Wayne estão sob o comando de Kate Kane (Ruby Rose), que ajuda os heróis na busca de um psiquiatra do Asilo Arkham. Lá podemos ver alguns embates bacanas como o da Nevasca (Danielle Panabaker) enfrentando Nora Fries (a esposa de Mr. Freeze), vivida por Cassandra Jean Amell, esposa de Stephen Amell. Nesta cena, podemos ver uma espécie de museu sinistro com alguns artefatos interessantes, dentre eles, a máscara de Bane (Tom Hardy), de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. E vemos também a Batwoman pela primeira vez em ação. O jeito largado de Ruby Rose serviu perfeitamente para interpretar Kate Kane e a heroína e existem grandes chances da personagem voltar em outras participações e até mesmo ganhar um seriado próprio

    Porém, nem tudo pareceu ser bom em Elseworlds. Apesar de fazer a alegria dos fãs e de ter um roteiro bacana, a coisa fica muito feia quando a terceira e última parte começa. Apenas para esclarecer, apesar do crossover ser um único bloco, o primeiro episódio foi um episódio de Flash, o segundo, um episódio de Arrow e o terceiro, um episódio de Supergirl. Embora a realidade tenha sido gravemente alterada, onde o Superman é um ditador, que usa uniforme negro, o que vemos em tela soa cafona e sem vida alguma, o que deixa o crossover com uma mancha. Nem mesmo as participações do Caçador de Marte (David Harewood) e de Brainiac 5 (Jesse Rath) e o esperado embate entre dois Superman faz com que o espectador se prenda na cadeira e o que se vê, na verdade, é uma torcida para que o episódio acabe logo, o que é uma pena.

    De qualquer forma, ainda assim, Elseworlds é o quinto crossover da CW, e o melhor até aqui, mesmo limando sem dó os personagens de Legends of Tomorrow e reduzindo drasticamente a participação dos personagens centrais de cada seriado, o que foi acertado, já que Invasão e Crise na Terra X tinham personagens e heróis em demasia deixando os roteiros confusos e com alguns furos. Além disso, o crossover desse ano prepara para o que vem em outubro de 2019: Crise Nas Infinitas Terras, uma das maiores histórias da DC Comics e aqui no Vortex você saberá sobre todas as curiosidades deste grandioso evento.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | Aquaman (Piloto Cancelado)

    Review | Aquaman (Piloto Cancelado)

    Há muito tempo, no ano de 2006, quase como um spin off de Smallville que jamais deu certo, Aquaman seria adaptado para as telinhas, contando com Justin Hartley no papel principal, começando por um acidente estranho, envolvendo uma criança e sua mãe e depois a sobrevivência do garoto, salvo por baleias e outros bichos. Nessa parte, o aqua-baby era interpretado por Graham Bentz.

    Curiosamente, Hartley não havia feito o herói no seriado do Superboy, lá Arthur Curry era vivido por Alan Ritchson, ou seja, Jason Momoa não é nem o segundo intérprete do personagem. Hartley viveu o Oliver Queen no programa de Alfred Gough e Milles Millar, mas não seguiu para a série Arrow.

    O clima dessa versão do herói dos mares da DC é de verão total, e a história se passa na beira da praia perto do Triângulo das Bermudas, local onde sua mãe desapareceu. Os dias de Arthur são ocupados com brincadeiras com golfinhos, fato que o faz ser preso, já que ele libertou golfinhos de um parque aquático, e logo percebe-se que o rapaz tem habilidades especiais.

    As cenas dele nadando em alta velocidade são artificiais, e a pós produção não salva em nada, pois Smallville tinha momentos toscos mas não tanto quanto aqui. A série não foi para frente porque na época em que estrearia, a rede de televisão da Warner estava se fundindo com a UPN, formando então a CW, e o projeto não parecia firme o suficiente para estrear.

    Há muitos elementos dos quadrinhos alardeados, como a proximidade do herói com golfinhos – em algumas versões ele foi criado pelos mamíferos aquáticos – e o aparecimento de um atlante clamando por Oren. Outra coincidência curiosa é que Nadia, a sirena/sereia que atacou Arthur e que também matou sua mãe é interpretada por Adrianne Palicki, que mais tarde viria a gravar o piloto de Mulher-Maravilha, que também foi cancelado.

    Esta versão é bem menos boba que a de Mulher-Maravilha, há um tom mais sóbrio, mas nada sombrio como viria a ser a estética que Zack Snyder empregaria no cinema. Há aquele uso infantil de figurinos que remetem as roupas de super-heróis, com Hartley sempre utilizando blusa laranja e shorts verdes. Apesar dos efeitos terríveis e dos personagens caricatos, a sensação que fica ao se assistir atualmente esse especial é de um coito interrompido, de uma proposta que poderia dar certo como Smallville, uma gênese que não pôde ser desenvolvida por desinteresse de quem produziu, reunindo em si as mesmas condições tórridas que Smallville tinha e que Arrow e Flash teriam, mas com um investimento menor e atuações claramente menos carismáticas.

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  • Review | Raio Negro – 1ª Temporada

    Review | Raio Negro – 1ª Temporada

    Parceria do canal CW, que produz o programa, e Netflix, que distribui internacionalmente, Raio Negro é um seriado focado em um herói negro na DC. Começando pelo primeiro que teve uma revista solo, lá nos idos dos anos setenta, e o saldo se mostra bastante positivo, mesmo que ainda tenha alguns vícios inerentes aos programas do canal, como Arrow e Flash.

    A primeira temporada já começa anunciando que o vigilante que dá nome ao seriado está desaparecido há nove anos, e ele prossegue procurado pela polícia da cidade de Freeland. Enquanto isso, é mostrado Jefferson Pierce (Cress Williams) como diretor de uma escola predominantemente formada por alunos e docentes negros. A criação que ele ministra a sua filha caçula Anissa (Nafessa Williams) é bastante rígida. A questão do apreço dele pela ordem prossegue muito viva apesar dele ter aposentado o manto do herói e sua crença de que a violência só gera mais conflito é interrompido por uma ação da polícia, já no piloto, quando ele está levando Anissa e Jennifer (China Anne McClain), sua filha mais velha. Depois de ser encarado como suspeito pela polícia e sem nada a fazer, ele se sente revoltado e ali é a gênese do retorno do herói.

    A série comandada por Salim Akil e Mara Brock Akil tem uma complexidade grande nas suas tramas, apesar de abordar isso de modo simples e leve. A persona de Pierce é trágica apesar dele ser encarado como o “Jesus Negro de Freeland”, ao mesmo tempo que ele é benquisto pela sociedade, sua família é dividida. O motivo de seu divórcio com a mãe de suas filhas, Lynn (Christine Adams) não é dito de primeira, mas fica implícito que é graças ao herói, ao mesmo tempo, por mais que o povo clame por justiça, ele ao utilizar o traje do herói que manipula a eletricidade se torna um pária, amado por alguns e ignorado por quem jurou amar pelo resto da vida. A dicotomia é trágica e explorada de forma bastante madura.

    Enquanto diretor, Pierce se sente impotente, ao ver a invasão do grupo criminoso auto intitulado os 100. O alvo é uma de suas filhas e após a ação violenta em que os bandidos entram armados dentro do colégio, passando por cima de qualquer autoridade instituída, instalando o mesmo terror que ocorria já nas ruas. Após a ação, ele retoma sua roupa e resgata suas filhas em perigo, mas outras mulheres seguem prisioneiras desses criminosos.

    Ainda na trama, o albino Tobias Whale  (Marvin Krondon Jones III) é um mafioso poderoso, acompanhado da linda Syonide (Charibi Dean Kriek), mas no passado, ele vivia a margem de seus irmãos, por não ter a pele com a mesma pigmentação dos seus. A partir daí se explica a sua sociopatia e psicopatia, ao mesmo tempo, Lala (William Catlett) lidera os 100, mas convive com os fantasmas das pessoas que assassina. A probabilidade dos personagens soarem caricatos aqui eram enormes, mas isso não ocorre, mesmo quando eles agem como seres maniqueístas não parecem infantis, ao contrario de Martin Proctor, vivido por Gregg Henry, que faz um homem corrupto que repete a todo momento o slogan da campanha de Donald Trump.

    Como era de se esperar nenhuma boa ação sai impune e o retorno do herói coincide com (ou é) a causa do aumento da violência na cidade, e o modo como se lida com essa dicotomia é bastante adulto também. Mesmo se utilizando do clichê de apelar para o uso continuo que a juventude faz com uma nova droga – a chamada Luz Verde – não há saídas fáceis e tudo que envolve as figuras dos vilões, ao menos no começo, é muito bem feita.

    A identidade visual da série é algo único, e os atores exercem muito bem seus papéis, por mais bobas que sejam alguma situações e as coincidências inerentes a uma série de heróis, ainda assim tudo faz sentido, o espectador compra facilmente o drama de cada uma das pessoas retratadas ao longo dos 13 capítulos.

    O texto contém alguns elementos panfletários, mas a mensagem é bastante clara de que a sociedade só será livre de fato quando todos os negros não sejam mais ameaçados pela criminalidade assolada naquele lugar, e somente os próprios poderiam fazer isso, mais ninguém conseguiria, e mesmos as ações do Raio Negro deveriam visar a comunidade inteira, e não só os parentes do seu alter ego.

    O seriado surpreende por conseguir trazer todas essas pautas importantes de maneira natural e fluida. Não soa forçado, tudo é levado de maneira bastante orgânica , excetuando as lutas que ainda tem muito de CW e alguns dos trajes dos heróis – ainda assim, são menos artificiais que os programas dos outros canais. Os personagens LGBT não são estereotipados, nem há necessidade de falar de um jeito infantil para o espectador, ao contrário, o texto é franco, e até às insinuações de sexo são menos quadradas que o visto nas séries da Marvel.

    Mesmo a questão do mentor é bem construída. O Peter Gambi de James Remar é uma fonte de inspiração para Jeff e para o restante da família, ele protege o pupilo desde muito cedo como um filho, mas ele não é imune a falhas, na verdade é um sujeito vacilante e que paga por seus pecados. Não é o sujeito que leva o personagem negro pela mão e o ensina todo o código ético comum aos heróis clássicos, ele está lá somente para ser consultado e ajudar algumas vezes, não para ser a bússola moral de ninguém.

    O episódio final da temporada resgata parte do passado de Jefferson e da ligação que seu falecido pai teve com Gambi, além de fechar os arcos com os vilões e gerar uma finalização bastante adocicada para a família. Raio Negro tem personalidade e identidade, e é bom para o programa que não tenha qualquer ligação com os outros programas do canal, já que claramente não é feito para a mesma faixa etária de público, e contaminar essa série que funciona seria penoso demais. A torcida é para que Salim e Mara Brook Akil tenham liberdade para falar exatamente do que quiserem ao longo das temporadas do programa.

    https://www.youtube.com/watch?v=apZ2tRoz5wA

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  • Review | What Remains of Edith Finch

    Review | What Remains of Edith Finch

    Eis aqui um jogo muito interessante que, infelizmente, não recebeu a atenção que merecia. Talvez por se tratar de um walking simulator, gênero que não tem apelo ao grande público. Jogos desse gênero são focados na história e, geralmente, possuem jogabilidade simples e limitada. Um exemplo de destaque foi Gone Home. Porém, temos aqui um exemplo de como brincar com a jogabilidade e utilizar isso de forma magistral para construir a narrativa.

    What Remains of Edith Finch contra a história de uma família amaldiçoada, cujos membros sofreram mortes estranhas. Ao longo das duas horas de jogatina, somos apresentados à propriedade da família, que engloba uma casa e seus arredores. Aqui começa a genialidade do jogo.

    Tudo é visto em primeira pessoa. Você anda pelo cenário, e narrações são feitas de maneira não convencional: os textos aparecem ao longo do cenário.  E mais, as narrações são “acionadas” de acordo com o lugar que você se encontra e olha, dando um ritmo bem peculiar ao jogo. Além da narração da sua personagem, temos atuações de vozes dos membros da família. E aqui a mágica acontece.

    Para subverter o gênero e trazer algo diversificado, cada membro da família possui uma história própria, e junto com ela, uma jogabilidade própria.  Sim, existem variações de jogabilidade ao longo da trama, e isso é feito de uma maneira sensacional. Por mais que as variações mantenham a jogabilidade simples, as diferenças em si dão um charme muito especial.

    É impossível dar maiores detalhes sem estragar sua experiência. Por isso, tudo que eu posso dizer é: o jogo vale seu investimento de tempo e dinheiro. Sem dúvidas, é um dos walking simulators mais interessantes já lançados, seja pela criatividade narrativa, seja pela história envolvente e interessante. Parabéns à desenvolvedora Giant Sparrow, que merecidamente conquistou o Bafta com esta pérola dos videogames.

    Disponível para Playstation 4, Xbox OnePC.

