Resenha | Liga da Justiça: Os Sete Sinistros
Em um tempo anterior a distribuição da Marvel e DC Comics pela Panini Comics, uma geração de leitores foi formada através dos formatinhos lançados pela Editora Abril. Edições que ainda hoje despertam nostalgia e foram significativas para os quadrinhos no país, ainda que a qualidade e o tamanho influenciavam na leitura. Em paralelo a estes lançamentos, a Mythos Editora publicava diversas edições especiais em um formato maior daquele vigente, entre o formatinho e o americano. Como a editora principal adquiria os direitos somente das revistas mensais e de certos especiais, havia espaço para concorrentes publicarem edições fechadas e arcos que a Abril considerava impopular.
Muitos destes lançamentos eram atraentes ao público devido ao formato diferenciado e ao fato de tais histórias serem fechadas, uma justificativa que motivava o leitor que reconhecia que a cronologia original necessitava, normalmente, da leitura de muitas histórias anteriores. Diversas aventuras alternativas e releituras foram publicadas no país neste conceito e, sem duvida, ajudou a Mythos a estabelecer o laço editorial que proporcionou a parceria para editar as revistas da Panini Comics.
Liga da Justiça – Os Sete Sinistros é uma dessas pérolas lançadas pela editora em 2002. Com roteiro e arte de Dan Brereton, autor de Batman: Pulp Fiction, a trama se desenvolve a partir de uma mitológica história de sete reis pré-históricos que retornam a Terra tentando dominá-la. Após ser derrotada em uma primeira investida contra tais seres, a Liga da Justiça decide aceitar a ajuda de dois espíritos irmãos também oriundos de uma época antiga.
A história breve de 52 páginas é superficial e se vale das diferenças entre os integrantes da Liga para causar um conflito inicial, marcado por frases de efeito rasteiras. Superman é o único personagem que deseja descobrir a origem dos vilões e adentra um mundo onírico para descobrir sua história, uma dessas antigas lendas de traição e poder. Com a ajuda de um espírito gêmeo que alerta os heróis sobre a destruição da humanidade, a equipe aceita um presente que seria capaz de destruí-los. Sem nenhuma justificativa do que significa o artefato, as personalidades dos integrantes se invertem, tornando-os malignos e, assim, combatendo o mal com um mal maior. A trama se apoia na carga de efeito desta transformação que, assim como foi realizada, se encerra sem nenhum drama profundo.
Os traços de Brereton são rapidamente identificados com um estilo de pintura distorcida que mais transformam as personagens em caricaturas do que compõe bonitas páginas. Todos seus personagens parecem carregar expressões exageradas, como se faltasse nuance na arte e certo senso de proporção estética. Dando-nos a impressão de que a história mais parece um exercício de um fã do que propriamente um produto oficial e licenciado pela DC Comics.
Ainda que os personagem sejam os conhecidos heróis do público, Liga da Justiça – Os Sete Sinistros é o tipo de material cuja leitura mais funciona como história absurda e motivo de riso involuntário do que uma trama para ser levada a sério mesmo como aventura, uma daquelas edições que somente leitores assíduos manterão em sua coleção.