Categoria: Séries

  • Review | Diário de Um Confinado – 2ª Temporada

    Review | Diário de Um Confinado – 2ª Temporada

    Após a primeira temporada de Diário de um Confinado, o ator e produtor Bruno Mazzeo e sua esposa e cocriadora Joana Jabace resolveram mais uma vez mostrar um pouco da rotina do personagem Murilo. O primeiro de seis capítulos chama-se Desconfinando, e mostra as mudanças de hábitos durante a pandemia do novo coronavírus. O programa segue sendo bastante engraçado, fazendo piada com situações do cotidiano e dificuldades provenientes dos tempos atuais e anormais.

    Murilo continua neurótico e paranoico, com muitos problemas. Além dele, há o retorno de alguns personagens engraçados, como a psicóloga que Fernanda Torres faz, a vizinha Adelaide feita por Débora Bloch ou Matheus Nachtergaele, além de participações de Leticia Colin. As pessoas querem ter algum contato social com Murilo, mas elas esbarram nas inseguranças dele, que é um sujeito naturalmente surtado. Essa tentativa de interação demonstra um pouco da péssima forma de lidar com a pandemia que a maioria das pessoas ostenta, e serve de denúncia – embora obviamente o intuito da série seja fazer rir, e não desenvolver uma grande crítica social.

    Em circunstâncias comuns, o personagem principal poderia ser encarado como antissocial (não que isso seja um problema), mas nesse cenário, ele é apenas cauteloso.  Os seis episódios mostram mudanças grandes na rotina de Murilo, ele está diferente, e essa dinâmica é bem divertida, e como o foco do seriado sempre foi mostrar a vida de uma maneira leve e descontraída. Além disso, há um número menor de quebra da quarta parede. Mazzeo, por exemplo, não se revela como personagem, como foi no fim da primeira temporada.

    No final do ano de 2020, houve um episódio maior (45 minutos, mais que o triplo da média), falando a respeito das festas típicas dessa época, com forte cunho emocional e que explora os personagens da família de Murilo, desde as inseguranças de ter que lidar com uma tentativa de vida normal em meio a uma pandemia às tentativas de seguir em frente mesmo com um novo tipo de rotina. Diário de Um Confinado – 2ª Temporada consegue refinar o seu humor, e até inovar em sua simples proposta, dando novas camadas ao seu personagem principal, que  se despede bem do seu público, abrindo possibilidades de aventuras futuras.

  • Review | Cidade dos Homens

    Review | Cidade dos Homens

    Cidade dos Homens mirava ser uma versão mais palatável e juvenil de Cidade de Deus o clássico longa de Katia Lund e Fernando Meirelles. Ambos são creditados como criadores e produtores do seriado que teve quatro temporadas de 2002 e 2005 e um filme de mesmo nome lançado em 2007. No elenco, haviam muitas coincidências com Cidade de Deus, incluindo Douglas Silva e Darlan Cunha e outros membros da produção. O seriado mostrava a vida de Acerola e Laranjinha que viviam situações perigosas, típicas da vida nas favelas cariocas, mas também compartilhavam momentos comuns a vida de qualquer criança.

    Fase Clássica

    Já nos primeiros momentos de seu piloto dirigido por César Charlone, se estabelece o protagonismo de Luiz Claudio Cunha, o Acerola e Uólace da Silva, o Laranjinha, transitando sempre entre o morro e a zona sul, parte nobre da capital fluminense. A linguagem é crua e os termos usados pelos meninos envolvem um escracho salutar, com gírias próprias e um conjunto de palavrões pouco comuns ao retratado normalmente em crianças na televisão aberta. Os garotos que contam a história não são normais, ao menos não para os padrões da classe média que costuma monopolizar a teledramaturgia global mas as situações que vivem conversam demais com a rotina da maioria das pessoas de baixa renda brasileira. O que é até natural dado que a primeira vez que os dois apareceram foi no curta Palace II, de Lund e Meirelles, exibido no também global Brava Gente.

    Na primeira temporada há um número considerável de intervenções meio documentais, quebrando a quarta parede e mostrando os meninos como atores e não como personagens, contando parte de suas experiências com a violência cotidiana. É curioso notar como eles enxergam a realidade que vivem, transitando entre o medo de morrer e o desejo de ter a ascensão social via capital, gerado pelo dinheiro do tráfico. Ao mesmo tempo em que sabem que poderiam obter o glamour do dinheiro pelo tráfico, sabem da guerra estabelecida com os policiais que, em sua maioria, são pobres como a dupla de protagonistas. Assim, o norte de ambos é o medo de morrer jovem.

    O seriado se dedica a fazer paralelos simples entre todas as realidades dissonantes apresentadas, o corpo de diretores é bem diverso, além dos já citados Lund, Meirelles, Charlone há também de Paulo Lins (autor do livro Cidade de Deus), Adriano Goldman, Cao Hamburger,  Eduardo Tripa, Paulo Morelli, Pedro Morelli, Phillippe Barcinski, Regina Casé (que seguiria levando Cunha e Silva para seus projetos) e Roberto Moreira entre outros.

    No segundo ano do programa, os meninos crescem, entram na adolescência e se desenvolvem fisicamente muito rápido, ficam altos, parecem adultos. Nessa temporada começam a dar vazão a sexualidade, fato que casa bem com a estatísticas de que menores de idade em famílias de baixa renda costumam ser sexualmente ativos mais novos do que outras faixas econômicas. As cenas de encontro e amassos garantem alguns dos momentos mais engraçados do seriado. Além desses momentos leves, também se trata da realidade dos presídios, chegando ao cúmulo de um dos personagens até pedir ao presidente, na época Lula, para perdoar um parente encarcerado.

    Os episódios tinham um formato simples e duração curta. Eram obviamente voltados para a comédia, mas todos esses casos graves dão uma dimensão do quanto o Brasil é um país diverso que contém muitas realidades. A identidade nacional está longe de ser uma só. É plural, trágica mas também bonita e poética, Laranjinha e Acerola são jovens heróis dessa realidade.

    Na terceira temporada os dois personagens avançam casas. Tem uma iniciação na vida sexual que vai além dos flertes e vão para as vias de fato, e os roteiros se dedicam para falar de gravidez na adolescência, aborto e temas relacionados. Mesmo quando a abordagem é didática, há uma boa dramaturgia por trás, soa natural, coerente com a premissa da série.

    A quarta temporada é claramente menos inspirada, mais voltada para a quebra da quarta parede, em que se fala abertamente que os dois meninos são personagens, mostrando Darlan e Douglas tendo que lidar com o desemprego como atores.

    Roberto Moreira dirige A Fila, episódio mais agressivo até então no programa, em que Laranjinha já mais velho, leva uma bala perdida e vai para o hospital. Ao final, ele é confundido com um bandido e levado por seus parceiros. Já nesse início se percebe uma visão mais adulta e uma abordagem madura, espírito que seria evoluído no controverso filme. Esse tipo de mudança narrativa é bastante válida, mostra o quando Cidade dos Homens era versátil, e que valia evidentemente ser revisitada. É uma pena que a maior parte do seu elenco não tenha se dado tão bem no cinema e televisão, com exceção de uma ou outra participação de Douglas Silva nos programas da auditório de Regina Casé, ou de outros coadjuvantes como Tatiana Rodrigues que fez muitas novelas. Ainda assim, a criação de Meirelles e Lund gerou bons frutos, especialmente por não olhar para a realidade de favelados e suburbanos cariocas como pobres coitados meramente, e sim como gente comum, que tem alegrias e dissabores semelhantes a vida de qualquer um.

    Minissérie

    Dez anos após o lançamento do filme, a historia de Laranjinha e Acerola volta a ser contada, dessa vez com eles adultos, vividos pelos mesmos atores. Ambos já tem filhos, que por acaso, também são melhores amigos. O espírito prossegue semelhante, Cunha e Silva seguem bem em seus papéis, claro, com novos desafios típicos da vida de um jovem adulto favelado.

    A mini teve (até agora) duas temporadas de 4 episódios cada. Os meninos são vividos por Luan Pessoa como Davi, e Clayton por Carlos Eduardo Jay. Os episódios são dirigidos por Pedro Morelli e utilizam demais das imagens da fase inicial, para pontuar as novas situações, com forte uso do sentimento nostálgico.

    Essa reciclagem tem bons momentos, embora na maioria deles, pareça apenas uma reciclagem, com os momentos novos servindo de pretexto para requentar os clássicos. A exceção se dá nos episódios finais de cada uma delas: a primeira refletindo sobre as dificuldades dos mais pobres em ter serviço de saúde como operações no SUS (fato que se agravaria ainda mais nos anos posteriores a 2017), além de um surpreendente plot sobre quem seria a mãe de Davi, e porque o filho de Laranjinha teria a mesma idade de Clayton mesmo sem ter sido apresentado antes.

    Ao menos os roteiros são carregados de emoção, de momentos que colocam seus personagens no limite. Além disso, há uma crítica mais ácida a condição política e social do Brasil. O Rio de Janeiro é mostrado ainda como um cenário de guerra, os meninos que antes tinham medo de morrer agora pensam em como suas famílias poderão sobreviver. Não bastando isso, eles ainda têm problemas com desemprego, questões que grande parte dos brasileiros vive na pele, moradores ou não de comunidades carentes. Cidade dos Homens mesmo em meio aos seus clichês segue atual.

     

  • Review | Brinquedos Que Marcam Época – 3ª Temporada

    Review | Brinquedos Que Marcam Época – 3ª Temporada

    A Primeira Temporada de Brinquedos Que Marcam Época foi muito bem recebida como a série que explorava a temática dos negócios de brinquedos de marcas como Star Wars e Gi Joe. Na segunda temporada seguiu sendo divertida e bem informativa, tratando de Transformers, Lego, etc. Para o terceiro ano, o produtor executivo Tom Stern e o criador Brian Volk-Weiss (e agora diretor dos 4 capítulos) falam de mais quatro análises de fenômenos populares e seus respectivos brinquedos: Power Rangers, My Little Pony, o mundo das lutas Wrestling e Tartarugas Ninja.

    O episódio focado no mundo da luta livre é claramente o menos memorável. Foca demasiado nas figuras famosas do WWE e das ligas concorrentes. Não que o estudo esportivo seja desprezível, certamente um analista mais afeito e aficionado por essa subcultura acharia bem mais interessante. O mesmo não se pode dizer daquele voltado ao universo My Little Pony. O episódio não demora muito a falar do desenho antigo de 1986, uma vez que seu tempo de estudo é mais focado em como a Hasbro quase faliu e de como precisava diversificar seus produtos para além de  G. I. Joe – Comandos em Ação. A intenção era fazer um brinquedo com que as meninas pudessem brincar, e não apenas emular serviços de casa ou maternidade. Da parte mais bizarra deste capítulo, destaca-se um fato que quase não esteve no produto final dos pequenos equinos: as crinas feitas com fios bem cuidados e que geraram uma grande obsessão nas compradoras e compradores.

    Certamente o episódio que mais causa furor no fã é sobre a versão de Haim Saban dos Tokusatsus Super Sentai, chamada primeiramente de Mighty Morphins Powers Rangers. O roteiro analisa desde a origem de Godzilla e filmes de monstros até a popularização dos seriados live action no Japão. Também se destaca algumas tentativas anteriores de produtores levarem esses elementos aos EUA, como Stan Lee com versaão japonesa do Homem Aranha – Supaidāman.

    No episódio voltado para As Tartarugas Ninja, serviu como reencontro para os dois quadrinistas, Kevin Eastman e Peter Laird, criadores da série e que estavam distante há muitos anos, motivando uma nova série em quadrinhos com a dupla. Para quem não conhece absolutamente nada dos personagens, este episódio é um prato cheio. Se fala bastante e detalhadamente da Turtlemania e da história de amor de Laird e Eastman por quadrinhos, além de demonstrar o quanto Chuck Lorre foi importante na composição da música tema.