  • Agenda Cultural 65 | Car Wash, Lionélson ataca novamente, 1000 edições de Superman

    Agenda Cultural 65 | Car Wash, Lionélson ataca novamente, 1000 edições de Superman

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) recebem o convidado Wilker Medeiros (@willtage) para bater um papo sobre o que rolou nos cinemas, as polêmicas envolvendo a série “O Mecanismo”, a edição comemorativa de Actions Comics e muitos mais.

    Duração: 93 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Julio Assano Junior
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Comentados na Edição

    Séries

    Review O Mecanismo – 1ª Temporada (Vídeo Cinema Raiz)
    Jessica Jones – 2ª Temporada

    Cinema

    Crítica Projeto Flórida (Alerta Vermelho #68)
    Crítica 15h17: Trem Para Paris
    Crítica Operação Red Sparrow
    Crítica O Passageiro
    Crítica Tomb Raider: A Origem
    Crítica Círculo de Fogo: A Revolta
    Crítica A Melhor Escolha
    Crítica Jogador Nº 1

    Quadrinhos

    Action Comics #1000 – Compre aqui
    Visão: Pouco Pior que Homem – Compre aqui

    Avalie-nos na iTunes Store.

  • Crítica | Dragon Ball Evolution

    Crítica | Dragon Ball Evolution

    Em 2009, um sonho estava prestes a se realizar para todos os fãs de Dragon Ball: o lançamento do filme em live-action oficial, chamado Dragon Ball Evolution. Cercado por expectativas grandes, a direção coube a James Wong, diretor responsável pelo terror chiclete Premonição e pelo bom filme americano de Jet Li, O Confronto. A mitologia do anime/mangá já é modificada em seu início, ao mostrar que Piccolo foi aprisionado séculos atrás por uma técnica chamado Mafuba e tinha como capanga um macaco gigante chamado Oozaru.

    Não demora até aparecer seu protagonista, vivido por Justin Chatwin, um rapaz  (de aproximadamente 26 anos) que vivia na cidade, frequentava a escola, sofria bullying e treinava com seu avô, Son Gohan (Randall Duk Kim), esse sim com uma aparência japonesa. Ora, por mais que se reclame, Goku não precisaria ter feições japonesas, pois tecnicamente é um alienígena, mas na história original, geraria estranheza se não o fosse. Como aqui ele está na América, tudo certo, ao menos aparentemente.

    Goku é mostrado como um garoto comum, apaixonado pela garota bonita da escola, Chichi (Jamie Chung), muito diferente do menino eremita que durante muitos anos de sua vida só teve contato com seu avô, não só no fato de ser antissocial e não adepto de algumas normas comuns ao contrato social, mas também de não se deixar intimidar. O modo como ele encontra para se aproximar de sua amada, é utilizar suas habilidades de ki para abrir todos os armários da escola ao mesmo tempo, em um exibicionismo fora das lutas que fere qualquer código de ética de arte marcial.

    Talvez o único senão positivo do filme, indiscutivelmente, sejam os designs das esferas do dragão. As bolas alaranjadas tem seu número de estrelas flutuante ao longo de sua circunferência, para que qualquer pessoa possa ver de qual esfera se trata. Elas parecem emanar um poder mesmo distantes umas das outras e essa sempre foi a impressão que o anime passou desde a primeira vez que foi exibido no Brasil pelo canal SBT.

    Mas logo essa sensação boa é cortada, para mostrar a ida do protagonista como penetra na festividade de Chichi, onde ele exibe suas esquivas em slow motion contra o bully Carey Fuller (Texas Battle), o mesmo que namora a moça. Há alguns detalhes legais nesse momento, como a festa ser num castelo, referenciando o lar do Rei Cutelo e da pequena Chichi na fase clássica do desenho, e as referências à lua cheia, ainda que Goku não tenha rabo e não possa se transformar em um macaco gigante assassino.

    A personificação de Goku não é falha só por conta dele não ser um capiau sem noção do que é a vida, mas também por seu visual. Seu cabelo emplastado de gel faz ele parecer mais um dos coadjuvantes desimportantes de séries da CW como Arrow e The Flash, já que se enquadra no padrão de rapaz descoladinho que circula nesse tipo de série, mas não bem arrumado o suficiente para estar no elenco principal, que normalmente é ocupado por atores e atrizes de corpos esculturais, mas completamente inexpressivos. Chatwin consegue ficar no limbo entre as duas características, já que não se trata de um sujeito de beleza indiscutível, assim como também não é um mal ator, aliás ele normalmente se apresenta bem nos seriados que faz, o problema aqui é claramente o roteiro.

    A libertação de Piccolo do feitiço que o prendia não é muito bem explicada, aliás falta nexo nessa sequência. Desse modo, Goku se vê obrigado a ir até o antigo mestre de Gohan para avisá-lo. Nesse ínterim ele encontra a bela Bulma (Emmy Rossum) que é a personagem mais parecida com a original, apesar de obviamente não ter feições típicas de uma asiática. A casa de Kame também não é localizada numa ilha no meio do oceano e sim no meio da cidade. Aqui também se vê um dos poucos pontos legais no filme, que é a forma que uma das motos de Bulma sai de dentro da cápsula, mas esse momento dura poucos segundos, e logo os preciosismos do roteiro de Ben Ramsey voltam, basicamente pondo o nada carismático Goku para lidar com o Kame, de Chow Yun Fat. Aqui, ele é chamado de Roshi (como normalmente é chamado nas animações nos Estados Unidos), e apesar da personalidade magnética de Fat, ele faz lembrar pouco o personagem original, ainda que este não seja exatamente um problema, já que o filme comete erros muito mais grotescos em torno dos seus 85 minutos.

    Ao menos o lado tarado de Kame é diminuído, ele é só um onanista que coleciona pornografia e não um homem que tenta bolinar toda garota que aparece. Impressionantemente cada vez que o texto acerta algo, ele logo faz questão em esquecer disso e trazer mais um caso grotesco à baila. Goku quanto toca as esferas mágicas sente uma premonição, e isso não faz sentido algum seja em qual versão do mito isso foi inspirado.

    Perde-se um tempo demasiado tentando fazer dois casais acontecerem, Bulma e Yamcha (Joon Park) e Goku e Chichi. Enquanto isso, Piccolo, vivido por James  Marsters, manda sua capanga Mai (Eriko Tamura) em busca das esferas do dragão. A hora do combate entre as forças do bem e do mal se aproxima, em eventos anti-climáticos. A maior parte do visual simplesmente não encaixa. A parte dos efeitos especiais e das rajadas de poder lançadas ficam extremamente genéricas, não tem nem charme nem semelhanças com o que se vê nas versões animadas. Até Matrix Revolutions tem mais em comum com a obra do Toriyama do que com este, nas lutas entre Senhor Smith e Neo.

    A luta contra Piccolo é totalmente anti climática, e a convocação a Shenlong é feito de um modo também nada inspirador ou digno de nota. O dragão é uma presença dourada, digna de Dragon Ball O Início da Magia, mas sem muita preocupação em parecer uma adaptação de Dragon Ball. O problema aqui claramente é de espírito, Dragon Ball Evolution pouco ou praticamente nada do material original, e aparenta ser só uma produção caça níqueis, feita a toque de caixa e sem preocupação alguma com o corpo enorme de fãs que a saga tem pelo mundo. É uma produção sem alma, ambiciosa e que acerta muito pouco, tanto no quesito adaptação quanto no quesito cinema, uma vez que nem as atuações (e isso inclui até Fat) não convencem, tampouco as sequências de ação. O filme ainda tem a pachorra de ter um final em aberto, com uma cena pós credito  das mais safadas, com um cliffhanger muito oportunista.

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  • Resenha | Universo DC Renascimento: Arqueiro Verde – Volume 1

    Resenha | Universo DC Renascimento: Arqueiro Verde – Volume 1

    Umas das premissas da fase Renascimento da DC Comics é trazer seus personagens de volta às suas representações mais icônicas. Em Os Novos 52, o veterano personagem Arqueiro Verde foi modernizado, assumindo características mais próximas das suas versões live-action nos seriados Smallville e Arrow, onde ele é representado como um jovem milionário – algo bem próximo de suas primeiras histórias em quadrinhos, que tentavam emular o estilo dos gibis do Batman na época. Mas o Oliver Queen que mais se destaca na memória dos leitores de quadrinhos é o personagem da fase de Dennis O’Neil e Neal Adams, quando o herói apresenta ao Lanterna Verde os problemas reais da classe menos abastada dos Estados Unidos em uma road trip repleta de aventuras e críticas sociais. Um marco para os quadrinhos. Esse estilo foi muito bem retratado na animação Liga da Justiça – Sem Limites, onde ele se define como “um velho esquerdista”.

    Neste primeiro volume da fase Renascimento do Arqueiro Verde, vemos um retorno a essa caracterização. O “riquinho metido” dá lugar ao autoproclamado “Guerreiro da Justiça Social”, voltando inclusive a adotar o cavanhaque típico de Robin Hood. Seu relacionamento com a Canário Negro volta a ser ponto chave da trama, e muito do que foi estabelecido na fase anterior (principalmente seus laços de família) continua sendo explorado.

    O roteiro de Benjamim Percy, por vezes com boas ideias, peca pelo exagero e o cliché. Embora as caracterizações dos personagens estejam coerentes e os diálogos bem sacados (mesmo quando toscos), a narrativa que envolve uma sociedade secreta dominando o submundo – literalmente – de Seattle parece algo não muito condizente com o status de herói urbano do Arqueiro Verde. Embora enfrentar todo tipo de monstros não seja lá algo estranho ao velho Oliver, o teor místico do Nono Círculo (organização secreta que remete ao Inferno de Dante Alighieri) parece forçar a barra. Junte-se a isso a mudança abrupta do estilo de arte no meio do volume e a história parece não ser mais a mesma do início.

    Não que a arte seja ruim, muito pelo contrário! A primeira parte conta com a leveza e o dinamismo da arte de Otto Schmidt, que faz com que o texto de Percy flua de forma natural. Já o estilo da segunda parte – que ficou a cargo de Juan Ferreyra – lembra em muito o visual da série Os Caçadores, clássico do herói nos anos 1980. Apesar de um espetáculo visual, em alguns momentos a ação fica um tanto “truncada” e o ritmo se perde um pouco.

    A decisão da Panini em publicar esse arco – e os outros na sequência – em um volume encadernado está de acordo com a nova estratégia da editora de focar suas mensais nos títulos do Batman e do Superman, evitando os mixes de outrora que deixavam boas histórias perdidas no meio de outras medíocres. Contudo, faltou o conteúdo extra presente na edição americana na qual foi baseada a versão nacional. Embora não seja uma obra prima, esse primeiro volume pode ser, principalmente, um bom ponto de partida para leitores novos ou antigos que se afastaram nos últimos anos.

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  • Crise na Terra X | O Mega Crossover do Canal CW

    Crise na Terra X | O Mega Crossover do Canal CW

    Eis que chegou o tão aguardado crossover do Canal CW. Vale lembrar que a reunião dos maiores heróis do canal se deu anos atrás quando Barry Allen (Grant Gustin) apareceu em Arrow investigando a morte de sua mãe, ocorrida durante a sua infância e após o término do episódio, o jovem investigador é atingido por um raio, o que deu início ao seriado do Flash. O segundo encontro dos heróis se deu no ano seguinte, quando um participou do episódio do outro e o primeiro crossover propriamente dito, colocou tanto os heróis, quanto seus coadjuvantes para enfrentarem o vilão Vandal Savage, o que serviu para introduzir outra série do canal, intitulada Legends of Tomorrow. Com a inclusão de Supergirl no catálogo, o lance ficou de fato épico, ao adaptar a saga Invasão, da DC Comics e ainda que o resultado não tenha sido satisfatório, é sempre bom ver uma equipe de heróis reunidos em tela, seja de qualquer plataforma. No final de 2017, como de costume, a mega reunião ganhou mais um capítulo com a história Crise na Terra X.

    Para quem não está familiarizado com o universo dos quadrinhos ou da televisão, nosso universo é formado por infinitas Terras, onde nós existimos de maneira igual, diferente ou exatamente o oposto do que somos. A teoria (que é existente no mundo real) já foi explicada diversas vezes em The Flash e repassada para os outros seriados, tanto que é costumeiro vermos heróis e vilões de outras Terras. E é sobre exatamente isso que Crise na Terra X se trata.

    Durante o casamento de Barry Allen e Iris West (Candice Patton), os noivos e convidados são atacados por um exército de soldados nazistas liderados por um arqueiro tão bom quanto Oliver Queen (Stephen Amell), por uma mulher tão poderosa quanto Kara Danvers (Melissa Benoist) e por um velocista tão rápido quanto Barry. Não demora muito para os heróis descobrirem que o ataque veio de membros da Terra X, uma Terra controlada pelos nazistas desde sua vitória na Segunda Guerra Mundial. E não demora para sabermos também que o arqueiro e a mulher são Oliver Queen e Kara Danvers da Terra X, aliados com Eobard Thawne, o Flash Reverso da Terra 1, aqui vivido, novamente por Tom Cavanaugh, que interpreta, também o professor Harry Wells. Um fato curioso é que Oliver Queen, além de líder dos nazistas, é casado com Kara.

