Crítica | Homem de Ferro 2
O segundo filme de Jon Favreau com o personagem do Homem de Ferro começa com a declaração do protagonista, Tony Stark de Robert Downey Jr. assumindo ser o alter ego do herói robótico, assistido por um senhor idoso que está a beira da morte em país europeu, acompanhado por seu filho, o inventivo Ivan Vanko (Mickey Rourke), conhecido nas revistas como Chicote Negro, que aparentemente quer dar a Stark uma lição.
É nesse mistério que Homem de Ferro 2 começa, sabiamente apelando para um pouco de drama, para só depois mostrar as presepadas engraçadas de Tony, agindo como Homem de Ferro, pousando de terno embaixo da armadura, em um evento onde é esperado como um popstar. O diretor equilibra bem uma situação mais engraçada com outras mais sérias e esse equilíbrio é talvez seu maior mérito como realizador nessa duologia, isso inclusive faria muita falta não só nos filmes do personagem, mas em outras obras da Marvel Studios pós compra da Disney.
Existe uma escalada de importância em um dos temas que é apenas arranhado no primeiro filme, que é a questão armamentista, e embora seja mais pretensiosa e arrogante aqui – até um pouco reducionista – explorar esse argumento aqui faz algum sentido, embora todo o envolvimento dos personagens de Sam Rockwell, Justin Hammer, nem o de Don Cheadle, Jim Rhodes. Os personagens inclusive são mostrados de maneira um pouco gratuita, e um deles prossegue apresentado sem qualquer importância maior.
O filme se perde um pouco nos show offs de ação que faz, tanto no momento em que mostra uma briga entre Happy (personagem de Favreau que ganha mais minutos de tela) com a bela Natasha Rushman, de Scarlett Johansson, que a essa altura não é mais surpresa para ninguém sua identidade com Viúva Negra (isso inclusive torna mais palatável a gratuidade de sua aparição e disfarce), mas no caso da exibição de Tony como piloto de corrida, interrompida pelo vilão Chicote Negro há só preciosismo mesmo, uma desculpa para mostrar outra variação de armadura. A sequência ao menos termina bem graças ao caráter massa veio que ela toma, mas as piadas envolvendo Pepper Potts de Gwynett Paltrow soam vazias e infantis demais para um filme desse porte.
Outro ponto fraco é o quão caricato é Vanko, falando em russo, com seus cabelos com mechas brancas artificiais e com um palito na boca, parece saído de um filme de brucutu de Stallone ou Van Damme, com características e clichês típicos dos anos oitenta e noventa, assim como Rockwell também faz uma caricatura de milionário mal intencionado, que se apóia e alguém fisicamente forte.
Isso, somado as cenas que Stark faz uma festa e dança bêbado, munido de sua armadura não combina em nada com o resto do tom do filme, e mesmo ao tratar da questão do alcoolismo do personagem, que existe nos quadrinhos, é aqui tratada como uma simples piada infanto juvenil, mesmo que hajam algumas tiradas engraçadas. O tom debochado faz imbecilizar todo o restante da trama, e piora demais quando Rhodes utiliza o traje protótipo de Máquina de Guerra. Em alguns momentos a luta é tão artificial que parece um gameplay de Virtua Fighter onde ambos players escolhem Dural, a chefe do primeiro jogo da franquia, com a obvia diferença de que estes não são personagens pixelados.
Nota-se um desgaste da formula do primeiro filme, apesar de novas participações do Agente Coulson (Clark Gregg), de Nick Fury (Samuel L. Jackson) e da Viúva, as piadas e tiradas de Tony soam repetitivas, não só em comparação com o filme um, mas também com o personagem em si. Ele se leva pouco a sério, mas o filme continua se levando muito a sério, e isso causa um problema de identidade grande.
Sam Rockwell consegue ser ainda menos sutil do que foi Bridges no primeiro filme, alias o arco de Rhodes não faz sentido, além da mudança do ator aparentemente foi trocada também sua mentalidade e código ético. Jim jamais se voltaria contra Stark, mesmo com os erros do milionário. Mesmo em sequências de acerto, o filme teima com algumas gags desnecessárias. Após uma cena eletrizante de ação com a Viúva, há uma discussão de relação totalmente desnecessária entre Tony e Pepper, em mais um escapa cômico bobo, que ao menos, termina com outra boa cooperação entre Rhodes e Stark, contra os capangas robóticos de Hammer.
O final é um pouco piegas, além de também ter uma cena pós crédito gratuita, como foi em O Incrível Hulk, que faz referência ao próximo filme do estúdio, Thor, mas ainda assim há boas sequências de luta, e o carisma de Tony e Natasha ainda dão alguns motivos para celebrar a obra, é uma pena que os produtores tiveram pressa em lançar logo um segundo filme, pois se tivesse um roteiro um pouco menos apressado, Homem de Ferro 2 teria ainda mais méritos do que tem. Ao menos serviu para solidificar a ideia do personagem como o ponto de partida desse novo universo compartilhado, melhorando bastante o nível do que ocorreu no filme do Hulk.