    O estudo vai até o Maine e remonta os primórdios da parceria da dupla. É fato que os dois autores não sabiam do potencial que tinham em mãos e a entrada de um possível licenciador, Mark Freedman, é bem explorada. A importância do sujeito é enorme, ao lado do produtor de televisão David Wise, responsável pelo clássico desenho animado da série.

    Dos momentos engraçados, se destaca a ideia de cortar o rabo das tartarugas no desenho, pois na telinha e nos brinquedos, a cauda se tornava fálica, como um pequeno e deformado pênis pendurado (a ajuda visual aliás faz a situação ser ainda mais hilária que esta mera descrição). Volk-Weiss parece ser realmente um dos adeptos da Turtlemania, pois vai a fundo no estudo, focando na inteligência de Freedman em tentar fazer um filme solo – em um momento em que produtores de TV não queriam por conta de outros fracassos como Howard: O Super Herói. A história mostra que ele estava certo e os brinquedos bateram recorde de vendas.

    Brinquedos Que Marcam Época é uma série com muito fôlego. Embora as franquias famosas já tenham sido exploradas, há ainda uma gama enorme de produtos que certamente poderiam gerar bons estudos de casos, como os brinquedos da Marvel ou Super Powers da DC Comics, além de franquias asiáticas seriadas ou não. O que se percebe aqui é um programa certeiro, de edição ágil e muito preocupada em informar o espectador e louvar cada uma dessas franquias.

  • Review | Por Um Respiro

    Review | Por Um Respiro

    Por Um Respiro é uma série de documentários da Globoplay, dirigida por Susanna Lira que mostra o dia-a-dia de funcionários da saúde que lidam com a pandemia do Novo Coronavírus. Sua história se passa no Hospital Pedro Ernesto, referência em tratamento de Covid-19 no Rio de Janeiro.

    O seriado mostra em detalhes algumas das falas comuns do povo, como o uso ou não de celulares pelos pacientes. As enfermeiras em alguns momentos levam os telefones para que os internados possam ter algum contato com seus parentes. Ele também acompanha a evolução do quadro dos pacientes, mostrando os estágios de recuperação, não só físicos, mas também emocionais.

    A filmografia de Lira não é perfeita, mas ao menos no que toca questões emocionais o trabalho dela como realizadora é irrepreensível, e em se tratando de um documentário, é preciso ter esse apelo ao passional ainda mais numa questão como a proliferação de uma doença tão cruel e desacreditada pela população em geral, afinal se tratam de vidas, pessoas fragilizadas e que são naturalmente excluídas, visto a forma como o governo federal lida com a questão da pandemia e a ignorância em relação a vacina.

    Esteticamente a série é bem simples, e até esse aspecto ajuda a fomentar a urgência do discurso que é proposto, não há desvios narrativos, o foco é na esperança das pessoas em poder sair dessa situação, e no esforço dos profissionais em lutar para que as pessoas possam ficar bem ou ao menos se sentirem com algum conforto.

    A série tem seis capítulos, e o último se chama O Fim Não Está Próximo, e seu tom é quase profético, pois além de contradizer a fala de autoridades, também fortalece o cuidado que é preciso, com pacientes adoentados e com quem não leva a sério das medidas de proteção e de distanciamento. Para além das questões emocionais, Por Um Respiro é uma boa versão dos fatos colhidos a partir de quem viveu e vive um drama de guerra, de quem está na linha de frente e é tão desvalorizado por tanta gente.

  • Review | The Mandalorian – 2ª Temporada

    Review | The Mandalorian – 2ª Temporada

    Depois de uma temporada inicial apoteótica, The Mandalorian retorna em 2020 repleta de expectativas por parte dos espectadores e da crítica. O destino do caçador de recompensas e da criança que lhe serve de parceiro e pupilo é explorado em cenários que lembram os bons momentos dos western spaghetti, e claro, aventuras de ficção científica.

    Em menos de dez minutos do primeiro episódio, Din Djarin se mete em um cenário de luta livre com diversos personagens alienígenas já conhecidos, inclusive os “suínos” gamorreanos que serviam de guardas de Jabba brigando e arrumando confusão. A sensação de que se expandiu o mundo introduzido em Uma Nova Esperança na cantina de Mos Eisley segue viva, claro, com pitadas do novo cânone e muitas referências a The Clone Wars e Rebels.

    Jon Favreau sempre disse que era um apaixonado pela trilogia clássica e tudo que foi produzido a respeito da saga, e isso se vê tanto na escolha de estender essa parceria com Dave Filoni, responsável pelas séries animadas em 3D que se localizavam entre os filmes, como também no retorno aos cenários clássicos e no uso de feitos visuais práticos, como era nos longas dos anos 70 e 80. O cuidado em dar volume e substância aos confins e subúrbios da galáxias fomenta a importância da jornada estabelecida entre o Mandaloriano e a criança, resultando numa boa releitura dos mangás do Lobo Solitário.

    A estrutura dos episódios segue a mesma da primeira temporada: há uma linha guia, mas alguns episódios são ligados a questões pontuais. A presença de velhos conhecidos dos fãs permanece neste ano, ainda que ocorra de forma breve. Essas aparições garantem fôlego a série e dão um pouco da dimensão do quanto o antigo universo expandido maltratou os personagens, especialmente Boba Fett, embora haja um resgate de elementos de quadrinhos antigos do selo Legends como em  Boba Fett: Engenhos da Destruição e Jango Fett: Temporada de Caça.

    Entre os diretores dos oito episódios, há de destacar Bryce Dallas Howard, que rege de maneira ainda mais firme do que havia sido na primeira temporada em The Sancturay, e também Robert Rodriguez, que produz um capítulo curto, mas repleto de ação e diversão, fato que rendeu ao diretor de Alita: Anjo de Combate a produção executiva da nova série da Disney +, The Book of Boba Fett. A presença de Rosario Dawson também é ótima, finalmente trazendo à luz um personagem que só tinha aparecido em versão animada.

    Os dois episódios finais são frenéticos, mostram boa parte dos personagens secundários com muito destaque, além de conter boas referências ao cinema recente, como uma clara alusão a cena do jogo de adivinhação em Bastardos Inglórios, e claro, o resgate a um conceito do universo expandido, os robôs de combate Dark Troopers. Para quem gosta de Star Wars, The Mandalorian é um prato cheio. Simples, direta, divertida e cheio de personagens carismáticos.

  • Review | Quarteto Fantástico

    Review | Quarteto Fantástico

    Nos anos noventa, alguns personagens da Marvel ganharam séries animadas. Entre as mais lembradas estão Homem Aranha e X-Men. Em 1994, mesmo ano em que teria sido lançado o Quarteto Fantástico produzido por Roger Corman, também chegava nas telinhas uma animação conhecida apenas como Quarteto Fantástico, de duas temporadas e 26 episódios.

    No piloto é mostrado os heróis lutando contra o Príncipe Submarino Namor e, logo, estão em um talk show que serve de pretexto para falarem sobre a origem de seus poderes. O quarteto é um grupo preocupado com o bem estar social e a filantropia, dedicam sua vida a angariar fundos para caridade e nisso texto é bastante pueril, remetendo a outros quadrinhos da Era de Ouro em que o maniqueísmo era a tônica, sem nenhuma nuance além do heroísmo puro e simples. A produção de Ron Friedman e Glenn Leopold tentava compensar a veiculação em regime de Syndication, ou seja, veiculada em redes de TV locais negociadas uma a uma, com uma universalidade textual. A produção executiva era assinada por Avi Arad, o mesmo que produz até hoje os filmes do Homem-Aranha e fez parte da maioria das animações da Marvel, além de Stan Lee e Rick Ungar.

    O grupo de coadjuvantes mostrados aqui é grande, com participação de vilões como Mestre dos Bonecos, Toupeira, Doutor Destino, Aniquilador e outros tantos, e aliados como Pantera Negra, Hulk, Inumanos etc. Há também uma forte participação de Galactus e do seu arauto, o Surfista Prateado. Alguns personagens tem boas introduções, outros simplesmente participam sem introdução, como o Motoqueiro Fantasma e os Vingadores.

    Os capítulos que exploram questões de space opera são de longe os mais interessantes, as origens dos personagens são bem exploradas, sobretudo a de Destino. Ao menos nisso o didatismo do roteiro é bem encaixado. Há uma mudança visual positiva na segunda temporada, com abertura nova e uniformes diferentes para os quatro. Ainda assim, há problemas nas transições animadas, com poucos frames ou trechos suprimidos.

    O Quarteto Fantástico apesar de simples, capta a atmosfera e aura dos personagens clássicos de maneira mais que certeira os filmes. Os roteiros são fracos e a animação consegue ser ainda mais paupérrima que a dos X-Men e Homem-Aranha, mas há bons momentos, uma pena que a trama dos Inumanos se resuma basicamente a idas e vindas da relação entre Johnny e Crystal e que o Surfista Prateado seja tão reduzido, ainda assim os clichês desse e de todos os personagens são bem desenvolvidos.

  • Review | The Avengers: United They Stand

    Review | The Avengers: United They Stand

    Em 1999, muito antes da iniciativa de Kevin Feige e companhia que resultariam em Os Vingadores de Joss Wheddon ,antes até Vingadores: Os Super Heróis Mais Poderosos da Terra houve uma animação seriada de apenas 13 episódios, chamada no Brasil de Vingadores: A Série, no original The Avengers: United They Stand, era distribuída pela Sabam, a mesma que empresa que produzia Mighty Morphin Power Rangers pelo mundo, e isso explica o fato de vários personagens usarem armaduras e mudarem de tamanho, como é típico nos Super Sentai que produziam as cenas originais de MMPR.

    A narrativa se inicia com Ultron, o vilão robótico, criando Visão, uma alternativa mecânica de vingança ao seu criador o doutor Henry Pym, o Homem Formiga líder do grupo de heróis. Já nesse inicio ele é mostrado como um sujeito inseguro com a posição de liderança, uma vez que essa era uma formação dos Vingadores da Costa Oeste (a série chegou a ser exibida no Brasil com esse nome também), composta por Vespa, Gavião Arqueiro, Magnum e Feiticeira Escarlate, entrando depois Visão e Falcão.

    A trinca Thor, Homem de Ferro e Capitão América é meramente citada, como fundadores da reunião de vigilantes. É lamentável que a adaptação do grupo (que nem era tão popular na época) sem os medalhões. Isso é até abordado no roteiro, com a Vespa falando que Hank é tão importante quanto eles, e isso até é verdade parcialmente, mas fato é que sozinho, ele não segura uma série. Os outros heróis são ainda menos populares, alguns seguem sem serem tão conhecidos até hoje, o motivo para essa escolha de elenco foi por conta da quase falência da Editora no final dos anos 90, quando venderam os direitos dos personagens para estúdios de cinema, só recuperados e bem aos poucos ao longo da década de 2000, portanto, venda de material de merchandising não iriam em totalidade para a Marvel, por isso Hulk, Capitão e cia deveriam aperecer esporadicamente.

    A série é repleta de momentos sentimentais, e seus personagens são pouco melhor desenvolvido que nas séries anteriores da editora. Os heróis tem fragilidades que o tornam bem humanos, mas isso não faz tanta diferença, já que a maioria deles mal tem poderes, exceção a Wanda. Os vilões por sua vez são bastante maniqueístas, Ultron, é o que mais aparece, e ele carrega uma mensagem incomoda de Complexo de Frankenstein, seu embate psicológico com Pym, seu criador contém um diálogo terrivelmente mal escrito, que evoca obviedades envolvendo a possível perfeição do vilão, que obviamente, não existe.