    O episódio tem bons momentos, principalmente quando as versões malignas dos heróis estão em cena. O Oliver Queen nazista, por exemplo, não é uma versão tão diferente do que o Oliver Queen que conhecemos foi nas duas primeiras temporadas de Arrow, mas o destaque ficou para uma trama paralela (uma das diversas ali presentes) que envolvia o herói Firestorm, formado pela fusão do Dr. Martin Stein (Victor Garber) e Jefferson Jackson (Franza Drameh). Infelizmente, Victor Garber precisou deixar o seriado e os produtores deram um final emocionante para a dupla, o que interferiu diretamente na resolução da trama principal. Crise na Terra X também marca o retorno de Wentworth Miller, desta vez interpretando Cidadão Frio, que é a versão heroica da Terra X para o Capitão Frio, devidamente trajado como nos quadrinhos, deixando registrada a homenagem, além da estréia do herói Ray, interpretado por Russel Tovey. Apesar do excesso de personagens em tela, muitos deles ficam completamente esquecidos em cena por conta da necessidade de focar os acontecimentos nos personagens principais, mas é sempre bom acompanhar os heróis interagindo entre si, principalmente quando Onda Térmica (Dominic Purcell) está em cena.

    Enquanto Legends of Tomorrow se encontra em seu final de temporada, Supergirl, Flash e Arrow entram na reta final de suas respectivas temporadas. Qual será o tema do próximo crossover? Aguarde notícias em breve.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

    https://www.youtube.com/watch?v=HmVBRdqCOHg

  • Os livros Que Inspiraram os Indicados ao Oscar 2018

    Os livros Que Inspiraram os Indicados ao Oscar 2018

    Assim como no ano passado (clique aqui), selecionamos a lista de todas as obras que foram adaptadas e indicadas na premiação do Oscar de 2018, a maioria delas traduzida e publicadas por editoras nacionais.

    Me Chame Pelo Seu Nome (Compre aqui)

    O livro do egípcio André Aciman que deu origem ao filme homônimo dirigido por Luca Guadagnino — aclamado nos festivais de Berlim, Toronto, do Rio, no Sundance e um dos principais candidatos ao Oscar de 2018 — foi traduzido por Alessandra Esteche e publicado pela editora Intrínseca. Até o momento, Me Chame Pelo Seu Nome é o único livro traduzido e publicado de Aciman no Brasil.

    Sinopse: A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.

    Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.

    Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.

    Todo o Dinheiro do Mundo (Compre aqui)

    O filme mais recente de Ridley Scott foi uma adaptação do livro do romancista e biografo inglês John Pearson. O autor se tornou conhecido nos anos 1960 por ter escrito a biografia de Ian Fleming, criador do 007. Além disso, nos anos 1970 escreveu uma biografia de James Bond em primeira pessoa, apesar do sucesso de vendas, o autor recusou uma  nova oferta para escrever mais romances do agente fictício, passando a se dedicar a literatura de não-ficção. Em 1995 escreveu Painfully Rich: the Outrageous Fortunes and Misfortunes of the Heirs of J. Paul Getty, que acaba de ganhar uma versão traduzida e publicada pela HarpersCollins Brasil, com o mesmo nome do longa-metragem.

    Sinopse: O magnata do petróleo J. Paul Getty construiu a maior fortuna dos Estados Unidos – e chegou perto de destruir a própria família no processo, com o nome Getty, como um jornalista declarou, “se tornando sinônimo de família problemática”. Mas o desastre precisava acontecer?

    Quando Paul Getty foi sequestrado aos dezesseis anos, a notícia se espalhou pelo mundo. Mas seu avô, então o americano mais rico vivo, se recusou a pagar o resgate, ignorando o sofrimento do neto. Com os dias se arrastando dolorosamente, virou responsabilidade de Gail, a mãe perturbada mas determinada de Paul, negociar com os sequestradores…

    Nesta biografia completa da família Getty, John Pearson narra a criação da riqueza fenomenal e as maneiras como ela tocou e manchou as vidas de várias gerações, traçando boa parte dos problemas até a figura bizarra do bilionário avarento, o próprio J. Paul Getty – e demonstra que o dinheiro pode sim comprar a sobrevivência e até a felicidade.

    Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi (Compre aqui)

    Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi não é o primeiro romance publicado da autora americana Hillary Jordan no Brasil. Em 2013, a editora Bertrand anunciou o lançamento do livro Quando Ela Acordou. Quase cinco anos depois, com o advento do filme de Dee Rees lançado na Netflix que adaptou a obra de Jordan, a editora Arqueiro decidiu investir nos direitos de publicação. O responsável pela tradução é Marcelo Mendes, tradutor de outras obras da editora e de outro romance recém-adaptado que chegou nos cinemas recentemente, Operação Red Sparrow: Pronta Pra Seduzir, Treinada Para Matar.

    Sinopse: Ao descobrir que o marido, Henry, acaba de comprar uma fazenda de algodão no Sul dos Estados Unidos, Laura McAllan, uma típica mulher da cidade, compreende que nunca mais será feliz. Apesar disso, ela se esforça para criar as filhas num lugar inóspito, sob os olhos vigilantes e cruéis de seu sogro.

    Enquanto os McAllans lutam para prosperar numa terra infértil, dois bravos e condecorados soldados retornam do front e alteram para sempre a dinâmica não só da fazenda, mas da própria cidade. Jamie, o jovem e sedutor irmão de Henry, faz Laura de repente renascer para a vida, enquanto Ronsel, filho dos arrendatários negros que trabalham para Henry, demonstra uma altivez que não será aceita facilmente pelos brancos da região.   

    De fato, quando os jovens ex-combatentes se tornam amigos, sua improvável relação desperta sentimentos violentos nos habitantes e uma nova e impiedosa batalha tem início na vida de todos.

    Alternando a narrativa entre vários pontos de vista, este premiado romance oferece ao leitor diferentes versões dos acontecimentos. Os personagens, lutando por sentimentos de amor e honra num lugar e época brutais, se veem dentro de uma tragédia de enormes proporções e encontram redenção onde menos esperam.

    Artista do Desastre (Compre aqui)

    The Disaster Artist: My Life Inside the Room, the Greatest Bad Movie Ever Made é certamente uma das publicações mais curiosas da lista. O livro que ganhou uma adaptação recente de James Franco, infelizmente não foi publicado no Brasil e não há qualquer notícia de que o seja. Curiosamente, o livro de Tom Bissell e Greg Sestero é um best-seller lá fora, diferente de vários outros livros desta seleção.

    Sinopse: Em 2003, um filme independente chamado The Room, estrelado e escrito, produzido e dirigido por um desajustado social misteriosamente rico, chamado Tommy Wiseau, fez sua desastrosa estréia em Los Angeles. Descrito por um crítico como “como ser esfaqueado na cabeça”, o filme de US$ 6 milhões ganhou um valor total de US$ 1.800 de bilheteria e foi retirado de cartaz após duas semanas. Dez anos depois, se tornou um fenômeno de culto internacional.

    Aclamado pelo The Huffington Post como “possivelmente a parte mais importante da literatura já impressa”, The Disaster Artist é a história hilária de um fenômeno cinematográfico deliciosamente horrível, bem como a história de uma estranha e inspiradora amizade de Hollywood. Greg Sestero, amigo de Tommy, relata a estranha jornada do filme para a infâmia, explicando como as inúmeras cenas absurdas do filme e o diálogo começaram a revelar o mistério do próprio Tommy Wiseau. Mas mais do que apenas uma história divertida sobre a arrogância cinematográfica, “The Disaster Artist é um dos livros mais honestos sobre a amizade que eu li em anos” (Los Angeles Times).

    A Grande Jogada (Compre aqui)

    Adaptado para os cinemas com direção e roteiro de Aaron Sorkin, de A Rede Social Steve Jobso filme marca o primeiro trabalho de Sorkin como diretor. A Grande Jogada tem no elenco Jessica Chastain (Perdido em Marte e A Hora Mais Escura) no papel de Molly Bloom, além de Idris Elba, Kevin Costner e Michael Cera. A biografia escrita pela própria biografada foi traduzida e publicada pela editora Intrínseca.

    Sinopse: Com pouco mais de 30 anos, Molly Bloom ganhou as manchetes dos jornais ao ser presa pelo FBI por operar fora da legalidade uma das mais milionárias mesas de pôquer do mundo. Bonita e atraente, cortejada por homens poderosos, com um guarda-roupa de grife e montanhas de dinheiro no banco, a Princesa do Pôquer, como ficou conhecida, parecia mais uma estrela de Hollywood que uma criminosa confessa.

    E foi em Hollywood mesmo que ela começou, do zero, a promover as mesas pelas quais passariam, nos anos seguintes, centenas de milhões de dólares, em partidas que aconteciam em luxuosas suítes de hotéis, para uma seleta lista de convidados dispostos a desembolsar quantias que partiam dos seis dígitos. Entre eles, astros como Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e Ben Affleck, mandachuvas da indústria do entretenimento, líderes estrangeiros, grandes magnatas e até mesmo a máfia russa.

    Memórias de excessos, glamour e ganância narradas por uma mulher que sabia exatamente onde estava a linha que separa o legal do ilegal e escolheu conscientemente cruzá-la.

    Logan (Compre aqui)

    Livremente inspirado no quadrinho escrito por Mark Millar (Supremos, Kick-Ass) e desenhado por Steven McNiven (Guerra Civil), O Velho Logan foi lançado em 2008, e tinha como plano de fundo um universo alternativo distópico. Posteriormente, Brian Michael Bendis trabalhou com o personagem durante o evento Guerra Secreta, que contou com a arte de Andrea Sorrentino. No Brasil, a série de Millar e McNiven foi publicada mensalmente na revista Wolverine nº 57 a 64, pela Panini Comics, e encadernada na Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel, A n° 58, pela editora Salvat.

    Sinopse: Cinquenta anos no futuro, a América se tornou um vasto território dividido em feudos e governado por vários supervilões. Desde que os heróis tombaram, o que aconteceu com Wolverine passou a ser um grande mistério: em seu lugar vive um velho chamado Logan. Sem querer nada além de poder cuidar da família, Logan tem sua vida subitamente ameaçada… e se vê obrigado a viajar pela estranha nova América com a missão de proteger seu futuro e redescobrir seu passado.

    O Poderoso Chefinho (Compre aqui)

    Marla Frazee, autora de The Boss Baby — livro adaptado para os cinemas na animação homônima —  é reconhecida pelo seu trabalho voltado a literatura infantil, sendo vencedora de dois Caldecott Honors, premiação esta destinada ao reconhecimento do melhor livro ilustrado americano para crianças. A autora não tem nenhum trabalho publicado no Brasil até os dias de hoje.

    Sinopse: A partir do momento em que o bebê chegou, era óbvio que ele era o chefe.

    O bebê do chefe está acostumado a obter o seu caminho – bebidas feitas sob encomenda 24 horas por dia, 7 dias por semana, um jato particular e reuniões 24 horas por dia. Mas quando suas demandas não estão obtendo respostas adequadas, ele tem que dar novos comprimentos para alcançar a atenção que ele merece.

    Marla Frazee traz sua sagacidade de assinatura e humor – juntamente com ilustrações adoráveis ​​- para um livro que explora o efeito da nova chegada muito incomum de uma família.

    O Touro Ferdinando (Compre aqui)

    Um dos maiores clássicos da literatura infantil e que ganhou vida na animação dirigida por Carlos Saldanha. Escrito pelo americano e professor de literatura inglesa Munro Leaf e ilustrado pelo desenhista americano Robert Lawson. Leaf também foi editor literário, mas é mais lembrado pelo livro infantil em questão, que trazia um touro espanhol mais interessado em cheirar flores do que participar de touradas. O pequeno romance, assim que publicado, provocou considerável polêmica, sendo proibido na Espanha e queimado na Alemanha nazista por ser considerado um símbolo pacifista. Em 1938 o livro foi adaptado em um curta-metragem da Disney. O livro foi republicado, recentemente, pela editora Intrínseca.

    Sinopse: Com mais de 80 anos de vida, o simpático Ferdinando continua em boa forma. Sua história não envelheceu um dia sequer, ainda hoje conquistando corações e inspirando o respeito pelas diferenças.

    Publicado originalmente em 1938, O touro Ferdinando marcou gerações no mundo todo, tendo sido traduzido para mais de 60 idiomas. Com uma narrativa singela, uma união perfeita entre as ilustrações e o texto de humor delicado, o livro conta a história de um touro que, apesar de seu tamanho e sua força, não tem interesse em lutar nas touradas. Tudo que ele quer é cheirar as flores e ficar quietinho no seu canto, mas às vezes o mundo à nossa volta não compreende aqueles que são diferentes da maioria.

    Com um personagem encantador e ilustrações impecáveis, a obra traz uma mensagem universal e atemporal e certamente será amada também pelo público brasileiro.

    The Breadwinner (Compre aqui)

    The Breadwinner é uma das animações que estão na disputa pelo Oscar. O filme ainda não foi lançado no Brasil, no entanto, o livro que serviu de inspiração para o longa já ganhou tradução de ninguém menos que Ana Maria Machado e foi publicado em 2012 pela editora Ática. A continuação do livro de Deborah Ellis, A Viagem De Parvana: Mais Histórias De Uma Garota Afegã, também foi publicado no Brasil pela mesma editora.

    Sinopse: Aos 11 anos, a afegã Parvana está em apuros. Com o pai preso e o irmão mais velho morto, quem sustentará a casa se, pelas leis do governo Talibã, as mulheres não podem trabalhar? Só resta a Parvana se disfarçar de menino.

    A Bela e a Fera (Compre aqui)

    Imortalizado pela animação de 1991 da Disney, e recentemente, transformado em live-action, A Bela e a Fera é um romance de 1740, escrito por Madame de Villeneuve, e posteriormente reescrito em 1756 por Madame de Beaumont. A editora Zahar em sua coleção clássicos reuniu as duas versões em um belo livro repleto de cores, ilustrações e curiosidades sobre a obra e as autoras.

    Sinopse: A versão original do clássico que inspirou o novo filme da Disney, estrelado por Emma Watson Adaptado, filmado e encenado inúmeras vezes, o enredo de A Bela e a Fera vai muito além da jovem obrigada a casar com uma horrenda Fera que no final se revela um lindo príncipe preso sob um feitiço. Nessa edição bolso de luxo da coleção Clássicos Zahar você encontra reunidas duas variantes da história. A versão clássica, escrita por Madame de Beaumont em 1756, vem embalando gerações e inspirou quase todos os filmes, peças, composições e adaptações que hoje conhecemos. A versão original, que Madame de Villeneuve publicara em 1740, é de uma riqueza espantosa, que entre outras coisas traz as histórias pregressas da Fera e da Bela e dá voz ao monstro para que ele mesmo narre seu destino. Toda em cores e ilustrada, essa edição conta com ótima tradução do premiado André Telles, uma apresentação reveladora e instigante assinada por Rodrigo Lacerda e cronologia das autoras. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.

    Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Compre aqui)

    O drama dirigido por Stephen Frears e estrelado por Judi Dench e Ali Fazal recebeu duas indicações pontuais: Melhor figurino e maquiagem e cabelo. O que poucos sabem é que o longa-metragem foi baseado no romance homônimo da jornalista indiana Shrabani Basu. Fruto de uma pesquisa intensa de mais de 4 anos, Basu descobriu a existência de um indiano que se tornou amigo e conselheiro da Rainha Victoria, em pleno período de colonização inglesa na Índia. O livro não foi publicado no Brasil até o momento.

    Sinopse: A amizade mais improvável da história – esta é a história surpreendente da rainha Victoria e do jovem indiano Abdul Karim.

    Nos anos crepusculares de seu reinado, após as mortes devastadoras de seus dois grandes amores – o Príncipe Albert e John Brown – a Rainha Victoria conhece o alto e belo Abdul Karim. Os dois formam um vínculo improvável e, dentro de um ano, Abdul se torna uma figura poderosa na corte, professor da rainha e conselheiro sobre assuntos urdu e indianos, e um amigo verdadeiro. Isso marcou o início da década mais escandalosa no longo reinado da rainha Victoria. À medida que a casa real se arrependia de ressentimento, a devoção de Victoria e Abdul crescia desafiando. Tirado de segredos cuidadosamente guardados por mais de um século, Victoria & Abdul é uma história extraordinária e íntima dos últimos anos da corte inglesa do século XIX e uma visão inesquecível sobre as paixões de uma rainha envelhecida.

    Extraordinário (Compre aqui)

    O diretor Stephen Chbosky fez história em 2012 com o longa-metragem As Vantagens de Ser Invisível, romance de sua autoria sobre adolescentes desajustados que tentam encontrar o seu lugar no mundo. Em 2017, Chbosky decidiu adaptar um romance publicado na mesma época em que havia sido publicado o seu The Perks of Being a Wallflower. Extraordinário, de R.J. Palacio foi um sucesso quase instantâneo, sendo traduzido e publicado pela editora Intrínseca pouco tempo depois de ser lançado nos EUA.

    Sinopse: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade.. até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular em Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apenas da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

    R.J.Palacio criou uma história edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade – um impacto forte, comovente e , sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.

    Para espalhar a mensagem de Extraordinário, Palacio iniciou uma campanha antibullying, da qual milhares de crianças já participaram.

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  • Os Maiores Indicados ao Oscar de Melhor Direção

    Os Maiores Indicados ao Oscar de Melhor Direção

    Todo ano, desde 1929, a Academia seleciona o melhor diretor em uma lista de cinco indicados. O prêmio mais desejado da indústria do Cinema dá direito ao vencedor de receber a cobiçada estatueta e de fazer um breve discurso — quase sempre interrompido por uma música indesejada. Contudo, o objetivo deste artigo não é de celebrarmos os grandes vencedores da premiação, mas relembrarmos os cineastas que mais vezes foram indicados ao longo de toda a história da Academia. Para não tornar a lista extensa demais, fizemos um recorte de diretores com um número de no mínimo 6 indicações.

    8. Frank Capra (1897 – 1991)

    Francesco Rosario Capra nasceu em 18 de maio de 1897, em Bisacquino, na Sicília, Itália. Mudou-se para os Estados Unidos ainda criança, com os pais e mais seis irmãos, vindo a se instalar numa comunidade italiana em Los Angeles. Capra trabalhou desde muito jovem, formando-se no California Institute of Technology com diploma de engenharia química. Alistou-se no exército do EUA, servindo como segundo-tenente durante o último ano do conflito, mas voltou para casa após contrair gripe espanhola. Com a morte do pai, Capra passou os anos seguintes sem emprego fixo. Durante essa época se tornou cidadão americano, assumindo o nome de Frank Russell Capra.

    O interesse por Capra pelo cinema se deu durante os anos 1920, quando trabalhou em pequenos estúdios, como assistente de câmera, edição, escritor, assistente de direção, entre outras atividades. Acabou contratado pela Columbia Pictures para produzir novos longas-metragens e competir com os principais estúdios da época. Inovador, rapidamente Capra se adaptou para o “cinema falado” e toda nova tecnologia do som, enquanto grandes nomes da indústria lutavam para realizar essa transição.

    Na década de 1930, Capra já havia abandonado os filmes B e era considerado como um dos diretores mais influentes de sua época, entregando comédias escapistas e inovadoras. Nessa época, diversos sucessos vieram à luz e muitas de suas estruturas cênicas são utilizadas até os dias de hoje. Aconteceu Naquela Noite (1934) se torna um marco para o diretor, que em sua segunda indicação como diretor já se torna um dos premiados. Capra repete o fato bienalmente, com O Galante Mr. Deeds (1936) e Do Mundo Nada se Leva (1938).

    Com o advento da Segunda Guerra Mundial, Capra novamente se alista. Suas contribuições no conflito se dão em forma de uma série de documentários informativos aos soldados. Com o fim da Guerra, faz um de seus maiores filmes: A Felicidade Não Se Compra, uma mensagem de esperança após o horror vivido. Com as mudanças da indústria e do gosto do público, o cineasta abandona Hollywood em 1952, retornando para dirigir seus últimos três filmes entre 1959 e 1964. Falece em 1991, passando seus últimos anos se dedicando à ciência. Capra recebeu 5 indicações ao Oscar, sendo premiado em 3 delas, apenas na década de 1930. Sua última indicação ocorreu pelo clássico já mencionado, A Felicidade Não Se Compra, de 1946.

    Indicações: 6
    Dama por um Dia (1933), Aconteceu Naquela Noite (1934), O Galante Mr. Deeds (1936), Do Mundo Nada se Leva (1938), A Mulher Faz o Homem (1939) e A Felicidade Não Se Compra (1946).

    Premiações: 3
    Aconteceu Naquela Noite (1934), O Galante Mr. Deeds (1936) e Do Mundo Nada se Leva (1938).

    7. Woody Allen (1935 – )

    Nova iorquino nascido no Brooklyn, em 1 de dezembro de 1935, Allen Stewart Konigsberg mudou seu nome para Heywood Allen quando tinha 17 anos, e posteriormente, Woody Allen. Vindo de uma família judia de classe média, Allen começou a escrever monólogos e fazer comédia stand-up ainda adolescente. Seu pai trabalhou com diversas profissões, de vendedor a barman, motorista de táxi a joalheiro, entre diversas outras. Essa rotina de certo modo influenciou o modo de Allen ver o mundo laboral, saltando de um projeto sempre que o aborrecesse. Sua relação com a mãe se dava de maneira agressiva, com constantes discussões e castigos físicos.

    Em 1953, Allen frequenta a New York University, mas falha miseravelmente em adquirir o diploma de produção cinematográfica. Abandonando os estudos, rapidamente consegue um trabalho de roteirista para a TV, incluindo no popular programa Your Show of Shows, que lhe rendeu uma indicação ao Emmy. Mas rapidamente Allen se entedia e retorna ao stand-up, tornando-se popular num clube de comédia de Nova York.

    No entanto, apenas no meio da década de 1960 que o diretor começa a destacar nos cinemas. Sua estreia como diretor ocorreu apenas em 1966 com com O Que Há, Tigresa?. Contudo, alcançou um novo patamar apenas em 1977 com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, estrelado pelo diretor e Diane Keaton, com quem Allen se envolveu de maneira romântica. O filme ganhou quatro prêmios da Academia, inclusive de melhor fotografia, melhor direção e melhor roteiro. No ano seguinte foi novamente indicado ao Oscar de melhor direção por Interiores.

    Na década seguinte foi indicado por 3 vezes, pelos maravilhosos Broadway Danny Rose (1984), Hannah e suas Irmãs (1986) e Crimes e Pecados (1989). Em 1994, Tiros na Broadway, com John Cusack e Dianne Wiest, foi indicado em diversas categorias, rendendo um Oscar para Wiest. Ao longo dos anos 90, infelizmente, o nome do diretor esteve mais relacionado aos tabloides de fofoca do que pelo conteúdo de seus filmes, por conta do casamento controverso com a filha adotiva de sua ex-namorada, Mia Farrow.

    Nos anos 2000, Allen fez grandes filmes, vindo a ser indicado algumas vezes por roteiro original, sendo hoje o roteirista que mais vezes foi indicado: dezesseis indicações. Apenas em 2011, a academia o indicou novamente pelo lindo trabalho em Meia-Noite em Paris. O cineasta é “um dos grandes tesouros de Hollywood”, como dito pelo saudoso crítico de cinema Roger Ebert. Dono de um texto ácido, divertido e crítico, Allen tem uma produção por trás das câmeras de mais de 50 longas-metragem.

    Com o advento dos escândalos envolvendo o nome do produtor Harvey Weinstein, Allen se viu mais uma vez envolto em acusações e uma série de boicotes. Em 2014, Dylan Farrow, filha da atriz Mia Farrow escreveu uma carta onde detalha ter sido abusada sexualmente quando tinha sete anos de idade. O caso foi judicializado anos atrás, e o diretor foi absolvido das acusações.

    Indicações: 7
    Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Interiores (1978), Broadway Danny Rose (1984), Hannah e suas Irmãs (1986), Crimes e Pecados (1989), Tiros na Broadway (1994) e Meia-Noite em Paris (2011).

    Premiações: 1
    Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977).

    6. Fred Zinnemann (1907 – 1997)

    Natural de Viena, Fred Zinnemann começou no universo cinematográfico como assistente de câmera em Paris e Berlim antes de imigrar para Hollywood em 1929. Começou dirigindo curtas na MGM em 1937 e, em poucos anos, tornou-se diretor, realizando grandes filmes como A Sétima Cruz (1944) e Meu Irmão Fala com Cavalos (1947). O trabalho inovador de Zinnemann se deu em Ato de Violência (1949), um forte filme noir sobre os sentimentos de culpa de um ex-prisioneiro de guerra. Anos mais tarde, mudou completamente o tom, dirigindo uma emocionante versão cinematográfica do musical da Broadway, Oklahoma! (1955).