    A serie deixa algumas questões mal resolvidas, como a interferência do presidente na formação do grupo, ou a rápida aceitação de Visão entre os mocinhos a despeito do sumiço de Magnum. Ao menos há alguns sub textos que são sugeridos e que tem potencial, como a intimidade de Sam Wilson como homem preto que tem problemas reais e ligados a cor de sua pele. Por trás da produção estava Ron Myrick na direção, com produção executiva de Avi Arad, Stan Lee e Eric S. Rollman.  A serie foi cancelada com apenas uma temporada e boa parte do insucesso foi apostar em dinâmicas sentimentais e amorosas de personagens pouco conhecidos. Não há muito como se importar com um triangulo amoroso entre Wanda, Simon/Magnum e Visão, afinal, nenhum deles é super conhecido, e não é feito sequer uma introdução mais profunda dos dois primeiros personagens.

    Para o público se importar, ou o texto trabalha esses enlaces, ou se baseia em algo já lugar comum e nenhuma das alternativas é feita, talvez em eventuais episódios de uma nova temporada isso fosse exposto. A fala de Vespa no primeiro capítulo sobre a importância do Formiga se torna profética, mas no sentido inverso. É difícil não encarar Pym como um sujeito tolido por motivos comerciais, e essa versão dos Vingadores trazida como se fossem de fato os maiores heróis reunidos do universo (Marvel) é risível, e nem sequer os roteiros compensam essa sensação de fracasso. Nem as breves aparições de heróis  grandes resgata o programa da mediocridade, em  Os Vingadores: A Série não seha tão execrável quanto a maioria das pessoas afirma atualmente, sendo até superior visualmente a outras animações como X-Men e Homem-Aranha, e além disso termina com um gancho para segunda temporada, envolvendo os novos poderes e composição de Magnum e obviamente novas aventuras dos heróis protetores de Manhattan e que não terão um desfecho.

  • Review | Arremesso Final

    Review | Arremesso Final

    Considerando  o que foi a carreira de Michael Jordan,  é uma pena mesmo que Arremesso Final, série conduzida por Jason Hehir, não pôde ser lançado no Brasil com seu nome original: Last Dance. Ainda mais quando seu significado se alinha com a fala de um dos personagens principais dessa narrativa, o treinador hexacampeão Phil Jackson do Chicago Bulls. Apesar da obra retratar em grande parte a ótica de Jordan, seu foco narrativo também mira o ultimo título do time na temporada 97-98 e também viaje por outras eras, intensificando o documentário.

    O decorrer da temporada referida foi inteiramente acompanhada de câmeras e o gigantesco material bruto ficou parado durante um bom tempo. Somente em 2016,  Jordan permitiu que a ESPN editasse este residual bruto como um documentário especial que seria lançado em 2020, após as finais da NBA. Com a pandemia de Covid-19 e a consequente paralisação da liga, o lançamento foi antecipado para o momento dos playoffs, e isso causou um rebuliço entre jogadores, tanto atuais como aposentados, personagens do seriado ou não, comentando em tempo real cada episódio via twitter.

    Após a repercussão do seriado, muitos personagens se acharam injustiçado. Scottie Pippen achou seu retrato vaidoso e egoísta. Horace Grant não gostou das falas de MJ sobre drogas nos vestiários dos Bulls quando era novato. Aos poucos, os 10 capítulos mexem no vespeiro das polêmicas da vida de Jordan e de outras figuras como Pippen, Dennis Rodman, Jackson, e Steve Kerr. Apresentando não só as quadras e os vestiários mas humanizando-os, explorando seus vícios, como o excesso de apostas de Jordan. Sobre esse tema, a forma como o assunto é abordado é bem delineado, divertido mas sem retirar a gravidade das situações.

    Mesmo sendo parcial, a série não é maniqueísta. A figura do protagonista não é heroica. Varia entre o astro incontestável, a marca inócua e o homem incapaz de se posicionar politicamente. Por mais que todo o documentário seja a parte de Jordan sobre sua vida e carreira, apresenta alguns lugares escuros. Até mesmo com figuras mais vilanescas, como o General Manager Jerry Krause demonizado sem qualquer pudor.

    Já quando se explora a temática de Rodman, não há tanto aprofundamento, até porque há duas obras que lidam bem com esse assunto, também lançadas pelo canal ESPN – Rodman for Better or Worse e o documentário sobre o time dos Pistons, Bad Boys. Os perfis de Pippen e Jackson também são bem explorados embora nesse segundo há exageros ao compará-lo com Rodman. Fora isso, o estudo é bem feito, embora se sinta falta de Toni Kukoc, provavelmente por culpa da pandemia e consequente antecipação do show.

    A construção de Krause como personagem malvado passa por deixa-lo em situações vexatórias. Ao apresentar Jackson como treinador principal (era antes auxiliar) aparece desconfortável e reclamando do vazamento da notícia, surpreendendo até o novo treinador. Neste trecho é exibido uma problemática da versão brasileira com legendas criativas em excesso que nada tem a ver com o original. Bem como piadas que não se adequam como quando Pippen e Jordan falam que os jogadores estavam bebendo e a legenda apresenta a frase “se viessem aqui antes veriam metade dos manos matando um engradado”. Além de se usar termos jamais falados em português brasileiro como cestobolista. Apesar de engraçados, os momentos desviam do texto original. Fora isso, o manager é normalmente apresentado como inepto e tolo. Como faleceu em 2017, nem mesmo pode se defender.

    O desenrolar da rivalidade com o Detroit Pistons de Isiah Thomas, as polêmicas do Dream Team e a construção da marca Air Jordan também são muito bem exploradas. São assuntos tão ricos que poderiam gerar cada um deles um filme solo. A mentalidade super higiênica da campanha Be Like Mike é tratada como se deve: algo problemático, digno de discussão, inclusive nas falas de Barack Obama, que também tem a máscara de genro ideal que Jordan tinha, ainda que o antigo presidente se posicionasse bem mais que o jogador, inclusive criticando-o por não se pronunciar a favor de um candidato negro ao senado para não desagradar os Republicanos.

    Hehir acerta ao mostrar os momentos que MJ pensava em se aposentar. Talvez se tivesse mais tempo ou mais capítulos disponíveis, poderia explorar um pouco sobre como foi sua vida pós segunda saída do Bulls, como quando foi general manager e jogador pelo Washington Wizards ou como dono do Charlotte Hornets, momento em que deixou sua vaidade falar mais alto. Também poderia ter expandido um pouco mais a paixão dos Jordan pelo baseball ou desenvolver a época quando ele jogava no ensino médio. Ao menos se explora bastante os bastidores de Space Jam: O Jogo do Século, inclusive em seus momentos jogando durante a paralização da Liga, logo depois de largar divisões inferiores da Major League Baseball.

    O último episódio foca demais no embate entre Jazz e Bulls. Fala das indiscrições de Rodman, das brigas com Krause e da participação de Kukoc. A sensação ao final é que era necessário que o grupo parasse de jogar. Além de caros, era exaustivo o processo de manter a dinastia. Michael declara que é enlouquecedor sair no auge, mas manter esse nível de cobrança mental e física era igualmente desesperador.

    Arremesso Final termina positivo, otimista e valorizando as vitórias de Jordan. Mesmo com seus olhos marejados, mesmo que não se mostre quase nada de sua vida pessoal, mesmo que ele seja uma figura absolutamente misteriosa e calada pós aposentadoria. Toda essa aura de mistério torna o esforço investigativo ainda mais importante e mais divertido pelo caráter inédito do material.

  • Melhores Animes de 2020

    Melhores Animes de 2020

    Confira a lista dos melhores animes que se destacaram em 2020.

    O ano de 2020 foi difícil para a cultura em geral, e com o mundo dos animes não seria diferente. Vários projetos adiados e transmissões interrompidas para zelar da saúde dos realizadores e responsáveis. Ainda assim, muito material interessante chegou ao público, dos mais diversos projetos e com uma expansão cada vez mais forte dos animes mundo afora. E vamos a lista!

    10. The God of Highschool

    Da leva dos originais do Crunchyroll, The God of Highschool veio para dividir opiniões, principalmente por acelerar os acontecimentos, mas também empolga na ação. O anime conta as aventuras de Jin Mori, Yoo Mira e Han Daewi, que entram no The God of Highschool, um torneio de artes marciais onde o vencedor poderá realizar um desejo, seja lá qual for, e os três jovens enfrentam todo tipo de adversário. A obra, com 13 episódios disponíveis, é uma ode aos grandes animes de luta, com inspirações de Dragon Ball até JoJo’s Bizarre Adventure, com batalhas usando captura de movimento, tornando os golpes mais realistas em meio às lutas espetaculares, que são guiadas pela trilha sonora com influência do kpop, devido ao material original ser uma webtoon sul-coreana, escrita por Youngje Park, usando bastante a cultura do país.

    9. BNA: Brand New Animal

    O original da Netflix em conjunto ao estúdio Trigger, que repetem a parceria já vista em Little Witch Academia. O anime mostra a história de Michiru Kagemori, uma garota que, por algum motivo misterioso, ganha aparência animalesca e acaba em Animalia, uma cidade habitada pelos ferais, humanos que têm a habilidade de se transformarem em animais. A garota se junta ao detetive Shirou Ogami, um homem-lobo, para tentar descobrir o motivo dela ter se transformado em feral, enquanto lidam com problemas na sociedade de Animalia. Disponível em 13 episódios.

    8. Deca-Dence

    Dirigido por Yuzuru Tachikawa (Mob Psycho 100), o anime conta sobre um mundo pós-apocalíptico onde os humanos vivem em uma fortaleza móvel chamada de Deca-Dence. A humanidade luta contra os Gadolls, monstros que diminuíram a população e fizeram com que os humanos se protegessem na fortaleza. Os guerreiros que lutam contra esses monstros são divididos em Gears, que representa a elite, e os Tankers que são os humanos de baixo escalão. Uma garota chamada Natsume sonha em ser uma Tanker, mas acaba sendo movida para trabalhar na manutenção da fortaleza com o misterioso Kaburagi. Tudo começa a mudar na vida de Natsume e também em toda a trama.

    7. Akudama Drive

    O estúdio Pierrot, famoso por produzir obras extensas como Naruto, Bleach e Yu Yu Hakusho, aposta num anime de 12 episódios e com muito estilo, aproveitando a onda cyberpunk, colocando cores vibrantes e ação usando bem o slow-motion e gadgets tecnológicos. Akudama Drive se passa num Japão futurista, em que o governo persegue um grupo de criminosos altamente perigosos denominado de Akudama. A polícia anuncia a execução de Cutthroat, um dos Akudama, e vários nomes perigosos são convocados para libertá-lo em troca de uma recompensa enorme.

    6. The Day I Became a God

    De Jun Maeda, criador de Angel Beats, a história aborda a vida de Yota Narukami, que durante seus exames no ano de graduação do ensino médio, conhece Hina Sato, que se denomina como uma deusa. Hina diz que o mundo irá acabar em um mês, mas Yota duvida, porém ela começa a acertar previsões, o que faz o jovem crer realmente que ela é uma divindade. Então Hina e Yota vão ajudando as pessoas nesse período até o fim do mundo e conta como ela se transformou em uma deusa. O anime distribuído em 12 episódios e produzido pelo estúdio P.A.Works, o mesmo de Angel Beats

    5. Sing “Yesterday” for Me

    Um slice of life que conta a história de quatro jovens tentando lidar com a vida adulta enquanto relembram acontecimentos do passado que ainda permeiam no presente. O anime adapta livremente o mangá de Kei Toume e foi desenvolvido em 12 episódios, disponíveis no Crunchyroll.

    4. Great Pretender

    Mais um original Netflix, Great Pretender conta a história de Makoto Edamura, um vigarista que se considera o maior do Japão. Um dia, ele se encontra com o misterioso Laurent Thierry e começa a fazer parte do seu grupo, crescendo sua fama como ladrão cada vez mais. Great Pretender tem um visual colorido marcante, empolga pela série de crimes arquitetados e pelo carisma dos personagens. Desenvolvido pelo estúdio Wit, responsável pelos enormes sucessos Attack on Titan e Vinland Saga, foi distribuído em 23 episódios na Netflix.