    As escolhas de elenco de Zinnemann eram muitas vezes tão ousadas quanto perigosas. Em sua adaptação da peça Cruel Desengano (1952), o diretor escolheu a atriz Julie Harris, de 26 anos, para interpretar a protagonista do filme, uma personagem de 12 anos. A ousadia rendeu a Harris uma indicação ao Oscar. Em A Um Passo da Eternidade (1953), que trouxe o primeiro Oscar para o diretor, ele lançou Frank Sinatra, que estava no ponto mais baixo de sua popularidade. Como o loser Maggio, Sinatra ganhou um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Audrey Hepburn, anteriormente lançada em deliciosos papéis cômicos, deu o desempenho de sua carreira como a angustiada Irmã Luke no altamente aclamado Uma Cruz à Beira do Abismo (1959).

    Ao longo de sua carreira, Zinnemann preferiu protagonistas moralmente impulsionados a agir heroicamente em defesa de suas crenças. Hepburn no já citado Uma Cruz à Beira do Abismo e Gary Cooper em Matar ou Morrer (1952), decididos a enfrentar os ultrajantes selvagens com fome de vingança, são dois exemplos proeminentes. Paul Scofield como Sir Thomas More em O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966), que trouxe o segundo Oscar de direção ao cineasta, deu um retrato brilhante de um homem impulsionado pela consciência para seu destino final.

    Zinnemann foi um diretor que abraçou todos os gêneros, fazendo incursões no cinema noir, melodrama e musicais, sabendo retirar de seu elenco grandes atuações, e claro, fazendo de seu trabalho um cinema de grandes temas e difíceis lições, compromissado com a razão e a autenticidade.

    Indicações: 7
    Perdidos na Tormenta (1948), Matar ou Morrer (1952), A Um Passo da Eternidade (1953), Uma Cruz à Beira do Abismo (1959), Peregrino da Esperança (1960), O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966) e Júlia (1977).

    Premiações: 2
    A Um Passo da Eternidade (1953) e O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966).

    5. Steven Spielberg (1946 – )

    Nascido em 18 de dezembro de 1946 em Cincinnati, Ohio, Steven Spielberg, assim como muitos diretores de hoje, começou a experimentar o cinema no início de sua vida. Na adolescência, o cineasta fez filmes exibidos somente a sua família. Filho dos Judeus Leah Posner Spielberg Adler, restauradora e pianista de concerto, e Arnold Spielberg, um engenheiro eletricista envolvido no desenvolvimento de computadores, o casal se separaria poucos anos após seu nascimento. Por conta de sua origem judia, sofria preconceito, muitas vezes dos próprios vizinhos.

    Sendo o irmão mais velho de três irmãs, Spielberg usava-as costumeiramente como cobaias em seus filmes caseiros. Aos 13 anos de idade, venceu seu primeiro concurso de curta-metragem com o filme Fuga do Inferno. No mesmo ano, 1963, fez sua estreia profissional com o curta-metragem Amblin’ que conta a história de um casal de jovens que se encontram no deserto de Mojave. O curta tinha duração de 24 minutos, foi exibido no Festival de Filmes de Atlanta e foi premiado em festivais importantes como o de Veneza.

    Apesar do início promissor, Spielberg não conseguiu cursar cinema na University of Southern California, e terminou por cursar literatura inglesa em outra escola. Depois de dirigir alguns programas de TV e curtas, Spielberg finalmente criou seu primeiro longa-metragem profissional Sugarland Express em 1974. Embora o filme não tenha sido um sucesso na bilheteria, o cineasta foi visto como uma estrela potencial por muitos críticos e executivos da indústria. No ano seguinte, no entanto, Tubarão (1975) lançaria Spielberg ao estrelato. Com um orçamento de US$ 8 milhões e que arrecadou uma incrível soma de US$ 191 milhões no ano de seu lançamento.

    Após Tubarão, o próximo filme de Spielberg foi uma ficção científica, Encontros Imediatos de Terceiro Grau (1977), obtendo 6 indicações ao Oscar, incluindo o de Melhor Diretor. Em 1981, foi indicado novamente por Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981), e no ano seguinte, com outro filme de ficção científica, ET – O Extraterrestre (1982). Apenas em 1993, com A Lista de Schindler, Spielberg recebeu seu primeiro Oscar de Melhor Diretor. O filme tinha como personagem central Oskar Schindler (Liam Neeson), um industrial alemão que ajudou a salvar mais de 1.000 judeus durante o Holocausto.

    Em 1999, foi premiado novamente por O Resgate do Soldado Ryan (1999), que lhe rendeu mais 5 Prêmios da Academia. O cineasta continua fazendo filmes bem-sucedidos e segue observado de perto pela Academia, sendo hoje um dos maiores diretores da indústria cinematográfica.

    Indicações: 7
    Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Os Caçadores da Arca Perdida (1981), E.T. – O Extraterrestre (1982), A Lista de Schindler (1993), O Resgate do Soldado Ryan (1998), Munique (2005) e Lincoln (2012).

    Premiações: 2
    A Lista de Schindler (1993) e O Resgate do Soldado Ryan (1998).

    4. David Lean (1908 – 1991)

    De origem inglesa — mais precisamente em Croydon, Surrey —, e nascido em 25 de março de 1908, David Lean foi educado na rígida Leighton Park School. Contudo, sem obter grandes méritos, abandonou os estudos e foi trabalhar com o seu pai no ofício de contador. Não durou muito na profissão, que achou simplesmente insuportável e em 1927, aos 19 anos, candidatou-se a um emprego nos estúdios Gainsborough, sendo contratado sem salário e por um período de experiência como continuísta, ficando responsável pela claquete. Posteriormente, exerceu sucessivamente as funções de assistente de câmera e terceiro assistente de direção. Desse modo, Lean mergulhou de cabeça no universo cinematográfico, com atenção especial ao trabalho realizado na sala de montagem, com o chefe do departamento, Merrill White, que havia sido montador de Ernst Lubitsch em Hollywood. Sua reputação subiu ainda mais em 1938, quando trabalhou como montador no clássico Pigmaleão, de Anthony Asquith e Leslie Howard, baseado na peça de Bernard Shaw. Um ano depois, esteve de novo com Asquith em Caçadora de Corações, adaptação da comédia de Terence Rattigan, e, subsequentemente, montou importantes filmes britânicos dos anos 40 como Espionagem de Guerra (1940), Major Barbara (1941), Invasão de Bárbaros (1942)e E… um Avião não Regressou (1942).

    Com a rápida projeção como editor, Lean recebeu várias propostas para dirigir filmes de qualidade duvidosa, porém acabou rejeitando-as, temendo que a participação em filmes B viessem a prejudicar sua carreira. A oportunidade de dirigir surgiu quando o produtor criativo Filippe Del Giudice, persuadiu o consagrado escritor Noel Coward a realizar um filme para a sua companhia, Two Cities. Assim surgiu Nosso Barco, Nossa Alma (1942). Lean co-dirigiu o filme com Coward e a parceria se estendeu na adaptação de mais três peças do escritor: Este Povo Alegre (1942), Uma Mulher do Outro Mundo (1945) e o delicado Desencanto (1945), que lhe rendeu três indicações ao Oscar, inclusive na categoria de Melhor Direção. O grande autor inglês Charles Dickens foi a próxima fonte de inspiração para o diretor, que realizou dois clássicos absolutos dos anos 1940 Grandes Esperanças (1946) — indicado a 5 Oscars, inclusive direção — e Oliver Twist (1948).

    No final dos anos 1950 e começo de 1960, Lean se tornou um dos diretores mais consagrados, entregando superproduções bem-sucedidas e icônicas do cinema, como A Ponte do Rio Kwai (1957), que lhe valeu o primeiro Oscar de direção; Lawrence da Arábia (1962), o segundo Oscar da categoria; e Doutor Jivago (1965), pelo qual foi novamente indicado ao prêmio. Em 1970, dirigiu o fracasso de público e crítica A Filha de Ryan, e decidiu se afastar do cinema, retornando mais de dez anos depois para dirigir aquele que seria seu último trabalho, Passagem Para a Índia (1983), indicado a 11 prêmios — inclusive direção e melhor filme — e conquistando dois deles: Peggy Ashcroft venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante e Maurice Jarre conquistou seu terceiro prêmio de melhor trilha sonora.

    David Lean recebeu, em 1984, o título de Cavaleiro do Império Britânico e faleceu no dia 16 de Abril de 1991, em Londres, pouco tempo antes de começar as filmagens de Nostromo, filme que seria baseado na obra homônima de Joseph Conrad. Lean é citado como referência e principal influência de grandes cineastas como Steven Spielberg e Martin Scorsese.

    Indicações: 7
    Desencanto (1945), Grandes Esperanças (1946), Quando o Coração Floresce (1955), A Ponte do Rio Kwai (1957), Lawrence da Arábia (1962), Doutor Jivago (1965) e Passagem para a Índia (1984).

    Premiações: 2
    A Ponte do Rio Kwai (1957) e Lawrence da Arábia (1962).

    3. Martin Scorsese (1942 – )

    Nascido em 17 de novembro de 1942, em Nova York, EUA, Martin Scorsese é conhecido por seu estilo de cinema meticuloso, além de ser considerado um dos diretores mais importantes de todos os tempos. A paixão de Scorsese pelos filmes começou ainda bem jovem, quando dividia seu tempo entre a comunidade siciliana no distrito de Little Italy em Manhattan, a devoção católica e a obsessão pelo cinema. Essa paixão pelo cinema teve relação com uma forte asma que afligia o diretor. E com uma certa limitação para realizar atividades físicas, passou a maior parte de seu tempo livre na frente da televisão ou no cinema do bairro. Aos 8 anos de idade, já criava seus próprios storyboards. Criado como um católico praticante, durante a juventude cogitou entrar para o sacerdócio, no entanto, a ideia foi deixada de lado ao ganhar uma bolsa de estudos de US$ 500 para cursar cinema na New York University.

    Depois de formado, Scorsese trabalhou brevemente lecionando como instrutor de cinema, tendo como seus alunos Jonathan Kaplan e Oliver Stone. Em 1968, completou seu primeiro longa-metragem, Quem Bate à Minha Porta?, primeira parceria do diretor com o ator Harvey Keitel e a montadora Thelma Schoonmaker. O longa foi indicado ao Festival Internacional de Cinema de Chicago. Em 1973, Scorsese dirigiu Caminhos Perigosos, seu primeiro filme a ser amplamente reconhecido como uma obra-prima. Revisitando personagens de “Quem Bate…”, o filme mostrou elementos que se tornaram marcas comerciais da filmagem de Scorsese: temas pesados, personagens antipáticos, religião, máfia, técnicas de câmera incomuns para o padrão da indústria e música contemporânea. O longa também introduziu uma nova e prolífica parceria na filmografia do diretor ao lado de Robert De Niro.

    Ao longo dos anos 1970 e 1980, Scorsese dirigiu filmes de grande impacto que ajudaram a definir uma geração de cinema. Sua graciosa obra-prima de 1976, Táxi Driver, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e fixou o status de De Niro como uma lenda viva do cinema. Scorsese e De Niro, mais uma vez juntos, realizaram Touro Indomável (1980), considerado por muitos como um dos melhores filmes de todos os tempos. O longa foi marcado por ser a primeira indicação na Academia como melhor diretor — Táxi Driver foi indicado em Melhor filme, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Trilha Sonora; enquanto Alice Não Mora Mais Aqui (1974) foi indicada nas categorias de Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Coadjuvante e premiando Ellen Burstyn na categoria de Melhor Atriz. Em 1986 alcançou seu primeiro grande sucesso de bilheteria com A Cor do Dinheiro, com Paul Newman e Tom Cruise.

    Foi indicado novamente como melhor diretor no final dos anos 1980 pelo polêmico A Última Tentação de Cristo (1988), e dois anos depois pelo clássico Os Bons Companheiros (1990). Durante os anos 2000, Scorsese se revigorou com outra importante parceria, dessa vez com o ator Leonardo DiCaprio, com quem estrelou diversos papéis como protagonista e que o agradece profundamente por mostrar um outro caminho dentro de Hollywood. A Academia indicou-o novamente como diretor por Gangues de Nova York (2002) e O Aviador (2004), mas só recebeu o esperado Oscar de direção por Os Infiltrados, de 2006.

    Em 2011, o cineasta realizou seu primeiro filme 3D, a aventura fantástica sobre o cinema, A Invenção de Hugo Cabret. Embora não tenha sido um sucesso de bilheteria, mostrou ao público e crítica como utilizar um recurso que muitos ainda utilizam de maneira pífia. O longa conquistou 11 indicações ao Oscar, além de um Globo de Ouro para Melhor Diretor. Scorsese permanece trabalhando e é considerado um dos maiores nomes do cinema norte-americano.

    Indicações: 8
    Touro Indomável (1980), A Última Tentação de Cristo (1988), Os Bons Companheiros (1990), Gangues de Nova York (2002), O Aviador (2004), Os Infiltrados (2006), A Invenção de Hugo Cabret (2011) e O Lobo de Wall Street (2013)

    Premiações: 1
    Os Infiltrados (2006)

    2. Billy Wilder (1906 – 2002)

    Samuel Wilder, nasceu em 22 de junho de 1906, em Sucha Beskidzka, Polônia, em uma família de judeus, onde foi apelidado de Billie por sua mãe — ao chegar na América, se tornou Billy. Seus pais possuíam uma bem-sucedida loja de bolos em uma estação de trem de Sucha e tentaram, sem sucesso, persuadir seu filho a se juntar ao negócio familiar. Mas Billy Wilder optou por seguir a carreira de jornalista e se mudou para Berlim. Após trabalhar por um tempo como freelancer, o cineasta foi aceito em um tabloide e sua habilidade no ofício ajudou a desenvolver o interesse como roteirista, uma vez que havia se tornado um amante da sétima arte. Durante os anos 1930, Wilder colaborou com alguns roteiros ainda na Alemanha.

    Com a ascensão do Partido Nazista, Wilder se muda para Paris e acaba realizando seu primeiro trabalho como diretor em Semente do Mal (1934). Antes do lançamento do filme, e com o crescimento da extrema-direita na Europa, Wilder se muda novamente, dessa vez para os EUA. A mãe, a avó e o padrasto do cineasta seriam assassinados no Holocausto anos depois.

    Já nos EUA, Wilder retoma sua carreira como roteirista, vindo a dirigir novamente apenas em A Incrível Suzana (1942). Seu filme seguinte, Cinco Covas no Egito (1943), que assina o roteiro em co-autoria com Charles Brackett — parceiro de Wilder em muitos filmes — , chamou a atenção da Academia, que acabou indicando o filmes para Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Montagem. Seu terceiro filme como diretor, Pacto de Sangue (1944) foi um grande sucesso. Um filme noir, indicado a 7 Oscar, incluindo Melhor Diretor e Roteiro. Co-escrito com o grande Raymond Chandler — o criador do detetive Philip Marlowe e ainda hoje um dos grandes nomes da literatura policial —, Pacto de Sangue não só estabeleceu convenções para o gênero noir (como a iluminação e a narração em off), mas também foi um marco na batalha contra a censura de Hollywood, uma vez que o adultério era um ponto central da trama mas que, no entanto, feria o Código Hays, um conjunto de regras de censura que tinha por objetivo subordinar as produções teatrais e de cinema dos EUA a padrões determinados por um grupo de instituições religiosas.

    Em 1946, Wilder ganhou o prêmio de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, além do ator Ray Milland ter recebido o prêmio de Melhor Ator, por Farrapo Humano (1945). O longa ainda foi indicado nas categorias de Melhor Fotografia, Montagem e Trilha Sonora. Cinco anos depois, Wilder é indicado em 11 categorias por Crepúsculo dos Deuses (1950) e venceu em Melhor Roteiro Original, Direção de Arte e Trilha Sonora. O longa retratava os bastidores de Hollywood, na figura de uma estrela de cinema reclusa e com delírios de grandeza, e de um aspirante a roteirista oportunista.

    No ano seguinte, o cineasta se uniu com Kirk Douglas e fez A Montanha dos Sete Abutres, um conto de exploração midiática sobre um acidente ocorrido em uma caverna no interior dos EUA. Na década de 1950, Wilder também dirigiu duas adaptações de peças da Broadway, o drama de guerra O Inferno Nº 17 (1953), que resultou em um Oscar de Melhor Ator para William Holden, e o romance de mistério escrito por Agatha Christie, Testemunha de Acusação (1957). Ainda nos anos 1950, Wilder fez grandes comédias como Sabrina (1954), indicado em Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Fotografia, Direção de Arte, Atriz e vencedor na categoria de Melhor Figurino; O Pecado Mora ao Lado (1955), considerada pela American Film Institute como a melhor comédia americana já feita; e Amor na Tarde (1957), primeira colaboração de Wilder com o escritor-produtor I.A.L. Diamond, uma parceria que continuou até o final da carreira de ambos os homens.

    Se Meu Apartamento Falasse (1960) venceu como Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Direção de Arte e Montagem, além de ter sido indicado em mais cinco categorias, no entanto, a carreira de Wilder diminuí a partir de então, realizando filmes menores como Irma la Douce (1963) e Beija-me, Idiota (1964). Trabalhos como A Vida Íntima de Sherlock Holmes (1970) se tornou conhecido pelos diversos cortes realizados pelo estúdio e até hoje não foi totalmente restaurado. Filmes posteriores como Fedora (1978) e Amigos, Amigos, Negócios à Parte (1981) não conseguiram impressionar os críticos e não tiveram uma boa resposta de bilheteria. Já no fim de sua vida profissional, Wilder reclamou que estava sendo discriminado, devido à sua idade. Infelizmente, os estúdios não o contrataram novamente. Faleceu em 27 de março de 2002, aos 95 anos de idade, vítima de pneumonia após lutar contra diversos problemas de saúde, incluindo câncer. Nos dias de hoje, a filmografia segue sendo revista e resgatada por diretores, roteiristas e amantes do cinema.

    Indicações: 8
    Pacto de Sangue (1944), Farrapo Humano (1945), Crepúsculo dos Deuses (1950), O Inferno Nº 17 (1953), Sabrina (1954), Testemunha de Acusação (1957), Quanto Mais Quente Melhor (1959) e Se Meu Apartamento Falasse (1960).

    Premiações: 2
    Farrapo Humano (1945) e Se Meu Apartamento Falasse (1960).

    1. William Wyler (1902 – 1981)

    William Wyler tinha reputação como o artesão mais minucioso de Hollywood, um perfeccionista que exigia múltiplas tomadas para capturar as nuances de cada cena. Esses métodos tornaram-no o diretor que mais vezes foi indicado ao Oscar (doze para ele próprio como Melhor Diretor, além de diversas outras indicações), vindo a receber três prêmios na categoria citada, empatando em números com Frank Capra, e ficando atrás apenas de John Ford, que detém a incrível marca de 5 Oscars por direção.

    Nascido de uma família judaica em 1 de julho de 1902, em Mülhausen, Alemanha, desde muito cedo, sua mãe levava Wyler e o irmão mais velho para assistir concertos, ópera, teatro e o cinema ainda em fase embrionária. Às vezes, em casa, sua família e seus amigos organizavam teatros amadores para se divertirem. Sua reputação e mau comportamento levaram-no a ser expulso de diversas escolas. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, a família acaba se mudando para Paris. Em virtude da situação financeiro, Wyler emigrou para os EUA ainda jovem, para trabalhar na Universal Pictures, em um emprego oferecido pelo primo de sua mãe, Carl Laemmle, que tinha o hábito de ir para a Europa anualmente, buscando jovens promissores para trabalhar na América.

    Por volta de 1923, Wyler chegou a Los Angeles e começou a trabalhar na Universal Pictures limpando e movendo os sets. A ruptura veio quando foi contratado como um segundo editor assistente. No entanto, Wyler frequentemente abandonava o trabalho para jogar bilhar do outro lado da rua ou organizar jogos de cartas durante o horário de trabalho, o que acarretou em sua demissão. Depois de alguns altos e baixos, Wyler foi recontratado e se concentrou em se tornar diretor. Começou como terceiro assistente de direção e, em 1925, torna-se diretor de filmes B. Em 1929 chama a atenção com o filme Os Três Padrinhos (1929), e pouco a pouco se torna uma referência dentro de Hollywood nos anos seguintes.

    Nos anos 1930, faz filmes seminais como O Conselheiro (1933); A Boa Fada (1935); Infâmia (1936); Fogo de Outono (1936), indicado em 6 categorias, incluindo Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado; Meu Filho é Meu Rival (1936), co-dirigido com Howard Hawks e Richard Rosson; Beco Sem Saída (1937), indicado a quatro categorias, incluindo Melhor Filme; Jezebel (1938), vencedor do Oscar de Melhor Atriz para Bette Davis, e Atriz Coadjuvante para Fay Bainter; e O Morro dos Ventos Uivantes (1939), que lhe rendeu sua segunda indicação como Melhor Diretor.

    Wyler é indicado em mais dois momentos — A Carta (1940) e Pérfida (1941) — até receber seu primeiro Oscar em Rosa de Esperança, de 1942. O longa ganhou seis prêmios da Academia, tornando-se o melhor sucesso de bilheteria de 1942. Nessa mesma época, Wyler decide servir como oficial na Aeronáutica durante a Segunda Grande Guerra, realizando diversos documentários, incluindo The Fighting Lady (1944), vencedor do Oscar. Com o fim da guerra, fez um de seus maiores filmes, o antibélico Os Melhores Anos de Nossa Vida (1946), vencedor de 7 oscar, incluindo Melhor Direção.

    Durante os anos 1950 fez filmes magistrais como Tarde Demais (1949), indicado como Melhor Diretor; Chaga de Fogo (1951), novamente indicado como Melhor Diretor e com uma bela performance de Kirk Douglas; Perdição por Amor (1952); A Princesa e o Plebeu (1953), que tinha como roteirista Dalton Trumbo, mas que só foi creditado anos depois por constar na lista negra do Macartismo por ser um comunista declarado; Horas de Desespero (1955); Sublime Tentação (1956); e Da Terra Nascem os Homens (1958). Mas apenas em 1959 Wyler receberia seu último Oscar de diretor, no épico Ben-Hur, ganhador de mais 10 Oscar.

    Em 27 de julho de 1981, faleceu vítima de um ataque cardíaco, aos 79 anos de idade. Wyler até o fim de sua carreira entregou filmes inesquecíveis como Infâmia (1961); O Colecionador (1965); Funny Girl: A Garota Genial (1968); e A Libertação de Lord Byron Jones (1970). Seu trabalho e dedicação como diretor é lembrado por vários atores, desde Bette Davis a Charlton Heston, que sempre ressaltaram seu talento e criatividade, além de ser o diretor com maior número de performances de atores indicados ao Oscar do que qualquer outro na história. Sua técnica de profundidade de campo é utilizada, estudada e copiada ao longo de décadas por diversos diretores.

    Indicações: 12
    Fogo de Outono (1936), O Morro dos Ventos Uivantes (1939), A Carta (1940), Pérfida (1941), Rosa de Esperança (1942), Os Melhores Anos de Nossa Vida (1946), Tarde Demais (1949), Chaga de Fogo (1951), A Princesa e o Plebeu (1953), Sublime Tentação (1956), Ben-Hur (1959) e O Colecionador (1965).

    Premiações: 3
    Rosa de Esperança (1942), Os Melhores Anos de Nossa Vida (1946) e Ben-Hur (1959).

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  • Crítica | Justiceiro: Zona de Guerra

    Crítica | Justiceiro: Zona de Guerra

    Com apenas cinco anos de diferença de O Justiceiro, protagonizada por Thomas Jane, o longa Justiceiro: Zona de Guerra começa com um luxuoso jantar de mafiosos, que obviamente é invadido por Frank Castle, dessa vez interpretado por Ray Stevenson, que acabava de vir da elogiada série da HBO, Roma. De certa forma, sua versão do Justiceiro tem bastante a ver com os produtos adultos da TV a cabo, por conta da violência gráfica bem mais explícita nesse em comparação com as outras adaptações do personagem ou mesmo da própria Marvel.

    A direção está à cargo de Lexi Alexander, que vinha de Hooligans e que depois do fracasso de Zona de Guerra, passou a dirigir mais seriados que filmes – Arrow, Supergirl, How to Get Away With Murder. O modo como conduz o filme guarda bastante semelhanças com os seriados citados, uma vez que há uma clara falta de sutilezas nesse trabalho. Não há grandes construções de passado e a maior parte dos conceitos é simplesmente jogado em tela, como também aconteceu com Motoqueiro Fantasma: O Espírito da Vingança, filme de 2011 que também continha o selo Marvel Knights.

    Aspectos que antes eram mais levados a sério agora são simplesmente citados. Não há um enorme debruçar sobre os motivos que fizeram Frank realizar justiça com as próprias mãos, o que é positivo, porque mostrar um terceiro filme de origem é completamente desnecessário. No entanto, a colaboração dos policiais normais com os assassinatos que ele cometeu soa forçado, mesmo que claramente haja até no campo da realidade os policiais que acham que o justiçamento é a melhor saída para a onda de crimes nas grandes metrópoles. Mesmo o drama que Castle tem por acabar acidentalmente matando um agente policial soa pueril demais.

    A personificação do vilão Billy “Retalho” Jigsaw (Dominic West) começa de uma maneira positiva, com um sujeito vaidoso que é pego pelo vigilante. Após o acidente que o fez ficar deformado há uma referência ao Coringa de Jack Nicholson, em Batman, mas o que se vê depois é caricatural em um nível muito baixo. A roupa e maquiagem que West usa o faz parecer um figurante de Dick Tracy, sendo que no filme de Warren Beatty havia um propósito caricatural pré-estabelecido, e esse tenta ser um filme adulto e extremo.