    3. Dorohedoro

    Baseado no mangá de Q Hayashida, o anime apresenta um mundo biopunk, que se divide em duas realidades, o Buraco, lugar que os humanos residem e o Mundo dos Feiticeiros, onde esses são uma raça diferente dos humanos, tendo poderes especiais e tem a capacidade de atravessar as dimensões e ir para o Buraco, tendo uma rivalidade com os humanos. Em meio a isso, Kaiman, um humano com cara de lagarto, junto à sua parceira Nikaido, tentam descobrir o motivo de Kaiman ter essa aparência reptiliana, caçando e interrogando os feiticeiros que possam ter feito isso com ele. O anime, repleto de gore e comédia, foi produzido pelo estúdio MAPPA e distribuído pela Netflix em 12 episódios.

    2. Jujutsu Kaisen

    O grande sucesso do ano é sem dúvida Jujutsu Kaisen. A nova jóia da Shonen Jump, escrita pro Gege Akutami, foi adaptada em anime pelo estúdio MAPPA, trazendo a história de Yuji Itadori, o jovem que vive o luto do seu avô, e por desventuras dos seus colegas de escola, acaba comendo o dedo do demônio Ryomen Sukuna e passa a dividir a sua consciência com o ser amaldiçoado. Ele é recrutado pelos feiticeiros Jujutsu, uma ordem que lida com as maldições, seres sobrenaturais que atormentam o mundo real. A série carrega uma lindíssima animação, com uso dos elementos de terror somados a várias cenas de ação extraordinárias. Anime segue em exibição no Crunchyroll, com previsão de ser finalizado em 24 episódios.

    1. Keep Your Hands Off Eizouken!

    O visionário diretor de animes Masaaki Yuasa (Devilman Crybaby) faz de Keep Your Hands Off Eizouken! uma carta de amor à indústria dos animes e a quem almeja ser um realizador de animação. Serializado em 12 episódios no Crunchyroll, a trama traz Midori Asakusa, uma jovem que ama animes e adora desenhar esboços, que encontra Tsubame Mizusaki, uma modelo famosa que secretamente cria personagens e tem o sonho de ser animadora. Elas unem seus desejos e paixão pela animação e criam o clube de audiovisual “Eizouken”, com a ajuda de Sayaka Kanamori, tendo o objetivo de criar um anime experimental. A cada união de pensamento das garotas, o anime coloca a imaginação delas para saltar na tela, com todo episódio tendo um show de animação excelente, enquanto elas montam passo a passo o seu projeto. Sem dúvidas é o melhor de 2020.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

  • Review | Alice in Borderland – 1ª Temporada

    Review | Alice in Borderland – 1ª Temporada

    Três amigos entram num banheiro público, na mesma cabine, ficam ali dentro até que, de repente, todas as luzes se apagam e um silêncio absoluto começa a reinar. Eles saem do banheiro: tudo deserto. Não há uma alma viva sequer. O que aconteceu? Talvez a sua maior dúvida seja: porque diabos três amigos entraram na mesma cabine de um banheiro? Bem, é mais interessante do que parece.

    Os fatos narrados acima ocorrem nos minutos iniciais do primeiro episódio de Alice in Borderland, onde esses personagens são apresentados. Arisu é o típico nerd que joga videogame o dia inteiro e não arruma emprego porque sua família – a contragosto – o sustenta. E sabemos que, no Japão, o trabalho é levado a sério (até demais), por isso a sua família tem um grande descontentamento em relação a ele. Mas não sejamos injustos, Arisu também faz outras coisas além de ficar em casa jogando videogame. Ele sai com seus dois amigos, Karube e Chota. E num desses passeios eles acabam fazendo uma pequena baderna no meio da rua e chamam a atenção da polícia. Nisso eles correm, se escondem no banheiro público e todo mundo desaparece.

    Todos sumiram, sabe-se lá o porquê. Eles perambulam pela rua por horas até que uma placa luminosa aponta uma direção. Eles chegam em um prédio onde tem, em uma sala, vários celulares com uma placa dizendo “UM POR PESSOA”. Eles pegam, ligam os celulares e neles aparecem um aplicativo falando de um jogo que irá começar. Pouco antes de terminar o tempo da inscrição (sim, os personagens estão tão perdidos quanto você, leitor), chegam duas meninas para participar. Aparentemente elas já participaram de outro jogo. E assim começa o primeiro desafio de Alice in Borderland: passar por várias salas, cada uma com duas portas. Abrir a porta errada te mata. A porta correta te leva à sala seguinte. Aparentemente, é um jogo de sorte, mas estamos em uma série baseada em um mangá (homônimo), então há uma lógica por trás daquilo.

    O título da obra é curioso, pois remete ao clássico da literatura Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, no original), que se passa em um mundo de fantasia bem peculiar. Aqui, o “mundo de fantasia” é idêntico ao real, mas parece ser uma dimensão alternativa, ou algo na fronteira entre o real e o fantástico, pois há tecnologias bem avançadas. Talvez seja essa a ideia do autor ao usar o termo borderland, que significa “lugar na fronteira” ou simplesmente “o ponto que divide duas coisas”, sendo que essas coisas não precisam necessariamente ser locais ou algo físico; poderia ser, por exemplo, o ponto entre a realidade e a fantasia, entre o mundo real e o mundo alternativo etc.

    O nome de alguns personagens são referências diretas à obra de Lewis Carroll. O protagonista se chama Arisu, que é a forma com que um japonês pronuncia Alice (eles trocam o R pelo L e vice versa, dentre outras peculiaridades fonéticas). Outra personagem se chama Usagi, que significa Coelho, além de outras referências.

    O grande mistério da série é saber por que esses jogos acontecem, quem os organiza e que diabos de mundo é esse. A tensão é constante, pois não basta essas pessoas estarem meio que perdidas. Elas se veem obrigadas a participarem dos jogos, pois cada uma tem “dias de visto”, como se estivessem em um país estrangeiro. A diferença é que, se o seu visto expirar, você é deportado para o mundo dos pés juntos (ou seja, você morre, e por um laser que vem do céu diretamente na sua cabeça). Os jogos sempre mudam e ocorrem em locais diferentes. Ao longo dos dias, os três amigos vão encontrando outras pessoas, e as dúvidas vão sendo respondidas aos poucos.

    Não há muita enrolação. Os oito episódios desta primeira temporada são bem intensos, com muita violência e que já responde boa parte de nossos questionamentos, deixando um bom gancho para a continuação. Podemos dizer que há uma mistura de Jogos Mortais com uma carga de tensão do Battle Royale.

    Apesar de todas as loucuras, podemos tirar algumas críticas e reflexões interessantes. Por exemplo, a falta de sentido na vida de Arisu, ou a tentativa de um lunático criar uma utopia que beneficiará apenas ele mesmo (e mesmo assim dezenas de pessoas aderem a isso, se deixando levar pelo carisma do líder e pelo hedonismo por ele proporcionado). Neste último caso estou falando do já mencionado Chapeleiro, que aparentemente descobriu uma forma de sair dessa “Borderland”. Ele criou o plano perfeito: dar um fiapo de esperança para seus seguidores e deixá-los imersos no hedonismo para que aproveitem suas vidas ao máximo, afinal podem morrer no próximo jogo. E claro, todo traidor será carinhosamente eliminado. Mas preciso admitir: o cara é bem carismático, por isso ele é tão perigoso.

    Alice in Borderland é uma série muito divertida, mas possui momentos bem impactantes e impiedosos. Além disso, este é praticamente um anime em live action, então tudo segue o estilo. Quem não gosta de anime vai se incomodar muito com o estilo da série. Quem gosta de uma bizarrice japonesa, seja bem vindo a Borderland!

  • Review | Parasyte: The Maxim

    Review | Parasyte: The Maxim

    Parasyte: The Maxim, de Kenichi Shimizu, apareceu somente este ano na Netflix, mas é um anime originalmente exibido em 2014. E mais, seu mangá, idealizado por Hitoshi Iwaaki, foi publicado mais de duas décadas atrás (recentemente publicado no Brasil pela Editora JBC).

    O anime conta a história de Shinichi, um estudante japonês comum que mora com seus pais. Porém, alienígenas parasitas chegam à Terra e começam a tomar os humanos como seus hospedeiros, dominando completamente suas consciências e fazendo com que seus corpos se tornem armas bizarras (aquele body horror que só os japoneses sabem fazer, aliado à animação sempre impecável do estúdio Madhouse). Esses parasitas são pequenos e parecem vermes. Um deles tenta parasitar Shinichi, mas ele não consegue tomar seu cérebro. Esse parasita acaba tomando conta apenas da mão direita de Shinichi, e a partir daí eles viverão em uma espécie de simbiose (ou parasitismo?).

    Esta série foi uma grata surpresa. Conseguiram criar uma história de narrativa ágil, intrigante e altamente “maratonável”. A cada dia Shinichi vai conhecendo melhor a forma de pensar de seu parasita, e o próprio protagonista acaba mudando de personalidade. Por diversas vezes, o jovem se vê tomando atitudes e pensamentos frios, mas nem se dá conta disso (ou será que sim?), o que leva a crer que, cedo ou tarde, ele pode perder sua consciência. Os parasitas têm um pensamento puramente racional, sem princípios éticos, até porque eles veem os humanos como mero alimento. E mais do que parasitas, eles são predadores impiedosos. O personagem também irá usufruir de algumas habilidades sobre-humanas e terá vários embates sensacionais.

    A trama é repleta de reviravoltas, momentos engraçados e acontecimentos estarrecedores. A dualidade de Shinichi entre humano/parasita e os assassinatos brutais causados pelos alienígenas tornam a série muito interessante. Há muita violência explícita e momentos fortes. O estúdio caprichou na animação, e provavelmente você assistirá aos 24 episódios em poucos dias. Vale destacar a dublagem brasileira, bastante caprichada e surge como uma boa opção para quem quer evitar legendas, então fica a dica pra quem curte. Anime excelente, divertido, maduro e que pode trazer boas discussões. Ah, e mais um com música de abertura da banda Fear, and Loathing in Las Vegas.

  • Review | O Sangue de Zeus

    Review | O Sangue de Zeus

    Heron vive com sua mãe em um pacato vilarejo da Grécia Antiga. Ele nunca conheceu o pai. A partir de um momento, seres estranhos começam a aparecer e atacar os humanos. Em meio à situação caótica, Heron descobre que seu pai é Zeus, o soberano do Olimpo. A partir daí, Heron se vê totalmente envolvido no conflito com essa horda demoníaca que assola a Grécia.

    O Sangue de Zeus é um dos mais recentes animes produzidos pela Netflix, e fez algo sempre bem-vindo: trouxe a Mitologia Grega à cultura pop. Aqui temos um excelente anime que, infelizmente, só teve oito episódios, mas tudo indica que teremos uma segunda temporada.

    O ponto principal da trama é a horda demoníaca que aparece trazendo caos e destruição. Essa horda surgiu a partir de pessoas que tiveram contato com o corpo de um Titã. Existe a preocupação desses Titãs serem libertados, iniciando literalmente um duelo entre Titãs e Deuses. O líder dessa horda tem uma história bem interessante, que dá uma carga dramática bem no estilo das tragédias gregas.

    A estética do anime é bem legal, trazendo uma ambientação muito boa. Os deuses são retratados com personalidades fortes, e Zeus… bem, ele é um desregrado que se aventura na Terra fazendo filhos bastardos, algo que deixa Hera morrendo de ódio. A relação entre Heron e Zeus também não é das melhores, mas ele precisa da ajuda do deus para cumprir sua missão.

    A narrativa da série é excelente. Apesar da linha central da trama não fugir muito de clichês, as ramificações, detalhes e ouso dos elementos da mitologia grega tornam esta série muito intensa, especialmente na reta final da temporada. Há a sensação de aventura épica, e Heron passará maus bocados ao longo de sua missão. Teremos boas doses de aventura, humor e, claro, momentos trágicos. Série altamente recomendada, foi uma grata surpresa e espero que não demore muito para a nova temporada. Vale destacar a ótima dublagem brasileira, com vozes bem conhecidas.

  • Review | Cursed Films – 1ª Temporada

    Review | Cursed Films – 1ª Temporada

    Produzida pela rede de streaming Shudder, Cursed Films é uma série documental escrita e dirigida por Jay Cheel, que visa analisar cinco filmes cujos bastidores foram conturbados e bastante confusos. Em seus episódios curtos, de aproximadamente 30 minutos, são mostradas cenas de bastidores e entrevistas inéditas, além de uma edição bem fluída, feita de maneira única, embaladas por uma trilha incidental, com a música de Justin Small e Ohaf Benchetrit.

    O primeiro objeto analisado é O Exorcista, de William Friedkin, e a participação mais esperada era sem dúvida alguma de Linda Blair, que relata sobre como foi trabalhar com Friedkin e todos os problemas físicos e psicológicos causados na equipe durante a produção do filme. Da parte dela se sabe uma porção de traumas, entre eles o de que as pessoas tinham receio de se aproximar por achar que ela era possuída como a personagem. Sem teorias da conspiração Cursed Films não faria sentido, mas até o modo como o roteiro lida com a morte de dois atores é comedido, assim como a perda de parentes próximos de Max Von Sidow e da própria Linda. Há bons depoimentos da dublê, Eilen Dietz, além de informações sobre como o diabo se manifestaria e do receio de Blair em falar sobre andar com seguranças. O programa parece mergulhar bem na intimidade dos seus personagens.

    Com Poltergeist: O Fenômeno e suas continuações, Cheel varia entre a fofoca a respeito dos esqueletos da piscina serem reais ou não (não eram, obviamente) e a morte de Dominique Dunne, Will Sampson e Julian Beck. No entanto, a história Heather O’Rourke é a mais triste. Gary Sherman, diretor de  Poltergeist 3 conta detalhes de bastidores e do quanto ela era querida, e a descoberta de uma doença rara junto ao tratamento que realizava acelerou o processo de infecção e culminou no óbito da garota com o filme não finalizado. Sherman confessa que o final original jamais foi rodado, e filmar um desfecho com um dublê foi arrasador para ele.

    Cheel tem uma habilidade única de embalar o espectador em meio a sensação de medo. A trilha ajuda, mas o ritmo que ele escolhe empregar varia entre os depoimentos, cenas dos filmes e locações clássicas. Cada novo elemento parece algo que gera muita curiosidade no espectador para acompanhar a saga analisada. No episódio de A Profecia somos apresentando ao produtor Mace Neufeld, que fala sobre a sugestão de um amigo em filmar o nascimento do filho do demônio, mirando o terror do anticristo em uma criança. Esse talvez seja o filme que mais teve coincidências bizarras entre todos, desde um pastor que tentou dissuadir Neufeld e Richard Donner de fazer o filme, até o avião que Gregory Peck embarcaria que acabou caindo, passando por um restaurante onde o roteirista almoçava sofrendo um atentado justamente quando ele não estava lá a esposa de um dos dublês que foi decapitada exatamente como no filme.

    Os dois últimos filmes são O Corvo (Alex Proyas), famoso pelo trágico fim de Brandon Lee – fato que aumentou ainda mais os boatos sobre a morte de seu pai, Bruce Lee – e No Limite da Realidade (Twilight Zone: The Movie), que em um incidente que poderia ser promovido no set, acabou matando um funcionário. Enquanto no primeiro são mostradas fotos dos testes originais do personagem na cena fatídica, no outro há um foco maior em todo o imbróglio jurídico que quase arruinou um dos diretores, John Landis.

    É curiosa a forma com que ambas as obras são abordadas. Enquanto da parte de No Limite da Realidade todos os entrevistados eximem Landis da responsabilidade, e no caso de O Corvo, o ator Michael Berryman expressa a controversa opinião de que o estúdio mirou a economia, dispensando os especialistas no manejo de armas, deixando um profissional sobrecarregado que não percebeu a tragédia que poderia vir (e veio).

    O roteiro destaca o foco muitas vezes inconsciente de procurar maldições em filmes de terror. Filmes como Superman: O Filme e Apocalipse Now trouxeram mal agouro aos seus intérpretes, mas como não lidam com casas fantasmagóricas ou encarnações do demônio não são olhadas como malditas. Cheel consegue entregar uma série divertida, de ritmo aprazível e repleta de curiosidades e entrevistas interessantes, o que dá a cada um dos filmes analisados mais camadas ainda de discussões, além de humanizar boa parte da equipe que trabalhou nessas obras.

  • Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo Marvel

    Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo Marvel

    Meus amigos, a Disney não está para brincadeira! A data de dez de dezembro de 2020 poderá entrar para uma das principais da história desta gigante do entretenimento, já que foi o Dia dos Investidores da Disney, onde a “empresa do Mickey Mouse” apresenta para seus investidores seus projetos futuros. Foi uma maneira agradável de dizer que o seu dinheiro será empregado pesadamente em produções audaciosas para o público em geral, que envolve a Disney propriamente dita, a Pixar, Marvel e Lucasfilm com o universo de Star Wars.

    De fato, o que se viu foi que a Disney investirá pesado no seu canal de streaming, o Disney+, demonstrando querer viver não só do passado, mas de um futuro bastante promissor. Inclusive, o evento aproveitou para mencionar o sucesso estrondoso do canal que já está próximo de bater a meta que estava prevista para daqui 4 anos.

    Mas nem tudo são flores, uma vez que diversos projetos poderão sofrer cancelamentos ou mudanças em suas trajetórias. Falaremos isso em um texto mais específico.

    Aqui nós acompanharemos o que vem por aí no mundo dos heróis da Marvel.

    Enquanto a Lucasfilm aposta em lançamentos inéditos, trazendo pouquíssimos rostos conhecidos, a Marvel opta por um caminho totalmente oposto, usando e abusando dos rostos que conhecemos nos últimos 12 anos de seu universo cinematográfico, porém, ousando um pouco mais.

    WANDA VISION

    Embora a produção de Wanda Vision não fosse novidade pra ninguém, já que a bizarra série estrelada por Elizabeth Olsen e Paul Bettany já teve diversos trailers lançados, o anúncio serviu apenas para informar a data de sua estreia no Disney+, que será logo no começo de 2021, em 15 de janeiro.

    THE FALCON AND THE WINTER SOLDIER

    A série do Falcão e do Soldado Invernal, embora já estivesse em estágio avançado de produção, buscou esconder ao máximo imagens oficiais e detalhes da trama. Estrelada por Anthony Mackie e Sebastian Stan, ambos retornando aos seus papeis, The Falcon And The Winter Soldier teve divulgado seu primeiro e lindo trailer recheado de ação e com uma bela fotografia. A produção também ganhou uma data de estreia para 19 de março de 2021.

    LOKI

    Épico e louco. Essa é a definição para a série de Loki que teve seu primeiro trailer divulgado. Loki mostrará o que aconteceu com o personagem após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato, e trará novamente o querido Tom Hiddleston na pele do Deus da Trapaça.

    WHAT IF…?

    What if…? já tinha sido anunciada anteriormente, mas assim como The Falcon And The Winter Soldier, a animação que ficou em segredo finalmente ganhou seu primeiro trailer e nele podemos ver que Peggy Carter foi quem recebeu o soro de super soldado do Capitão América, além de vermos T’Challa como Senhor das Estrelas.

    QUARTETO FANTÁSTICO

    Talvez a maior novidade nos anúncios da Marvel. Com a compra da Fox pela Disney tivemos o retorno dos direitos sobre o Quarteto Fantástico e dos direitos sobre os X-Men. Porém, é com a equipe de cientistas que a Marvel resolveu arriscar primeiro. O filme será dirigido por John Watts que é o responsável pelos filmes do Homem-Aranha da fase Tom Holland. Vale lembrar que será a terceira tentativa de fazer o quarteto vingar nas telas.

    INVASÃO SECRETA

    Talvez a maior surpresa da noite. Teremos a adaptação do arco Invasão Secreta e ela será estrelada nada mais nada menos por Samuel L. Jackson, como Nick Fury e Ben Mendelsohn, como o Skrull Talos que apareceu em Capitã Marvel e Homem-Aranha: Longe de Casa.

    SHE-HULK

    A série da Mulher Hulk contará com o retorno de Mark Ruffalo na pele do Gigante Esmeralda e ainda terá o retorno de Tim Roth como o vilão Abominável, que apareceu no filme O Incrível Hulk estrelado por Edward Norton. Não é a primeira vez que personagens deste filme retornam em filmes do MCU, já que William Hurt, que viveu o General Ross, apareceu em filmes como Capitão América: Guerra Civil, além de ter presença garantida em Viúva Negra.

    A protagonista será vivida pela atriz Tatiana Maslany.

    ARMOR WARS

    Armor Wars será estrelada por Don Cheadle, o Máquina de Combate. Após a morte de Tony Stark, James Rhodes luta para que as invenções de seu melhor amigo não caiam nas mãos erradas.

    IRONHEART

    Mais uma série que buscará manter o legado do Homem de Ferro. De acordo com a própria Disney, veremos Riri Williams (vivida por Dominique Thorne) criando a armadura mais tecnológica desde as armaduras criadas por Tony Stark. É muito provável que na série, Riri se torne a heroína Coração de Ferro.

    THE GUARDIANS OF THE GALAXY HOLIDAY SPECIAL

    Um anúncio que faz o fã cair na gargalhada, depois colocar a mão na consciência e chegar na seguinte conclusão: James Gunn é um gênio. Todos sabem do famigerado Star Wars Holiday Special e aquela discussão de ser cânone ou não, depois de total constrangimento ao término da fita. Pouco importa. Mas será lindo ver uma sátira promovida pelos Guardiões da Galáxia. Ah, roteiro e direção de Gunn, e sim, será em live action.

    I AM GROOT

    O querido Groot também ganhou uma série para chamar de sua. Aqui a estrela será sua versão bebê apresentada em Guardiões da Galáxia Vol. 2, numa série de curtas animados.

    ANT-MAN AND THE WASP: QUANTUMANIA

    Também foi anunciado o terceiro filme do Homem-Formiga. E pelo título, além de dar a entender que o filme será focado no mundo quântico, está mais que claro que a Vespa ganhou o público e os executivos dividindo o protagonismo. Embora tenhamos o retorno de Peyton Reed na cadeira da direção e o retorno de Paul Rudd e Evangeline Lilly, Cassie Lang será vivida por Kathryn Newton.

    E ainda tivemos alguns anúncios interessantes, como o anúncio do novo filme da Capitã Marvel, que trará a Ms. Marvel (que também ganhou um seriado protagonizado), além de uma adulta Monica Rambeau. Teremos também a continuação de Pantera Negra com o devido respeito ao legado deixado por Chadwick Boseman que faleceu há pouco tempo, não escalando um novo T’Challa e o bombástico anúncio de que Christian Bale estará em Thor: Love And Thunder, como o vilão Gorr, o Carniceiro dos Deuses.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Meus amigos, a Disney não está para brincadeira! A data de dez de dezembro de 2020 poderá entrar para uma das principais da história desta gigante do entretenimento, já que foi o Dia dos Investidores da Disney, onde a “empresa do Mickey Mouse” apresenta para seus investidores seus projetos futuros. Foi uma maneira agradável de dizer que o seu dinheiro será empregado pesadamente em produções audaciosas para o público em geral, que envolve a Disney propriamente dita, a Pixar, Marvel e Lucasfilm com o universo de Star Wars.

    De fato, o que se viu foi que a Disney investirá pesado no seu canal de streaming, o Disney+, demonstrando querer viver não só do passado, mas de um futuro bastante promissor. Inclusive, o evento aproveitou para mencionar o sucesso estrondoso do canal que já está próximo de bater a meta que estava prevista para daqui 4 anos.

    Mas nem tudo são flores, uma vez que diversos projetos poderão sofrer cancelamentos ou mudanças em suas trajetórias. Falaremos isso em um texto mais específico.

    Aqui nós acompanharemos o que vem por aí no mundo criado por George Lucas em Star Wars.