    A construção visual do filme é estranha, há semelhanças demais entre a fotografia desse com a dos filmes de terror populares da época, principalmente com as continuações de Jogos Mortais. Inclusive o gore é semelhante, variando entre o visto na saga citada, com elementos visuais semelhantes ao clássico trash Riki-oh.

    O desfecho é tão infantil quanto o restante do filme, que sofre com um roteiro bem mal pensado por Nick Santora, Art Marcum e Matt Holloway. É difícil inclusive avaliar o desempenho de Stevenson como veterano de guerra que decide fazer justiça com as próprias mãos após chacinarem sua família, já que as situações que lhe são propostas são tão risíveis que mal há como avaliar de maneira minimamente justa.

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  • VortCast 52 | O Cinema em 2018

    VortCast 52 | O Cinema em 2018

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral), Thiago Augusto Corrêa (@tdmundomente) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para comentar um pouco sobre os principais lançamentos do cinema em 2018. Lionélson, Jackie Chan imitando Lionélson, super-heróis, adaptações de games, robôs gigantes e muito mais.

    Duração: 131 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Principais filmes lançados em 2018

    Janeiro:

    The Commuter (de Jaume Collet-Serra – Com Liam Neeson, Vera Farmiga) | Trailer
    O Estrangeiro (de Martin Campbell – Com Jackie Chan, Pierce Brosnan) | Trailer
    Pequena Grande Vida (de Alexander Payne – Com Matt Damon, Kristen Wiig) | Trailer
    Sobrenatural: A Última Chave (de Adam Robitel – Com Lin Shaye, Leigh Whannell) | Trailer
    A Melhor Escolha (de Richard Linklater – Com Steve Carell, Bryan Cranston) | Trailer
    Roman J. Israel, Esq. (de Dan Gilroy – Com Denzel Washington, Colin Farrell) | Trailer
    Todo o Dinheiro do Mundo (de Ridley Scott – Com Mark Wahlberg, Michelle Williams) | Trailer

    Fevereiro:

    A Grande Jogada (de Aaron Sorkin – Com Jessica Chastain, Idris Elba) | Trailer
    The Post – A Guerra Secreta (de Steven Spielberg – Com Meryl Streep, Tom Hanks) | Trailer
    O Sacrifício do Cervo Sagrado (de Yórgos Lánthimos – Com Colin Farrell, Nicole Kidman) | Trailer
    Três Anúncios para um Crime | (de Martin McDonagh – Com Frances McDormand, Woody Harrelson) | Trailer
    Pantera Negra | (de Ryan Coogler – Com Chadwick Boseman, Michael B. Jordan) | Trailer
    Aniquilação (de Alex Garland – Com Natalie Portman, Gina Rodriguez) | Trailer
    The 15:17 to Paris (de Clint Eastwood – Com Spencer Stone, Alek Skarlatos) | Trailer
    Trama Fantasma (de Paul Thomas Anderson – Com Daniel Day-Lewis, Vicky Krieps) | Trailer

    Março:

    Círculo de Fogo: A Revolta (de Steven S. DeKnight – Com John Boyega, Scott Eastwood) | Trailer
    Desejo de Matar (de Eli Roth – Com Bruce Willis, Vincent D’Onofrio) | Trailer
    Operação Red Sparrow (de Francis Lawrence – Com Jennifer Lawrence, Joel Edgerton) | Trailer
    Projeto Flórida (de Sean Baker – Com Brooklynn Prince, Bria Vinaite) | Trailer
    Tomb Raider – A Origem (de Roar Uthaug – Com Alicia Vikander, Dominic West) | Trailer
    Maria Madalena (de Garth Davis – Com Rooney Mara, Joaquin Phoenix) | Trailer
    Jogador Nº 1 (de Steven Spielberg – Com Tye Sheridan, Olivia Cooke) | Trailer
    Uma Dobra no Tempo (de Ava DuVernay – Com Storm Reid, Gugu Mbatha-Raw) | Trailer

    Abril:

    Antes que Tudo Desapareça (de Kiyoshi Kurosawa – Com Masami Nagasawa, Ryuhei Matsuda) | Trailer
    X-Men: Os Novos Mutantes (de Josh Boone – Com Maisie Williams, Anya Taylor-Joy) | Trailer
    Vingadores 3: Guerra Infinita (de Joe Russo, Anthony Russo – Com Robert Downey Jr., Mark Ruffalo) | Trailer

    Maio:

    Uma Aventura Lego 2 (de Mike Mitchell)
    Solo: Uma História Star Wars (de Ron Howard, Christopher Miller, Phil Lord – Com Alden Ehrenreich, Emilia Clarke)
    Deadpool 2 (de David Leitch – Com Ryan Reynolds, Morena Baccarin) | Trailer

    Junho:

    Jurassic World: Reino Ameaçado (de Juan Antonio Bayona – Com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard) | Trailer
    Os Incríveis 2 (de Brad Bird) | Trailer
    Ocean’s Eight (de Gary Ross – Com Sandra Bullock, Cate Blanchett) | Trailer
    O Paciente (de Sergio Rezende – Com Othon Bastos)

    Julho:

    Homem-Formiga e a Vespa (de Peyton Reed – Com Paul Rudd, Evangeline Lilly)
    Turma da Mônica – Laços (de Daniel Rezende – Com Giulia Barreto, Kevin Vechiatto)
    Missão Impossível 6 (de Christopher McQuarrie – Com Tom Cruise, Rebecca Ferguson, Michelle Monaghan)

    Agosto:

    Predador (de Shane Black – Com Boyd Holbrook, Olivia Munn)

    Setembro:

    O Doutrinador (de Afonso Poyart)
    Marighella – O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo (de Wagner Moura)
    Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral (de Halder Gomes – Com Edmilson Filho)

    Outubro:

    First Man (de Damien Chazelle – Com Ryan Gosling, Corey Stoll)
    Jungle Book (de Andy Serkis – Com Rohan Chand (II), Andy Serkis)
    Venom (de Ruben Fleischer – Com Tom Hardy, Riz Ahmed, Michelle Williams)

    Novembro:

    Nasce Uma Estrela (de Bradley Cooper – Com Lady Gaga, Bradley Cooper)
    X-Men: Dark Phoenix (de Simon Kinberg – Com Sophie Turner, Jennifer Lawrence)
    Bad Boys For Life (Com Will Smith, Martin Lawrence)
    Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (de David Yates – Com Eddie Redmayne, Katherine Waterston)
    Tudo ou Nada (de Mariza Leão)

    Dezembro:

    Aquaman (de James Wan – Com Jason Momoa, Amber Heard)
    Bumblebee (de Travis Knight – Com Hailee Steinfeld, Jorge Lendeborg Jr.)
    Avatar 2 (de James Cameron – Com Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver)
    Bohemian Rhapsody (de Bryan Singer – Com Rami Malek, Lucy Boynton)
    O Homem Invisível (Com Johnny Depp)

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  • Review | The Flash – 3ª Temporada

    Review | The Flash – 3ª Temporada

    Quando o Flash derrotou o vilanesco Zoom ao término de sua 2ª temporada, tivemos uma pequena cena pós-créditos em que Barry Allen, desolado pela morte de seu pai, toma a impensada atitude de voltar ao passado no dia em que sua mãe havia sido morta, salvando-a e derrotando o Flash Reverso, mudando, portanto, o mundo inteiro daquela data em diante. A cena em questão era o prenúncio de uma das histórias mais aclamadas do Velocista Escarlate, intitulada Ponto de Ignição, o que prometia uma terceira temporada sensacional, causando ansiedade nos fãs de todo o conhecido “arrowverse”. Afinal, que mudanças Barry causaria em Arrow, Supergirl e Legends of Tomorrow?

    Nos quadrinhos e na animação, com participação significativa do Batman e demais membros da Liga da Justiça, após salvar sua mãe, Barry Allen vira o mundo de cabeça para baixo, causando o maior dos efeitos borboletas. Os Atlantis estão em guerra com as Amazonas. Alguns vilões sse tornam boas pessoas e, no caso do Batman, o menino Bruce Wayne acabou sendo morto no beco, fazendo com que sua mãe desenvolvesse problemas psiquiátricos sérios se tornando a Coringa daquela linha temporal e seu pai, Thomas, se tornando o Batman, mas um morcego mais amargurado e que usa, além da violência excessiva, armas de fogo. Obviamente, o desenvolvimento a ser abordado na série passaria longe da ousadia dos quadrinhos, a julgar pelos mais variados fatores. Contudo, o canal CW deixou muito a desejar, com um início de temporada extremamente chato e mal desenvolvido, algo que mudou na segunda metade da temporada. Devemos lembrar que nos quadrinhos, o Ponto de Ignição se encerra com o Batman matando o Flash Reverso e Barry restaurando a linha do tempo, dando início a uma nova fase do universo da DC Comics, chamada de Os Novos 52.

    Por conta da trama principal, o que vimos nesta 3ª temporada foi uma diminuição considerável dos episódios chamados de monstros da semana, que foram incluídos dentro da história principal, fazendo com que um episódio seguinte sempre complementasse o anterior, seguindo assim, praticamente, do início ao final da temporada.

    No primeiro episódio da tempora, após retornar no tempo e salvar sua mãe, Barry Allen (Grant Gustin) vive uma vida feliz ao lado de seus pais, Nora (Michelle Harrison) e Henry (John Wesley Ship). Wally West (Keiynan Lonsdale), o Kid Flash, é o velocista guardião de Central City, sendo que tanto Wally, quanto dos demais personagens que integram o elenco, Joe (Jesse L. Martin) e Iris (Candice Patton), o agora bilionário e egocêntrico Cisco (Carlos Valdes) e Caitlin Snow (Danielle Panabaker), assumindo a alcunha de Nevasca, não conhecem Barry, que foi alertado por Eobard Thawne (Matt Letscher), agora preso, do tamanho erro que cometeu ao voltar no tempo, algo que Barry só passa a reconhecer quando começa a experimentar perda da memória da linha temporal anterior, o que poderá causar também a perda de seus poderes, esquecendo-se de quem ele foi um dia. Após Wally ser gravemente ferido pelo seu maior oponente, o velocista Rival (Todd Lasance), Barry decide soltar Eobard para que ele cumpra seu destino de assassinar Nora Allen e restabelecer a linha temporal anterior. Sim, o Ponto de Ignição só durou um único episódio, o que causou a ira e a decepção de muitos.

    Mas o verdadeiro ponto de ignição da 3ª temporada, na verdade, se dá quando Barry restabelece a linha do tempo original. Linha do tempo bastante modificada, mexendo com alguns personagens e localidades. Os Laboratórios S.T.A.R., por exemplo, estão com novas e melhores instalações. Porém, Joe e Iris não se dão bem e não olham um na cara do outro. Além disso, o irmão de Cisco, Dante, não está vivo e o jovem cientista culpa Barry por não salvá-lo. E para piorar ainda mais a situação, o velocista tem um parceiro no departamento de polícia, o irritante Julian, vivido por Tom Felton, uma ótima contratação para o elenco.

    E ainda temos o excelente Tom Cavanagh, interpretando sua terceira versão do Dr. Harrison Wells, agora vindo da Terra 19. Cavanagh que na 1ª temporada fez um Wells frio e calculista, na 2ª temporada fez um Wells da Terra 2 completamente sem paciência, nestaentregou um personagem extremamente bem humorado e sempre positivo, polido, educado e aficionado por café, já que na Terra 19, café é um produto quase extinto. Novamente podemos saber um pouco mais do passado desse querido Wells, que foi desmascarado tempos depois, uma vez que ele, na verdade, é um escritor em sua terra, que veio pra Terra 1 foragido, em busca de conseguir escrever a maior aventura já escrita. A fuga de Wells é aproveitada para introduzir uma nova heroína na série, a Cigana (Jessica Camacho), que possui os mesmos poderes de Cisco, que viaja pelas terras do Multiverso perseguindo foragidos.

    A primeira parte da terceira temporada, como dito, foi extremamente arrastada e chata, principalmente porque o elenco tentava descobrir a identidade do vilão Alquimia, que estava concedendo poderes para aqueles que eram meta humanos na linha temporal do ponto de ignição em troca da cabeça do Flash,. Essa parte teve pouquíssimos bons momentos, como o episódio Invasion, que fez parte do já tradicional mega crossover da CW, que juntou, desta vez, o elenco de Flash, Supergirl, Arrow e Legends of Tomorrow.

    As coisas começam a melhorar, quando o team Flash descobre que Alquimia, na verdade, é apenas um assecla do perigosíssimo Savitar, o Deus da Velocidade, tido como o primeiro, mais poderoso e rápido velocista. Em uma tentativa de derrotar Savitar, Barry é jogado meses no futuro e acaba por ver Iris sendo morta pelo demoníaco velocista. Começa, então, uma corrida contra o tempo, onde Barry tenta mudar o presente, buscando alterar o futuro e a morte de Iris. E o que se vê a partir daqui são alguns dos melhores episódios da temporada e, por que não, de toda a série.