    É inegável o sucesso de The Mandalorian, a série desenvolvida por Jon Favreau e Dave Filoni, que conta a história de um caçador de recompensa mandaloriano que, durante um serviço, resgata um bebê da mesma raça do mestre Yoda e que também é sensitivo na Força. As aventuras de “Mando” são leves, engraçadas, recheadas de ação, possuindo tudo que um velho fã de Star Wars quer. Importante dizer que a série foi o termômetro para diversas outras produções anunciadas.

    ROGUE SQUADRON

    Um dos anúncios mais importantes da noite foi o do tão aguardado novo filme de Star Wars: Rogue Squadron. Seguindo a linha de Rogue One e Solo, Rogue Squadron acompanhará o esquadrão de elite da aviação da Aliança Rebelde. A direção ficará a cargo de Patty Jenkins (Mulher-Maravilha), que disse que gostaria de fazer o maior filme sobre pilotos de guerra já feito. Rogue Squadron tem previsão para chegar aos cinemas em dezembro de 2023.

    OBI-WAN KENOBI

    Outro ponto alto da noite foi a confirmação oficial da produção da série de Obi-Wan Kenobi, ganhando título oficial, a confirmação do retorno de Ewan McGregor na pele do mestre Jedi, além do grande retorno de Hayden Christensen como Darth Vader. O seriado se passará 10 anos após os eventos de A Vingança dos Sith e, segundo a diretora Deborah Chow, a galáxia se tornou um lugar perigoso com a ascensão do Império e tem pessoas caçando cavaleiros Jedi. Obi-Wan precisará lidar com isso e ainda proteger o jovem Luke Skywalker.

    AHSOKA

    Após aparecer lindamente interpretada por Rosario Dawnson na segunda temporada de The Mandalorian, Ahsoka Tano ganhou uma série para chamar de sua. Assim como em Mandalorian, Ahsoka será capitaneada por Jon Favreau e Dave Filoni e trará novamente Dawson na pele da guerreira Jedi que deve continuar vasculhando a galáxia em busca de seu amigo Ezra Bridger e do Almirante Thrawn, desaparecidos ao final de Star Wars: Rebels.

    RANGERS OF THE NEW REPUBLIC

    Assim como Ahsoka, este outro derivado de The Mandalorian, também contará com a batuta de Favreau e Filoni e como o próprio nome já diz, mostrará os oficiais da Nova República. Em Mandalorian já vimos alguns deles pilotando X-Wings e colhendo informações em terra.

    ANDOR

    Andor é uma série que já está em estágio avançado de produção, tanto que foi divulgado um vídeo com cenas das filmagens e bastidores da produção. No vídeo, podemos perceber que é uma série que está investindo pesado em cenários, figurino e criaturas. Andor é sobre o personagem Cassian Andor, vivido por Diego Luna, que também assina a produção executiva da série. Andor foi o responsável por recrutar Jyn Erso para a Aliança Rebelde nos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars.

    LANDO

    Lando Calrissian também ganhará sua própria série, mas não se sabe em qual momento ela se passará e nem se Donald Glover ou Billy Dee Williams, que fizeram o personagem nos cinemas, retornarão.

    THE BAD BATCH

    Se fôssemos traduzir esse nome, poderíamos dizer que um bad batch é um lote com defeito. A nova série animada de Star Wars teve seu primeiro trailer divulgado e se passará durante as Guerras Clônicas e talvez, logo após de A Vingança dos Sith. Bad Batch já teve um arco criado por George Lucas em Clone Wars. Segundo o criador, ele gostaria de explorar a ideia de que alguns dos clones fossem um pouco mais únicos que os outros, com habilidades um pouco mais especiais, formando assim uma unidade de forças especiais de batalha.

    The Bad Batch teve seu primeiro trailer divulgado e o que se pode esperar é muita ação nessa série animada que será a substituta de Clone Wars.

    VISIONS

    Talvez o projeto mais diferente apresentado, Visions explorará o universo criado por George Lucas em curtas animados, sendo que, seu diferencial será a forte influência do anime japonês, com diversos especialistas envolvidos no projeto.

    Para quem quiser pesquisar, num passado não muito distante, um trecho de uma animação japonesa de uma batalha espacial travada entre pilotos do Império e da Aliança Rebelde viralizou nas redes. Existe grandes chances de Visions ter nascido após esse vídeo.

    THE ACOLYTE

    Uma série com pegada de suspense e mistério, desenvolvida por Leslye Headland, responsável pelo ótimo Boneca Russa, e que acompanhará a época final da Alta República, com a ascensão dos poderes do Lado Sombrio. Poderemos ver muitos sabres de luz e diversos embates entre Jedi e Sith.

    Também foi confirmado que Taika Waititi dirigirá um filme inédito, inesperado e único no universo da franquia. O cineasta que cuida dos filmes do Thor no Universo Cinemático Marvel, já dirigiu episódios de The Mandalorian.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | Lovecraft Country – 1ª Temporada

    Review | Lovecraft Country – 1ª Temporada

    Há não muito tempo atrás os canais HBO apresentavam em suas séries tramas elaboradas, acompanhada de um elenco diferenciado, incluindo uma boa equipe de produção, roteiro e direção. Essa fama se solidificou com Família Soprano, A Sete Palmos, Roma entre outras, e com o tempo, produções que no começo eram elogiadas, foram perdendo fôlego, como Game of Thrones, Westworld e True Blood.

    Uma das novas apostas da emissora é a produtora e showrunner Misha Green, que tem pouca experiência na televisão e que resolveu adaptar o livro Território Lovecraft, de Matt Ruff, trazendo à luz Lovecraft Country, uma história que reúne elementos realistas e referências a literatura pulp, quadrinhos e terror. Evidentemente, a maior parte das referências dentro dessa temporada são aos contos psicodélicos de H.P. Lovecraft, inclusive colocando o racismo galopante do autor como elemento narrativo, subvertendo a obra do próprio. No episódio piloto se tem uma sequência sensacional onde o jovem veterano de guerra Atticus ‘Tic’ Freeman tem uma visão/sonho, que reúne elementos de livros clássicos de H.G.Wells, Julio Verne com lendas do esporte como o jogador de Baseball Jackie Robinson.

    Tic fala que histórias são como as pessoas, não precisam ser perfeitas para se gostar delas. Claro que a intenção é colocar em perspectivas as narrativas dos autores, e claro, fazer um comentário sobre a efervescência política da época, mas de certa forma isso acaba sendo um comentário a respeito das fragilidades do roteiro, que faz muitas concessões e apela demais para a suspensão de descrença, e não por conta dos eventos fantásticos da série, afinal esses são esperados, mas sim porque algumas regras são facilmente quebradas e dobradas, enquanto outras se mantém firmes.

    Apesar dessa problemática, a maioria dos dez episódios tem mais aspectos positivos que negativos. Os efeitos especiais são bem legais, e a abordagem de cada episódio brinca com um gênero diferente dentro do escopo de ficção cientifica, terror e aventura. Além disso, o elenco está afiadíssimo, não só com Jonathan Majors, mas também com Jurnee Smollett que vive a coprotagonista Letitia, com Abbey Lee, que apresenta muito mais camadas que seus personagens anteriores de Mad Max: Estrada da Fúria e  outros filmes, além dos veteranos Michael Kenneth Williams, Jamie Neumann, Courtney B. Vance e Aunjanue Ellis que tem grandes momentos em tela.

    Uma das forças das séries antigas do canal, morava no vasto grupo de coadjuvantes, que produziam histórias paralelas que variavam o nível de interesse do espectador. Lovecraft Country resgata essa sensação. Ruby, a irmã de Letitia vivida por Wunmi Mosaku tem um ótimo arco que conversa com a atualidade. Em alguns pontos, as conclusões são mostradas com base no didatismo explícito, mas isso claramente não incomoda. Exceção ao destino final da personagem, todo seu arco é muito bem explorado e exemplificado, além de ser bem amarrado à trama principal.

    Lovecraft se baseou em Salém para fazer seus contos, mas o horror do seriado de Green se baseia em questões de segregação, da violência dos intolerantes, e ainda tempera tudo isso com o choque de gerações entre os personagens. Toda a narrativa da série prima pela pressa, para o bem e para o mal, é como se o mundo estivesse prestes a acabar, mesmo que a história seja muito contida em si e em seus cenários e personagens.

    A falta de confirmação de uma possível segunda temporada é – ao menos por enquanto – um alento, uma vez que até aqui a história do livro se esgotou, e materiais semelhantes como Handmaid’s Tale e Game of Thrones pioraram e muito após temporadas que não adaptam mais seu livro de origem. A chance de se esticar demais uma premissa interessante, porém esgotada, faz torcer para que os produtores optem pela satisfação do que a série já apresentou até aqui, e como a audiência não foi tão estrondosa, seria natural não renovar.

    Apesar das muitas conveniências e incongruências, sobretudo quando se aborda a magia, Lovecraft Country consegue trazer à luz temas bastante potentes e caros, reunindo à sua formula uma trilha sonora repleta de Hip-Hop como foi recentemente com a também série da HBO Watchmen, de Damon Lindelof, além de ser um aceno aos fãs de literatura especulativa e ao abordar de forma tão criativa e direta as temáticas que desenvolve.

  • Review | Watchmen

    Review | Watchmen

    Watchmen está entre os grandes clássicos dos quadrinhos. A DC Comics já havia tentado lucrar com as figuras dos quadrinhos de Alan Moore e Dave Gibbons, com o desprezo extremo do primeiro desses, e depois de Antes de Watchmen e da minissérie O Relógio do Juízo Final, foi a vez de Damon Lindelof (Lost e Leftovers) se juntar a diretora Nicolle Kassell para dar a sua versão da continuação da história criada por Moore há mais de 30 anos.

    Sabiamente, os produtores escolheram que Watchmen fosse uma história curta e sem chances de continuação. Todo o seu drama e ação se desenvolvem ao longo de nove episódios que envolvem discussões sociais e políticas, principalmente na figura da Sétima Kavalaria, um grupo supremacista branco que utiliza a figura de Rorschach como símbolo de sua atuação. Muito se falou a respeito da interpretação equivocada das falas que Walter Kovacs, o Rorschach, pregava, mas ao ler o Diário enviado ao tabloide, não é de se admirar que reacionários tenham abraçado sua causa, e esta foi uma das grandes sacadas do roteiro.

    Os personagens novos predominam na trama. A escolha de Tulsa, Oklahoma, como cenário também evoca as disputas ideológicas e raciais. A história é contada a partir da família de Angela Abar (Regina King), a vigilante que usa o codinome de Sister Knight. Em sua cidade o vigilantismo é não só permitido, mas também encorajado desde que ocorreu um ataque a todos os policiais alguns anos antes.

    A publicação original possui muito material extra, e aqui há também alguns momentos que servem como paralelos ao Contos do Cargueiro Negro, como o seriado American Hero Story: Minutemen, que imita os show de TV de Ryan Murphy. Esse programa serve também para referenciar o passado de alguns personagens da primeira era.

    Da parte da “velha guarda”, o que se vê é uma decadência escancarada. Os antigos vigilantes são mostrados velhos, alguns bem decadentes, outros reinventados e cínicos em versões ainda mais duras do que as pensadas  originalmente. Tanto Jeremy Irons quanto Jean Smart tem participações soberbas, e produzem bons embates com Hong Chau e King.

    O formato dos episódios normalmente se dá com um epilogo, no passado que exemplifica como o mundo chegou aquele estado de um possível apocalipse novamente, agora por meio de conflitos raciais e não mais por Guerra Fria, seguido de um lento e providencial desenrolar dos plots e intenções dos homens, tanto dos poderosos como da milícia armada que protege Tulsa. A trilha sonora funciona, e na maior parte das vezes bastante acertada.

    Alguns momentos se valem demais da teatralidade, seja nas ações do personagem que faz Jeremy Irons, ou nos métodos que Tim Blake Nelson e seu Looking Glass faz ao empregar seu método de investigação. A forma como a tecnologia aparece também é bastante peculiar e curiosa, um modo inventivo de imaginar esse mundo que mesmo com o advento dos poderes do Dr. Manhattan, não tem acesso a coisas triviais, como a internet. Em um mundo real que possui seres super poderosos é natural que hajam mudanças significativas, sobretudo no saber político e na presunção das autoridades de que conseguiriam controlar os ânimos da humanidade, que basicamente, parece presa a ciclos bélicos de tempos em tempos.

    Cada episódio dedica-se em partes ou integralmente a resgatar as origens dos novos personagens, ou simplesmente reapresentar os velhos, e é certamente Sister Knight a mais rica dentre todos, seja pela completa perversão da condição de garota-refém – uma vez que é ela a chefe de sua família – como também no julgamento ingênuo que ela faz das pessoas que a cercam. Seu destino parecia pré-estabelecido, mesmo que ela não soubesse exatamente quem eram seus antepassados, e as surpresas envolvendo sua intimidade são certamente as mais assertivas e criativas dentro da série, principalmente no capítulo An Almost Religious Awe, que amarra seu passado com os inúmeros ataques da Klu Klux Klan e o levante anti-imperialista no Vietnã.

    Watchmen ainda consegue fazer um comentário bastante poético com Jon Osterman, que consegue enfim cumprir um dos seus desejos mais íntimos, com uma resolução que não pôde ser feita na sua primeira despedida, quando foi desintegrado nos laboratórios que deram origem aos seus poderes, fechando a trama principal com um final em aberto que foge da gratuidade e oportunismo, fato esse que acaba resultando em um produto bastante reverencial ao material original, por mais que Moore claramente preferisse que nem Lindelof e nem ninguém continuasse os passos além da graphic novel de 1986.

  • Review | Hoops – 1ª Temporada

    Review | Hoops – 1ª Temporada

    A sinopse da primeira temporada de Hoops descreve um treinador de basquete colegial, super mal humorado, que tenta colocar seu time nas divisões principais das competições do ensino médio dos Estados Unidos. A animação em parceria de 20th Century Fox, distribuída internacionalmente pela Netflix começa no campo onde fica a Escola Lenwood, lugar onde Ben Hopkins (dublado por Jake Johnson) tem uma reação exagerada por conta de uma falta injusta marcada contra seu time, virando automaticamente uma máquina de falar palavrões, conseguindo encaixar quase uma dezena de fucks em menos de dois minutos.

    A ideia do criador do programa Ben Hoffman é mostrar um sujeito incapaz de viver bem, graças à clara misantropia e irritação extrema que ele pratica, mas nem sempre foi assim. Nos flashbacks exibidos na segunda metade da temporada isso é bem resolvido.  Hopkins é o inverso de Coach Carter e outros protagonistas de filmes de esporte (como Momentos Decisivos e Estrada Para a Glória), se assemelhando muito mais com a versão que Nick Nolte fez em Blue Chips, mas sem a mesma genialidade, tanto no trato dos garotos colegiais quanto na narrativa que Ron Shelton montou no roteiro do filme.

    Hoffman já trabalhou em outras animações, como Archer, no entanto ele ficou famoso por conta de seus álbuns country humorísticos, onde brincava com os clichês ligados aos ruralistas e caipiras dos Estados Unidos, e essa experiência o ajuda a zombar do comportamento típico do White Trash americano. Natural do Kentucky, foi um caminho natural escolher seu estado como cenário de seu programa, onde os Lenwood Colts vivem e jogam.

    É fácil notar os motivos que fazem Ben ser tão frustrado no esporte, não só por ter nascido num lugar longe dos grandes holofotes desportivos, mas também porque seus fracassos repercutem no lugarejo onde vive, sempre  à sombra do seu pai que teve alguma notoriedade.

    O estilo desbocado do personagem central gera um sem número de piadas de autoparódia, no entanto, os melhores momentos do seriado certamente são os de constrangimento pela falta de habilidade dele de viver. Ele é um sujeito bem problemático, se culpa por seus “defeitos” genéticos (é baixo e pouco atlético, fato que o impediu de jogar por mais tempo), além de se comparar o tempo todo com o pai, envolvendo não só o interesse em comum no esporte, mas também nas questões afetivas. A primeira vitória que o seu time tem se baseia no estímulo dos meninos de verem seus pais no adversário, e só esse aspecto é um bom resumo do quão triste é a vivência do personagem.

    Os momentos mais engraçados são os musicais. Há pelo menos um por episódio, e a maior parte deles é bem inspirado, por mais cretinas que sejam as piadas. As histórias paralelas também tem alguma importância, especialmente, as que tocam os outros funcionários da escola ou a ex-esposa de Hoffman, mas a narrativa não é bem elaborada, longe disso, o humor ácido é basicamente uma desculpa para mostrar momentos de miséria existencial. Mesmo quando chega ao sucesso, Ben age como um fracassado pretensioso. Por mais que Hoops não seja uma comédia hilária, diverte e abre boas possibilidades para um segundo ano.

  • Review | Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman

    Review | Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman

    Lois e Clark: As Novas Aventuras do Superman foi uma serie exibida a partir de Setembro de 1993, criada por Deborah Joy LeVine. Sua trama era bastante focada no dia a dia do Planeta Diário e na construção do romance dos personagens de Teri Hatcher e Dean Cain, tendo como pano de fundo obviamente as aparições do herói, sendo esse realmente um aspecto subalterno ao romance.

    O tom da série é leve, escapista, com tramas bem desimportantes, tudo para dar vazão a uma abordagem que atraísse mais o público feminino, já que quadrinhos e filmes do Super Homem sempre miraram mais homens e meninos. Ainda no piloto, se estabelece a sensação de que a redação do jornal é como uma família, comanda pelo divertido e pilhado editor chefe Perry White (Lane Smith) que está sempre nervoso, só conseguindo relaxar quando escuta os discos antigos de Elvis Presley. A colunista de costumes Catherine Grant de Tracy Scoggins serve de contraponto idealista de Lois, como uma mulher fogosa, estereotipada, que imita os clichês das artistas pop como Madonna, em contraponto a mulher mais recatada e sonhadora da protagonista. Fora eles, faz parte também do elenco fixo o jovem estagiário, Jimmy Olsen, feito primeiro por Michael Landes e depois por Justin Whalin. Essa mudança incomoda um bocado, já que o tom do personagem muda, e aos poucos, personagens clássicos são deixados de lado, como Grant, que só dura uma temporada, assim como o vilão que John Shea faz, como um Lex Luthor magnata e de moral dúbia. A realidade é que a primeira temporada mirava um potencial de explorar as idas e vindas do casal correndo junto aos primeiros anos de ação do herói em Metrópolis e nela, há muito sucesso, o problema é quando a série se estica.

    Há alguns momentos marcantes em suas quatro temporadas, como CK criando com sua mãe Martha (K.Callan) o seu traje, ou as ligações que ele fazia para o Kansas, onde Jonathan (Eddie Jones) e ela atendiam juntos o filho. A maioria das atuações são marcantes, tendo certamente em Hatcher a Lois Lane definitiva e e em Smith o Perry White mais marcante até as adaptações atuais. Mesmo os pais do herói tem participações bem carismáticas e divertidas, quase tão boas quanto as contra partes de Smallville: As Novas Aventuras do Superboy.

    Os anos noventa eram tempos mais simples no quesito adaptação de quadrinhos.  As cenas de voo colocam Cain em chroma key de qualidade duvidosa, que são aplacadas pelo tom bobo dos vilões. O kriptoniano até tem algumas aventuras mais elaboradas e um vilão a altura em Luthor, mas fora isso, quando não há vilões com poderes, como a Intergangue de Jack Kirby,  a presença dos vilões são genéricos. Os poucos acertos com antagonistas se situam nas tentativas de emular Metallo, o Homem dos Brinquedos ou o Homem Nuclear, o obscuro antagonista de Superman IV – Em Busca da Paz. Até há algumas participações legais como de Bruce Campbell como Bill Church, o chefe da Intergangue, mas nem essa participação dura muito.

    Após o sucesso da primeira temporada, Levine tentou utilizar a figura de Lex Luthor como uma sombra sobre os protagonistas, mas em todas essas tentativas o que se viu foram tramas cansativas, seja nas pretensas ressurreições ou no uso do clichê de parente perdido que busca vingança. O programa poderia ser mais fiel, ou ao menos lançar mão de mais vilões que pudessem ser páreos para o Azulão ou que ao menos dessem algum trabalho para ele. Os roteiros são presos demais a formula de garota em apuros nas primeiras temporadas, restando depois as dificuldades que os dois passam a ter em se casar. A insistência nisso gera enfado, como se a ideia da série tivesse trama para pouco mais de uma temporada e fosse esticada para quatro. Os plots das últimas temporadas são infantis, Clark carece de personalidade e pulso, embora não seja tão capacho quanto a versão de Christopher Reeve em Superman – O Filme. Em alguns pontos até assusta como Lois se apaixona por ele, e não dá seguimento ao romance com o vilão Lex Luthor, visto no primeiro ano.

    Uma coisa é certa sobre o roteiro, por mais que ele possa parecer bobo e infantil, sua exposição acaba sendo acertada na maior parte das vezes. Kal El descobre suas origens com o publico, mesmo seu passado alienígena. O modo como se é mostrado é bem legal, mistura elementos de Superman: As Quatro Estações e lembra até revistas  posteriores como Superman: Legado das Estrelas.

    As  grandes mudanças do seriado miram o visual dos personagens. Hatcher, que troca de penteado algumas vezes, em uma tola tentativa de mostrar visualmente que ela evoluiu. A composição da personagem é estranha, pois mesmo sendo inteligente, apaixonante e independente posa de boa moça, deixando a entender que se guardou sexualmente para o casamento. Esse tabu celibatário era uma preocupação de roteiristas em alertar sobre doenças venéreas, mas o exagero no recato não faz sentido com todo o comportamento da repórter intrépida.

    Smallville tem durante seus dez anos de exibição a pretensão de explorar os mitos kriptonianos. Aqui também se explora um pouco isso, mas de maneira tão apressada que mal é digna de nota. Nesta época, na mini saga que envolve Sarah e Ching há um plot envolvendo outros pretensos sobreviventes do planeta explodido, mas a importância dada a isso é quase nula. De marcante há só o uso de um uniforme preto pelo Superman, bem mais fiel aliás que o visto no material de divulgação da Liga da Justiça – Snydercut.

    Entre questões moralistas, como o Super pensando em abrir mão de sua identidade secreta para não ser encarado como corno (um chantagista fotografou Lois beijando o herói), ou como em outro momento em que Lois torce para que um vilão consiga tirar sua habilidade de envelhecer lentamente, a quarta e última temporada enfatiza uma face egoísta da mulher e outra completamente abnegada do homem.  Tentando deixar os personagens em pé de igualdade, Levine acaba maltratando Lois, fazendo o sub texto soar machista.

    Lois e Clark marcou época, teve um sucesso considerável no Brasil e por muito tempo foi uma grande versão do Superman no áudio visual, tanto que influenciou até os quadrinhos, apressando o casamento dos dois nos gibis. Mesmo com essa recepção positiva do publico o programa foi abreviado, terminando com um gancho envolvendo a chegada de um bebê possivelmente kriptoniano. Os motivos para esse fim abrupto não são conhecidos, por mais que a audiência tenha caído e o dia de exibição tenha mudado no último ano, ainda assim, o fim era tão inesperado que sequer os produtores puderam remendar os últimos episódios. Ainda assim, o seriado conseguiu trazer o mito do Superman para um publico diferente, causando curiosidade em um novo público, mesmo com os roteiros tão fracos como são, ainda possui atuações marcantes dos personagens humanos, além de mostrar que havia sim uma curiosidade sobre historias em quadrinhos adaptadas para a televisão.