    Um desses episódios, na verdade um evento duplo, mostra que o Wells da Terra 2 foi capturado pelo Gorila Grodd na Cidade dos Gorilas, o que obriga o team Flash a ir resgatá-lo, causando uma invasão dos gorilas em Central City. Também tivemos um ótimo encontro musical entre os personagens de Supergirl e Flash, com a introdução de um bom vilão, que futuramente poderá incluir o elenco do arrowverse em outros episódios do estilo, além de apresentar um dos vilões mais perigosos mostrados em cena: Abra Kadabra, que veio de muitos séculos do futuro e que causa sérios danos em Caitlin, obrigando a cientista a se transformar em definitivo na heroina Nevasca.

    Mas, sem dúvida, o ponto mais alto da temporada é a revelação de quem é Savitar, na verdade, é o próprio Barry Allen, trazendo ao público outro conceito da física e da ficção científica, chamado de o Paradoxo da Predestinação, utilizado em O Exterminador do Futuro, por exemplo, quando John Connor, diversas vezes, manda Kyle Reese para o passado para que ele conheça Sarah Connor, com o intuito de fazê-la gerar John, o líder da resistência no futuro. Aqui, o Barry que se tornou Savitar é um dos remanescentes do tempo (algo já explicado nas temporadas anteriores) que foram criados para derrotar vilão. Durante a batalha, Savitar eliminou todos os remanescentes, exceto um (ele mesmo), que ao tentar se reintegrar a seus amigos, foi completamente ignorado porque aquela linha do tempo já tinha um Barry Allen. Então, imagine que você foi duplicado por você mesmo, só que seus melhores amigos, sua mulher e tudo que o cerca convive com o outro você, te ignorando por completo. É exatamente isso que aconteceu. Uma decisão bastante ousada e acertada dos produtores. E com os planos de Savitar frustrados graças a genialidade e bom coração do Wells da Terra 19, vimos uma emocionante batalha de todos os heróis da série contra o velocista.

    Tanto Flash, quanto as outras séries da CW, tiveram suas temporadas renovadas e se encontram em filmagem neste exato momento. Sempre soubemos que um dia a ótima série do velocista iria passar por maus momentos, mas percebe-se que essa 3ª temporada, embora tenha ganhado um certo respiro em sua etapa final, serviu de aviso aos produtores que, a partir de então, deverão tomar cuidado para que o show não passe pelos mesmos problemas que Arrow deixando-o à beira de um cancelamento.

    De qualquer forma, a 4ª temporada de Flash, que irá ao ar a partir de outubro de 2017,  parece promissora e pela primeira vez os produtores não usarão um velocista como vilão principal da temporada. Acredita-se que o arqui inimigo de Barry será Clifford DeVoe, o Pensador, um vilão que promete dar muito trabalho ao Flash e os demais heróis, uma vez que seu nome foi mencionado algumas vezes pelos personagens do futuro que apareceram nessa temporada.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Una

    Crítica | Una

    Em tese nenhum tópico é tabu, ou ao menos não deveria ser. Afinal, aquilo que é pouco dito costuma esgueirar-se pelas sombras da sociedade, e ao tema é associada apenas obscuridade e medo. Mas o que parece fazer sentido também é que nem toda forma de se abordar um tema é exatamente adequada.

    Una debruça-se sobre uma história de abuso infantil e seus posteriores desdobramentos sobre a vida do abusador, da vítima, e de suas famílias, onde anos após o abuso, a jovem Una confronta seu abusador e expõem os destroços de sua vida marcada por tribunais, olhares tortos, tristeza confusão. O grande problema deste filme, porém, é sua complacência com o abusador. Tal abordagem já foi usada antes, no clássico livro e filmes Lolita. Porém, em Lolita a empatia com o abusador ocorre por conta da história ser contada sobre seu ponto de vista, mas ao final consegue tornar clara o quão patética é aquela figura de um homem moralmente falido e incapaz de controlar seus desejos, e assim expondo a podridão de conceitos entranhados em nossa cultura. Una, ao contrário, quase tem pena do “sofrimento” do abusador, e quase defende sua paixão pela garota.

    O filme é estrelado por Rooney Mara (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres) e Ben Mendelson (Rogue One: Uma História Star Wars), e dirigido por Benedict Andrews, diretor de teatro em seu primeiro longa, sendo baseado na peça Blackbird, do mesmo roteirista de Una, David Harrower. Esta ‘mais longa do que deveria’ explanação sobre quem são os envolvidos na produção é para dizer que o egocentrismo é a tônica desta história. Tão autocentrada em si, que percorre boa parte dos seus longos minutos com dificuldades de estabelecer com eficiência seus personagens, apesar de ter uma dinâmica que consiste basicamente em tentar desenvolvê-los, não possuindo assim nenhuma subtrama que justifique este déficit de atenção.

    Incapaz de ser rigoroso com o abusador, o filme explana de forma quase que protocolar que ele teve a condição de refazer sua vida, enquanto a vítima não. Mas nada disso adianta tão logo ele é colocado constantemente como uma vítima. Um homem perdido que cedeu à um erro bobo, e não como sendo aquilo que é, no alto da maldade que seus atos deveriam estar. Ele é um criminoso. Já Una, é eventualmente mostrada como uma moça confusa, que hoje e talvez ontem usava o sexo de forma autodestrutiva, dando a entender que aquilo talvez tenha sido realmente um romance, e não a história de um homem de 40 anos abusando de uma menina de 13.

    As tentativas de fazer de Una uma pessoa forte que sofreu, mas sobreviveu, soam todas equivocadas, protocolares e fora de tom. A única ideia de seu medo constante é quando o filme demonstra que mesmo as voltas de homens de aparente boa índole, ela está constantemente entrando em tocas de lobos, pois tão logo adentra a fábrica onde irá confrontar seu abusador, o simpático Scott insiste em suas cantadas. Ele realmente parece uma boa pessoa, mas ainda assim à vê como algo disponível simplesmente por ser mulher.

    Equivocado, inconsequente, sem atenção e pobre no discurso, Una não é capaz de discutir os temas que se propõem, e erra em forma e conteúdo.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

    https://www.youtube.com/watch?v=UgiN35SC-hM

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  • Crítica | Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

    Crítica | Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

    Há um pensamento encrustado no ideário popular de que o bom jogador de poker sabe a hora de parar de apostar. Ao que tudo indica, Jerry Bruckheimer e os estúdios Disney ainda não chegaram a essa conclusão a respeito da franquia Piratas do Caribe e do destino de seu personagem principal, Jack Sparrow (Johnny Depp). Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar é o quinto volume da série já bastante desgastada, e coube aos noruegueses Espen Sandberg e Joachim Rønning conduzir esta que estava prevista para ser o último evento da saga.

    Há dois elementos novos que dividem a centralização da trama, o primeiro deles é o casal da vez, formado por Henry Turner (Brenton Thwaites) e Carina Smith (Kaya Scoledario), uma dupla de jovens que tem motivações ligadas aos seus pais desaparecidos, e que buscam ambos tentar alcançar o auge da geração anterior. O outro elemento é Salazar (Javier Bardem) um homem que foi ludibriado por Sparrow no passado e que busca vingança, por conta de mais uma maldição genérica, como visto nos outros quatro filmes da franquia. Dessas ideias, a que mais funciona é presente na personificação de Carina, que consegue ser a única personagem forte e com qualquer substância, compondo uma bela e forte heroína, graças muito ao talento de Scoledario, que já tinha se mostrado uma boa atriz em Maze Runner.

    Sandberg e Rønning não podem ser encarados como novatos em Hollywood. O primeiro longa em parceria foi Bandidas, lançado há mais de dez anos, em 2006, e os erros apresentados nesse se assemelham demais ao filme citado anteriormente. Os acertos que ambos tiveram em Kon-Tiki não se reprisam, ao contrário, já que claramente se percebe uma falta de carisma geral nos personagens novos, em especial Henry, que não convence em nenhuma de suas ações, fazendo Thwaites soar como um Orlando Bloom genérico, comprovando que sozinho ele não segura o filme, como já era ensaiado em outras de suas participações no cinema, como Doador de MemóriasMalévola e Deuses do Egito.

    Há uma tentativa de resgatar a honra de Barbossa, há muito achincalhado no filme anterior. Os rumos de seu destino são diferenciados e ainda assim fracos, mas nada tão desrespeitoso como havia sido sua transformação em agente da coroa britânica no tomo quatro. Geoffrey Rush tenta dar uma maior profundidade ao seu personagem, uma vez que os holofotes também estão sobre ele. O veterano não faz feio, e consiste em si as melhores participações, ao contrário de Bardem, que durante todo o longa-metragem se mostra no “piloto-automático”.

    O capítulo cinco peca por não empolgar ou divertir seu público. Esse é claramente o filme que depende menos de Depp, possivelmente motivado pelos escândalos extra-tela que o ator protagonizou. A realidade é que a carreira do ator já vinha perdendo popularidade, graças ao abuso de seus trejeitos e projetos controversos. Quase nada que ele fez nos últimos anos foi digno de entusiasmo ou nota, nem no retorno a parceria com Gore Verbinski em Cavaleiro Solitário. O que já era decadente tornou-se morto após as acusações que sofreu e nem em seu campo de domínio há uma unanimidade.

    Os ganchos e cenas pós-créditos são terríveis e covardes, brincando mais ainda com a expectativa do público. Do ponto de vista técnico, se nota um trabalho de som competente, fator que acrescenta um tom épico as cenas de escalas grandiosas, ajudando criar um clima fantástico fantástico que funciona basicamente só nesses momentos. No entanto, esses aspectos não salvam o filme da fórmula medíocre típica da Hollywood atual, tornando Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar mais uma obra dispensável e esquecível, ainda que levemente superior as outras continuações. É muito tarde para quaisquer mudanças nessa saga que insiste em não se deixar encerrar.

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  • Resenha | Estrela da Manhã (Trilogia Red Rising) – Pierce Brown

    Resenha | Estrela da Manhã (Trilogia Red Rising) – Pierce Brown

    Em Estrela da Manhã, último livro da Trilogia Red Rising, Darrow já não é mais um infiltrado nas linhas inimigas. Tanto aliados, como inimigos, têm que lidar com a revelação de sua verdadeira identidade e com o fato de que ambos foram enganados por meses. Depois da morte de Ares, o futuro da rebelião parece incerto e como nosso herói está na mãos do Chacal, o destino parece impreciso também. Porém o que mais deixa o vermelho apreensivo é a forma como a guerra mudou sua personalidade e o tornou diferente do jovem que sofria a morte da esposa.

    O Chacal busca desconstruir Darrow, revertendo a manipulação genética e cirúrgica que o transformou em um Ouro, mas também submetendo-o a uma rotina de humilhações para que perca a aura de um dos homens mais admirados daquela sociedade. Mesmo quando vê uma esperança, o herói não consegue se livrar da sensação de que não é aquele que a rebelião precisa. Pierce Brown nos faz sentir o isolamento e a sensação de inadequação do personagem, assim, ansiamos pela batalha que levará ao fim a saga com as mesmas dúvidas do protagonista, e logo nas primeiras páginas deste último livro, não conseguimos imaginar um desfecho possível que não a falha de sua jornada.

    É claro que temos batalhas grandiosas ao decorrer do livro, com alianças constantemente quebradas e renovadas, com muitas reviravoltas e surpresas, porém os grandes momentos do livro são as reflexões de Darrow, em seus monólogos melancólicos e sua incerteza diante de uma missão tão complexa.

    Mesmo ao descrever os aliados, o autor não tem escrúpulos em mostrar suas ações e motivações pouco louváveis, afinal, nem todos que lutam pelo “Levante Vermelho” abraçam as idéias de justiça social e igualdade perante os homens. Pode haver naves e batalhas espaciais, armas com tecnologias inexistentes, mas o que se destaca na narrativa  é a verossimilhança de um exercito de homens a sós defendendo cada um a própria agenda pessoal. Nem mesmo personagens como Mustang, sempre retratada como inteligente e justa, escapam desse escrutínio e por isso, ao virar de cada página, sempre esperamos uma nova traição.

    Embora algumas resoluções pareçam quase mágicas e o grande numero de reviravoltas e planos secretos dentro de planos secretos seja um tanto cansativo, agrada-me que o autor se demore tanto na trama política quanto nas batalhas. É  dessa maneira equilibrada que Red Rising se apresenta muito superior as outras distopias juvenis que foram lançadas aos montes no mercado brasileiro nos últimos anos.

    Compre: Estrela da Manhã (Trilogia Red Rising) – Pierce Brown

    Mariana Guarilha é devota de George R. R. Martin, assiste a séries e filmes de maneira ininterrupta e vive entre o subconsciente e o real. 

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