  • Review | O Iluminado (1997)

    Review | O Iluminado (1997)

    Stephen King tem um apreço enorme sobre seu romance O Iluminado, por conta de enxergar a si mesmo na vida de Jack Torrance, especialmente no que toca os problemas com álcool e pelo fato da personagem também ser um escritor que vê seu trabalho perdido em um período de abstinência. Após achar o trabalho que Stanley Kubrick fez em O Iluminado como uma versão diferente da original, o escritor aproveitou para nos anos noventa lançar sua versão filmada, contratando um novo elenco, diretor e equipe de produção, em uma minissérie em três capítulos, semelhante ao que ocorreu com Tempestade do Século ou It: Uma Obra Prima do Medo.

    Mick Garris é o responsável por dirigir o especial,. Seu currículo inclui continuações fracas como Criaturas 2 e Psicose 4: O Começo, e outros menos genéricos, como Sonâmbulos e a Maldição de Quicksilver. É curioso, pois Garris já havia adaptado King (e bem) em A Dança da Morte, mas aqui claramente não lhe foi dada muita liberdade, e sim uma formula de narrativa fraca e presa demais ao roteiro de King. É incrível como a necessidade de ser fiel ao material original não tem a inclusão do mesmo espírito do livro, em especial na construção do personagem de Jack. O que se vê aqui é um caráter super explícito, que tem a necessidade de gerar razão para qualquer um dos eventos mostrados em tela, de um modo que o espectador chega a se sentir subestimado.

    Junte-se a isso a fotografia saturada de Shelli Johnson e fica difícil não achar que esse projeto é um equívoco completo. Jack é vivido por Steven Weber, que não é mal ator, mas o texto que emula as tele novelas não ajuda seu desempenho. Danny é feito por Courtland Mead, um ator que não consegue apresentar qualquer sutileza de atuação (ainda que isso não tenha comprometido sua atuação em Os Batutinhas). A condição dele piora quando Tony  aparece. O amigo imaginário do garoto é representado por um jovem ao estilo Barrados no Baile que flutua em uma névoa de CGI barato. A mãe da família Wendy é feita pela atriz Rebecca de Mornay, e essa é a única que destoa, parecendo levar a sério a produção, quando todo o resto do elenco está em outro tom, claramente.

    No romance, Jack é um homem temperamental, que aos poucos vai perdendo o controle, liberando o terror de maneira gradativa também. Já nessa versão o que se vê são referencias a violência já nos primeiros momentos, não há preparação de terreno ou sutileza, não há sequer tempo para construir o ideal da família feliz. Garris ainda tenta emular a condição de felicidade através de imagens com luz saturada, como se ter um cenário muito claro remetesse ao estado de alegria.

    A construção do horror é mal pensada. Os tacos de críquete ensanguentados não tem nem de longe o apelo visual do machado que o patriarca carregaria no final da sua jornada de insanidade. A vontade de se desassemelhar de Kubrick age como uma obsessão de King em tentar ser totalmente diferente. Além da incomoda super exposição, o diretor também entrega os segredos cedo demais, além de ter graves  problemas de ritmo. O texto é um mero pretexto para tentar adaptar mais trechos do livro, que acabam vazios de significados, estando ali só como uma birra ao longa de 1980.

    A historia de Jack ser um escritor frustrado também é praticamente descartada, sequer sua ideia dele compor um livro sobre o hotel é utilizada, embora tal fato seja inferido durante o terço final. Ao menos, algumas maquiagens de monstros funcionam (em particular nos momentos iniciais). Porém, quase tudo que envolve Weber e a evolução de sua loucura é digna de risos. Em alguns pontos, dá pena de De Mornay, que realmente se dedica enquanto um de seus colegas de elenco acha que para parecer louco basta estar com uma aparência de homem empoeirado, como se isso causasse medo no público.

    De positivo, há a música de Nicholas Pike que faz embalar bem a triste trajetória dos Torrance, mas até isso é deturpado, pois serve para embalar sustos tolos e fáceis. No capitulo derradeiro os problemas parecem se multiplicar, as aparições dos mortos são mal encaixadas, todos tem aparência mal construída, para caso qualquer pessoa caia de paraquedas na trama, saiba que há algo errado com eles. Além disso, os efeitos digitais são todos artificiais e risíveis até para sua época. É natural que Garris não tivesse orçamento para empregar todos os efeitos que o livro de King exigiria, mas assusta também o quão açucarado é o final que o escritor pensou para esta versão, bem diferente de livro, com contornos sentimentais tão patéticos que causa riso involuntário e faz perguntar se a vida de Danny e sua família não seria pensada para ser um drama folhetinesco típico das rádio novelas antigas.

  • Review | Um Maluco no Pedaço

    Review | Um Maluco no Pedaço

    Will Smith ficou famoso graças a série de comédia que protagonizou nos anos noventa, chamada no Brasil como Um Maluco no Pedaço. Produzida por Quincy Jones e criada por Andy Borowitz e Susan Borowitz , o programa trata de maneira engraçada o êxodo de jovens negros de áreas “violentas” para vizinhanças mais tranquilas. O personagem de Smith,  vai para a casa dos Banks em Bel Air, para ficar com sua tia Vivian (Janet Hubert) e seus outros parentes.

    O nome original The Fresh Frince of Bel Air faz jus não só ao apelido que o protagonista tinha na Filadélfia, mas também ao seu nome de rapper. Na narrativa, Will chega fazendo barulho, assustando o mordomo Geofrrey (Joseph Marcell), e de certa forma, se assustando também, uma vez que na sua terra, famílias negras não têm empregados, quanto mais um mordomo britânico. As primeiras temporadas se dedicam a mostrar os choques culturais entre ele, um garoto criado nos guetos, e os mauricinhos californianos.

    Dois personagens resumem bem essa causa, o jovem Carlton (Alfonso Ribeiro), seu primo mimado, e a prima mais velha, Hillary (Karyn Parsons), dois  jovens que não sabem as dificuldades da vida de um negro americano, e que passam o tempo ostentando ou gastando a fortuna de seu pai. O maior segredo da comédia certamente mora na evolução que os personagens acabam tendo, ninguém sai incólume à presença de Smith. O restante da família inclui a caçula Ashley (Tatiana M. Ali), e seu tio o advogado (depois juiz) ricaço Phillip Banks (James Avery), que ajuda a moldar o caráter do jovem ao longo das seis temporadas

    A maior parte da história se passa na mansão da família, fator comum a outras comédias de situação. Esse cenário muda ao longo do tempo, provavelmente para evocar a subida financeira da carreira de Phill, e os lugares frequentemente visitados são o ambiente escolar, e algumas vezes,  o gueto Compton, que é onde o amigo de Will Jazz (Dj Jazz Jeff) mora.

    Mesmo quando passa por esses cenários, os temas mais espinhosos são tocados de forma leve e lúdica. Muito se reclamava das visões estereotipadas que o seriado passava, mas o que se percebia era que essa era uma boa fonte de trabalho para atores negros, que eram bastante incluídos, normalmente passando por assuntos que eram caros à comunidade, como o racismo estrutural, o modo errático com que a polícia lida com as pessoas de pele negra, abandono parental, etc. Mesmo com a condição abastada dos Banks, eles não estavam fora dessa métrica, uma vez que longe da vizinhança em que eram conhecidos, eles eram apenas “negros comuns”, alvos de intolerância racista. Além disso, Will dava espaço para manifestações da cultura hip hop, ditando tendência para os jovens negros consumirem coisas e marcas de negros também.

    Quincy Jones sabia vender o programa como produto. A atmosfera, por mais irreal que seja, tem alguns elementos que trazem o espectador para a realidade do jovem dos anos noventa. Will é fanático por esportes, torcedor do Philadelphia 76ers, o time de sua cidade natal, além disso, há aparições de jogadores famosos, como o campeão e bad boy Isiah Thomas, além de tratar do basquete como algo fundamental para o decorrer da trama. Entre as celebridades aparecem o boxeador Evander Holyfield, o magnata Donald Trump, o apresentador Jay Leno, além de participações pontuais de Richard Roundtree (o Shaft original, um dos heróis de William), Don Cheadle, Queen LatifahPat Morita e Vivica A. Fox.

    O timing de comédia do programa é ótimo, o espectador se vê envolvido nas palhaçadas do personagem, mas não há um descuido com momentos mais sérios. A reunião que Will tem com seus pais, as idas à Filadélfia e as tramas envolvendo suas tias e sua mãe servem para familiarizar o personagem, e mesmo que não haja uma profunda crítica social nos 148 episódios.

    Com o tempo, os créditos finais passam a carregar erros de gravação, fato que ajuda a fortalecer o aspecto de quebra da quarta parede, além de marcar o carisma dos atores e de deixar a sensação de que ali estavam amigos, e não só  colegas de trabalho. Fato é que haviam brigas nos bastidores mesmo que se tentasse colocar outra imagem. Smith e Janet Hubert brigaram tanto na terceira temporada, que ela foi substituída, o motivo atribuído é que ela queria mais destaque para seu personagem e o de seu marido, e a partir da quarta, ela foi substituída por Daphne Reid.

    Os roteiros de Um Maluco no Pedaço são cíclicos, pois basta Will viajar e retornar para Bel Air que os choques culturais com seu tio se repetem. Isso faz trama involuir, e isso é bastante associado ao fato de que na época, as séries não tinham tanto apego a cronologia, mas é injustificável, pois essa não é uma série procedural, até as crianças crescem, algumas até deixando de ser bebê para virar uma criança capaz de andar de um ano para o outro – embora tosco, esse artifício ao menos é engraçado – então esse tipo de trama não se justifica em si.

    Nos últimos anos há uma escalada da gravidade das questões mais emocionais, como quando o protagonista finalmente encontra seu pai biológico, Lou, vivido por Ben Vereen. De fato é bem emocionante o capítulo, e o desempenho dramático de Willard Smith não se deu por ele lembrar de sua possível história triste, já que ele teve um pai bem presente, e só ocorreu de maneira tão intensa graças às provocações de James Avery, que o pressionou até que ele fizesse uma performance que fez até seus colegas de elenco chorarem, fato percebido no áudio dos bastidores, que vazaram na cena que foi ao ar.

    Desde o quarto ano, se tenta terminar a série, não à toa Will quase se muda de volta para a Filadélfia, com um retorno na quinta temporada bem engraçado e metalinguístico (um carro da NBC vai cobrar seu contrato), no entanto, os esforços continuaram para enfim terminar o programa. Umas das graças do personagem morava no fato dele ser um galanteador e solteiro convicto, ele estava sempre com uma menina diferente. A escolha de Nia Long para o papel de Lisa Wilkes não poderia ser mais acertado, não só pela química dos dois (que é inegável) como pela forma que ela é apresentada, evoluindo de alguém que odeia (ou finge odiar) Will, para um par bom o suficiente para conquistar o sujeito, ao ponto de marcar uma data para casar com ele. É uma pena que, para ter mais uma temporada, essa trajetória tenha sido interrompida, pois certamente seria um final mais apropriado que o fim da sexta temporada.

    Os últimos anos abusam da metalinguagem, mostrando até os bastidores das filmagens, com episódios onde isso é mostrado de maneira literal e com pitadas de outros. É curioso que todo o desenvolvimento dos personagens evoluam, e Will não, cada um dos Banks/ Smith tem um rumo definido, menos ele. Essa letargia soa estranha, pois ninguém viveu mais provações que ele, no entanto, é ele que segue como personagem que não conclui suas funções e arcos, e ele então se torna refém do término do seu curso na faculdade, mesmo que não saiba qual será sua especialização até o último capítulo. Novamente o texto se repete, e isso é cansativo. Apesar do final carecer de roteiros razoáveis , Um Maluco no Pedaço deixou uma marca boa na memória do seu espectador, graças às reprises do SBT no Brasil e claro, pela popularidade nos EUA. Por mais que a maioria do elenco não tenha colhido bons frutos, há claramente um carinho muito grande pela série por parte dos que cercavam Smith, além evidentemente do papel bem feito de popularizar temas raciais caros à comunidade negra, e não à toa era tão popular e louvada.